03/12/2013    23:47hs

Arbitragem paraibana vive dias de traições e tirania

Reunião entre ex dirigente da ANAF e árbitros do quadro nacional da Paraíba teria sido gravado de forma clandestina e entregue a presidenta da FPF Rosilene Gomes

 

Recentemente, o ex-tesoureiro da FEBRAF, antiga ANAF, Salmo Valentim, esteve reunido com o quadro de árbitros RENAF – relação nacional de árbitros de futebol - da Paraíba. A reunião foi realizada no TJD onde sem precisar falar mal de ninguém o grupo reunido tratou de vários assuntos relacionados a arbitragem paraibana e nacional, entre eles o futuro da arbitragem com a profissionalização, a melhoria nas condições de trabalho, a união e o fortalecimento da categoria para futuras reivindicações.

Segundo informações, durante a reunião, Salmo teria dito que o quadro atual tem a obrigação de exterminar a escoria enraizada na arbitragem  paraibana que esta contaminando os estados da região, que lá supostamente fazem resultados e que isso respinga em todos os estados dando razão a algumas pessoas do sul do país que falam que todos os árbitros do nordeste fazem resultados.

As informações ainda constam que o dirigente disse na reunião que se souber que tem qualquer ladrão na arbitragem que se submeteu a fazer resultados para atender pedido de presidente de federação, que será o primeiro a denunciar ao MP -

Salmo na reunião com árbitros da RENAF paraibana

Foto reprodução facebook

Ministério Publico - mesmo que este árbitro seja um “satanás” com o perdão da palavra.

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Durante a reunião, alguns árbitros fizeram uso da palavra, todos eles pedindo melhorias para a arbitragem, como melhores condições de trabalho, melhores taxas e reclamaram de algumas que foram pagas com atrasos.

O árbitro Clizaldo Luiz Maroja Di Pace França (foto ao lado) teria reclamado que as taxas do campeonato, em torno de 500,00 reais, eram baixas, que os árbitros seriam obrigados a trabalharem de graça no campeonato amador do estado e que o sindicato tinha que ser mais operante. Como podemos observar, reclamações normais e justas que visam única e exclusivamente o bem da categoria.

Mas como na Paraíba em se tratando de arbitragem tudo é motivo para ameaças e perseguições, as reivindicações do arbitro teria sido o suficiente para a suposta revolta da presidenta da Federação Paraibana de Futebol, Rosilene de Araújo Gomes, que teria dito que afastaria o apitador do quadro nacional. Alias, ameaça que todos os dirigentes das federações do país costumam fazer quando querem o silencio dos seus árbitros.

A reação da presidenta se deu após esta ouvir a gravação da reunião que segundo informações teria sido gravada de forma clandestina pelo assistente Oberto Santos que estava na reunião e supostamente entregue a Rosilene pelo árbitro João Bosco Sátiro da Nóbrega, filho de um falecido ex tesoureiro da FPF.

Ao tomar conhecimento das declarações de Clizaldo, a presidente da Federação, demonstrando irritação com o conteúdo da gravação e com a presença do ex dirigente da ANAF em "seu território", teria decretado o fim da carreira do árbitro.  A dirigente teria supostamente ligado para todos os demais árbitros que pertencem ao quadro nacional – um por vez – para dar a noticia em tom de ameaças para que os mesmos não criassem problemas e questionassem o seu comando.

Se confirmado o afastamento do árbitro, a atitude ditatorial da dirigente é uma forma de tirania onde tenta reprimir com proibições e ameaças a livre participação, manifestação e reivindicações dos

 

 

Oberto Santos e João Bosco Sátiro

árbitros paraibanos.

Estamos em pleno século 21 onde não se admite mais decisões equivalentes aos praticados por senhores feudais no século XV*.

Vale informar que Salmo Valentim visitou todos os estados do Nordeste e que nenhum deles teve comportamento semelhante aos da Paraíba. Por onde passou, o dirigente da arbitragem foi bem recebido e respeitado pelos dirigentes e referenciado pelos árbitros como grande líder que busca a unidade e a melhoria para a arbitragem em geral.

Outras denuncias

A Paraíba é o estado brasileiro mais problemático em se tratando de arbitragem, ao todo seis árbitros e oito assistentes pertencem ao quadro nacional. Denuncias e suspeitas de varias irregularidades fazem parte do dia a dia do apito há vários anos, entre eles que alguns árbitros estariam sem atuar por supostamente estarem com problemas de documentos na corregedoria da CBF. Também há relatos de  vendas de resultados, venda de escalas e que os testes físicos seriam de fachada onde mesmo o árbitro sendo reprovado continua apitando normalmente. Alguns deles beirando os 50 anos de idade tornando humanamente quase que impossível a aprovação destes nos testes físicos dentro dos padrões exigidos pela CBF.

