Assistente paulista encerra carreira aos 36 anos

Rafael Ferreira da Silva diz que sua retirada da relação dos assistentes que trabalharão na série A1 em 2013 por parte da Comissão de Arbitragem da FPF foi por ele não trabalhar em partidas amadoras do Sindicato dos Árbitros de SP -Safesp

27/11/2012 - Na ultima semana, o assistente paulista do quadro da CBF, Rafael Ferreira da Silva (foto) anunciou sua aposentadoria da arbitragem de forma precoce, Rafael nasceu em 22 de dezembro de 1976, portanto ira completar apenas 36 anos no próximo mês e teria com certeza ainda uma promissora carreira pela frente.
   
Rafael enviou um e-mail para amigos e dirigentes da FPF intitulado: "Fecham-se as cortinas, termina o jogo". Clique no ícone e leia o e-mail em PDF.

Teria, eu disse, mas não é o que o jovem assistente pensou ao optar em encerrar a carreira no apito. Na sua carta onde anunciou que deixaria a arbitragem com cópia para os amigos e para dirigentes da FPF, ele insinuou e confirmou depois que em sua opinião, a sua não participação em jogos amadores pelo SAFESP - Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de são Paulo – teria sido o motivo principal da sua exclusão do grupo de assistentes que trabalharão no Campeonato Paulista de 2013 e conseqüentemente do quadro de arbitragem da CBF.

Para que todos possam entender, Arthur Alves Junior é Presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo e membro da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol. Mas para muitos que conhecem o dia-a-dia do departamento de arbitragem da FPF, ele seria o verdadeiro chefe do apito paulista, pois supostamente é ele quem faz as escalas dos árbitros, cabendo ao Coronel Marcos Marinho a função de ser testa de ferro e porta voz com forças suficiente para suportar as pressões dos dirigentes de clubes.

Desde que Arthur passou a acumular as funções de membro da comissão de arbitragem

da FPF e de presidente do sindicato dos árbitros - não são as únicas, pois ele também é tesoureiro da Cooperativa dos árbitros de São Paulo e secretário geral da ANAF -, nos bastidores e em off, os árbitros paulistas relatam uma possível pressão silenciosa em cima deles para que trabalhem nos campeonatos amadores do Sindicato, principal fonte de recursos da entidade dos apitadores.

Reza uma lenda no meio da arbitragem paulista que para o árbitro assistente ter êxito na função, ele tem que ser da “FIFA” que traduzido significa: “Federação Internacional dos Filhos do Arthur”.

Outras acusações

Esta não é a primeira vez que há uma insinuação que Arthur Alves estaria usando de sua influencia como dirigente da CEAF Paulista para pressionar os árbitros para que estes trabalhem nas partidas amadoras pelo sindicato. No dia 12 de janeiro deste ano, o Jornal "Marca Brasil" publicou matéria onde os ex-árbitros Davi Balsas e Jeimes Willie Catini, denunciaram que foram desligados do quadro de árbitros da FPF justamente por esse motivo. Clique no ícone PDF ao lado e leia a matéria - "Silencio em troca da ascensão na arbitragem"

“Os responsáveis pela arbitragem ganham as licitações de campeonatos amadores e a gente tem que se virar para trabalhar. Mas aí você nega e eles te desligam do sistema. Te colocam na parede para servir de exemplo aos colegas. É assim que funciona”,  disse Davi Balsas na reportagem.

Os responsáveis pela arbitragem ganham as licitações de campeonatos amadores e a gente tem que se virar para trabalhar. Mas aí você nega e eles te desligam do sistema. Te colocam na parede para servir de exemplo aos colegas. É assim que funciona”. Davi Balsas

Em posse do e-mail, o Apitonacional entrou em contato com o ex-assistente que confirmou tudo e afirmou que seria facilmente comprovado pelo vasto material e documentos em seu poder. Esses material foi enviado posteriormente para o site e estaremos publicando ao longo desta matéria os vários documentos recebidos. Vale frisar que mesmo com a pouca idade, o ex-assistente é advogado Sênior e tem grande facilidade em trabalhar com documentos.

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Também entramos em contato com o Presidente do Sindicato dos Árbitros de São Paulo, Arthur Alves Junior que disse que as declarações do ex-árbitro assistente não procedem:

“As declarações do ex-árbitro assistente não procedem. Desde abril de 2011 estou Presidente do SAFESP, e parece que o ano anterior estava tudo bem para o referido, que também naquele ano não trabalhou no Sindicato.

Devemos sim antes de transferir a outras pessoas e/ou entidades nossas deficiências, (que na maioria das vezes são momentâneas na arbitragem, claro sempre analisando a capacidade técnica de cada um), fazermos uma analise do nosso trabalho, procurando sempre reverter o quadro.
 
Trabalhar nos campeonatos amadores do nosso Estado é um privilégio de poucos que possuem o dom de ARBITRAR UMA PARTIDA, disse o dirigente.

Baseado nas informações e nos documentos enviados pelo ex-assistente, relataremos abaixo e em tópicos, as acusações e as explicações por ele ter encerrado a sua carreira.

Relação com Arthur Alves

Segundo Rafael, ele teve um bom relacionamento com o Arthur desde que o conheceu no final de 2004, quando trabalharam juntos em uma partida da série C do Campeonato Brasileiro. O ex-assistente também disse que trabalhou com Arthur na partida Ituano 1x1 Santos no dia 13/11/2004, a última partida do agora dirigente como árbitro Federado. Ele lembra que nesse dia, enquanto viajavam para Itu, Arthur recebeu pelo telefone a notícia de sua esposa que estava grávida.

Tratamento mudou

   
Embora Rafael nunca tenha se colocado à disposição para trabalhar para o SAFESP em partidas amadoras, recebeu uma mensagem da Srta. Viviane (secretaria), comunicando que ele estava escalado na Copa Kaiser no dia 29/05/2011 - Clique no ícone PDF ao lado e veja documento com a designação da escala.

Detalhe: Apesar de estar escalado um dia antes (sábado) pela FPF, Rafael cumpriu a escala no domingo para não deixar o Arthur e

o Campeonato do Safesp na mão. Porém, segundo o ex-assistente, na semana seguinte ele voltou a ser escalado, o que o levou a ter uma conversa pessoal com Arthur para ratificar as razões enviadas anteriormente via mensagem eletrônica (leia documento ao lado em arquivo em PDF). Para o ex-assistente, por ter sido “leal” em 2011, nada mudou na sua carreira na temporada de 2012.

Porém, coincidentemente após a conversa, Arthur passou a tratar o assistente com frieza e distância, a ponto de na prova teórica realizada em meados de 2012, um assistente que estava ao seu lado, percebeu a diferença de como o dirigente o cumprimentou em relação como era cumprimentado no passado.

Incentivo ou pressão?

Segundo o relato do ex-assistente, a partir da eleição de Arthur Alves Júnior, o SAFESP teria passado a pressionar seus associados Federados para trabalharem nas competições amadoras de clubes e associações para as quais a entidade oferece serviços de arbitragem.

   
Segundo a visão defendida pelo SAFESP (clique ícone PDF ao lado e veja matéria), a várzea oferece uma oportunidade de treinamento para os árbitros Federados para que os mesmos cheguem nas competições da FPF e CBF “nas pontas dos cascos”, tanto que o próprio Arthur Alves Júnior fez questão de usar sua imagem nesse sentido (Leia).

Porém, ao que parece, a real motivação do SAFESP para que os árbitros Federados atuem em jogos do futebol amador decorre do aumento da demanda no número de competições que a entidade passou a prestar serviços de arbitragem, o que, conseqüentemente, implica no crescimento da necessidade de mão de obra (Leia), e diferencial na competitividade com seus concorrentes (Leia). A grande maioria dos clubes dão preferência para o sindicato por este contar com os serviços de vários árbitros Federados com renome na arbitragem nacional e até mesmo na internacional.
 

A Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol, passou a promover os SAFESP confiando escalas de competições organizadas pela FPF (documento a esquerda) e por meio de espaço aberto nas reuniões ocorridas dentro da entidade ou entrevistas como a proferida pelo Coronel Marinho divulgada no site do SAFESP. (documento direita).