As denuncias vem de longa data sem que nenhuma atitude mais séria e capaz de solucionar os problemas tenha sido tomada pelo atual chefe do apito local Miguel Felix de "bons serviços prestados" no passado da arbitragem paraibana e que seria uma espécie de marionete nas mãos pesadas e sem dó da presidente Rosilene.

Recebendo ameaças desde 2006, em 2008 o presidente do Sindicato dos Árbitros da Paraíba (Sinafep), Genildo Januário, afirmou ter sido ameaçado de morte. O motivo seria a denúncia que fez de árbitros que ganhariam dinheiro nos bastidores para manipular os resultados das partidas (Leia).

Tempo depois, em 2010, Aldeone Abrantes, presidente do Souza, fez serias acusações em um programa ao vivo da TV Litoral, entre elas que árbitros ligavam para ele oferecendo vantagens em partidas que seu clube disputaria e ameaçavam caso o clube não aceitasse.

Veja o vídeo abaixo.

 

Em 2011, o vereador de João Pessoa, Zezinho do Botafogo (PSB), se mostrou indignado com a polêmica na arbitragem após uma partida do seu clube contra o Treze e fez uma grave denúncia, segundo ele, árbitros da Paraíba estariam sendo comprados para manipular resultados.

Veja o vídeo com os lances da partida abaixo.

 

Mensalinho

Recentemente a Revista Veja denunciou um esquema da CBF denominada de Mensalinho onde os dirigentes tem se valido de “mesadas” e “mimos” a presidentes de federações para engrossar a bancada da situação nas eleições que acontecerão em abril de 2014. Para conseguir tal apoio, a dupla Marin/Del Nero aumentou consideravelmente a “mesada” destinada às federações. Com Teixeira, os valores chegaram ao máximo de R$ 30 mil mensais. Com a nova presidência, segundo a Veja, os valores aumentaram para R$ 50 mil, mas nos últimos três meses o repasse chegou à R$ 100 mil.

Segundo matéria publicada no Blog do Paulinho, a Federação Paraibana de Futebol teria recebido 50 mil em agosto de 2006 (veja matéria).

Rosilene Gomes ocupa a presidência da FPF desde 1989. Seis reeleições e muitas controvérsias

Os presidentes de federações também têm sido agraciados com outros “mimos”. Todos foram convidados para acompanhar a Seleção Brasileira, nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, e também poderão viajar à paradisíaca Costa do Sauípe, na Bahia, com direito a acompanhante. Tudo para acompanhar o sorteio dos grupos da Copa do Mundo.

Segundo apurado, Rosilene esteve em Londres durante os jogos olímpicos com a tarefa de só torcer pela seleção brasileira. Ela e mais 11 presidentes de federações estaduais viajaram para a capital inglesa com todos os custos bancados pela CBF.

Os dirigentes foram: Coronel Nunes (Pará), Roberto Góes (Amapá), Dissica Tomaz (Amazonas), André Luis Pitta (Goiás), Carlos Orione (Mato Grosso), Francisco C. De Oliveira (Mato Grosso do Sul), Heitor Costa (Rondônia), Rosilene de Araújo Gomes (Paraíba), Evandro Barros Carvalho (Pernambuco) e Rubens Lopes da Costa Filho (Rio de Janeiro).

Leia matéria publicada na época sobre o assunto. Clique aqui.

 

* Os senhores feudais eram nobres que viveram na época da Idade Média (século V ao XV). Possuíam muito poder político, militar e econômico. Eram proprietários dos feudos (unidades territoriais) e possuíam muitos servos trabalhando para ele. Cobravam vários impostos e taxas destes servos, pela utilização das terras do feudo. Viviam em castelos fortificados e eram protegidos por cavaleiros. Os senhores feudais faziam e aplicavam as leis em seus domínios.

O outro lado:

O apitonacional entrou em contato com Rosilene Gomes, Clizaldo Luis, Miguel Felix e João Bosco para que eles se pronunciassem sobre as denuncias e até o fechamento desta matéria nenhum deles havia retornado nosso contato.

Não conseguimos contatar o assistente Oberto Santos

O espaço continuara aberto para quem foi citado na matéria.

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