 

Com o apoio aberto da Comissão de Arbitragem ao SAFESP ficou claro para a maioria dos árbitros que o crescimento da carreira dependia do atendimento de escalas no futebol amador, em que pese as disposições do regulamento de arbitragem, razão pela qual o número de árbitros/assistentes Federados e bem graduados trabalhando para o SAFESP cresceu significativamente.

A confusão entre os interesses da Comissão de Arbitragem e o SAFESP ficou nítida com a publicação da relação dos árbitros assistentes pré-selecionados no site do SAFESP (clique no icone ao lado e veja a lista dos assistentes), sendo que essa informação até momento não foi mencionada no site da FPF.

Selecionados para a pré-temporada 2013

Dos assistentes selecionados para a pré-temporada do Campeonato Paulista de 2013 e os que trabalharam em 2012 e foram preteridos, após um estudo da lista, dos 48 nomes, observa-se que:

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1- Oito assistentes não trabalharam no Campeonato da Série A1 de 2012, e somente um deles não prestou serviços pelo menos uma vez para o SAFESP em 2012. Para comprovar, basta acessar o site do SAFESP na opção  Campeonato - Tabela e Clicar na bandeirinha.

2 - Desses, apenas dois têm menos de 33 anos e terão alguma chance de futuramente serem indicados ao quadro de árbitros da CBF, não representando um processo de renovação;

Tabela relação 2013

Clique aqui e veja tabela completa

Os números  indicam um manifesto favorecimento aos árbitros assistentes que trabalharam para o Sindicato.

A propósito, ao obter informações sobre o número de escalas no site da FPF, constata-se que os assistentes que trabalham para o SAFESP tiveram uma média de escalas durante a temporada de quase 40 jogos, enquanto os que não trabalham, tiveram uma média de escalas de 31 jogos.

Outra curiosidade pode ser observada quando se verifica que o assistente Alberto Polleto Masseira, sabidamente conhecido por trabalhar para o SAFESP, foi escalado em três finais de competições da FPF (Copa São Paulo, Segunda Divisão e Copa Paulista). Seria muita competência ou apenas mera coincidência?

Fosse o processo de classificação dos árbitros assistentes transparentes e na prática fundado em critérios objetivos, não haveria questionamento quanto ao critério de seleção. Afinal, a princípio, os melhores devem ser premiados pelo seu bom desempenho. Os torcedores, a imprensa, os dirigentes e todos os demais envolvidos no futebol querem que os principais jogos de uma competição sejam arbitrados por pessoas que provaram serem os mais capacitados.

Qualidade questionada

Quando tomou conhecimento do que disse Arthur sobre sua aposentadoria (acima), Rafael Ferreira ficou chateado e mostrou números para provar que o dirigente estava equivocado. O ex-assistente disse que durante toda sua carreira, jamais tirou menos do que nota 8,0 em uma prova teórica sendo que no ano de 2012 tirou 9,5 na CBF e 9,0 na FPF. Disse que foi aprovado em todos os testes, que seu condicionamento físico e o seu biótipo sempre estiveram dentro do padrão exigido e que sempre teve boas avaliações do seu desempenho técnico.

Segundo Rafael Ferreira da Silva, ao contrário do que afirmou Arthur Alves, não transferiu para outras pessoas e/ou entidades as suas deficiências. Pelo contrário, fez antes uma análise do seu trabalho, comparando com a dos outros assistentes. Mesmo assim, não conseguiu entender as razões de ter sido preterido para 2013, exceto pelo fato de não ter trabalhado em partidas amadoras do Sindicato (Safesp).

Rafael disse ainda que entrou em contato com a CEAF/SP após tomar conhecimento que não faria parte da primeira divisão em 2013, tendo esperado em vão por uma explicação da Comissão de Arbitragem que jamais veio (veja e-mail no documento PDF ao lado).

Outros interesses

Na sua resposta enviada sobre o assunto, Arthur Alves Junior argumentou que depois da análise do trabalho todos devem procurar reverter o quadro. Segundo Rafael, ele já passou por isso, mas a sua experiência no universo da arbitragem já provou que quando não há apoio político de quem está no comando, por maior que seja sua competência, o alcance dos objetivos fica praticamente inviável. Ele cita como exemplo o ano de 2008, que foi segundo ele, o melhor ano da sua carreira e que a tendência era que em 2009 seria um ano de consolidação do seu nome no cenário nacional. Entretanto, sua classificação no ranking da FPF caiu inexplicavelmente para a 29ª posição e que até hoje não sabe a razão.

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Pela posição no ranking, foi obrigado a fazer o teste físico da CBF na condição de primeiro suplente. Como três assistentes infelizmente não foram aprovados, sua vaga estava praticamente assegurada. Contudo, no ranking da FPF o árbitro Guilherme Ceretta de Lima, que apontava como aposta da CBF na ocasião, foi classificado na 21ª posição ficando como 3º suplente. Como não houve reprovação de árbitros no teste físico, Ceretta ficaria fora do quadro da CBF naquele ano. Porém, no apagar das luzes da definição da RENAF daquele ano, foram cortadas 3 vagas para os assistentes e aumentaram no mesmo numero as vagas dos árbitros. Conseqüentemente, Guilherme Ceretta entrou e Rafael ficou de fora só retornando em 2011, mas  não teve mais oportunidades significativas na CBF.

Conheça o ex-assistente

Rafael Ferreira da Silva nasceu em São Paulo no dia 22 de dezembro 1976, cresceu no bairro de Pinheiros e é Filho de Lendinaldo Ferreira da Silva e Alice Amélia da Silva. É casado com Jaqueline Lima de Queiroz e tem uma filha, Isabela de Oliveira Ferreira.

Em 1992 passou a trabalhar em um grande escritório de advocacia (Loeser e Portela Advogados). Apaixonado por esporte, principalmente futebol, seu sonho era fazer o curso de Esporte da USP, na época com 50 vagas preenchidas após o vestibular da FUVEST, mas nunca foi aprovado.

Em 1995, o escritório em que trabalhava, reconhecendo seu esforço e dedicação no trabalho e nos estudos, ofereceu pagar sua faculdade, desde que cursasse Direito. Diante de tamanha oportunidade, aceitou a oferta e ingressou na UNIP – Vergueiro - em agosto de 1995.

Estudar Direito abriu muitas portas, tanto que hoje continua trabalhando no mesmo escritório, como advogado sênior. Contudo, aquela vontade de trabalhar com esporte não passou e por sugestão de um colega do escritório ingressou na Escola de Árbitros Flávio Iazetti.

Seus professores foram Gustavo Caetano Rogério e Antonio Cláudio Ventura e entre seus colegas de turma, alguns obtiveram destaque no cenário nacional, entre eles Emerson Augusto de Carvalho, Rodrigo Martins Cintra, Luiz Flávio de Oliveira e Flávio Rodrigues Guerra (de quem é padrinho de casamento).

Atuou em 392 partidas sendo 56 de série A1 do Paulista, a primeira final como árbitro federado ocorreu em 24/11/2002, em jogo partida válida pelo Campeonato Paulista da Série B2 (Ecus 3 x 0 Capivariano), tendo trabalhado com Antonio Rogério Batista do Prado e Maurício Machado Ferronato.

Estreou no Campeonato Paulista da Série A1 em um sábado de carnaval, no dia 05/02/2005 (Rio Branco 3 x 2 São Caetano), com Paulo César de Oliveira e Luis Quirino da Costa.

Considerações finais

Para terminar e assim tentar encerrar de vez essa bonita historia na arbitragem, Rafael fez um breve relato resumindo tudo sobre a carreira e os motivos pelos quais encerrou a carreira.

“Tudo o que expus para você não esgota os motivos que me levaram a encerrar a carreira que tanto amava. Não fui o primeiro e nem serei o último prejudicado no meio da arbitragem que, em vários sentidos, reflete a cultura de administração de pessoas do nosso país. A mensagem que originou tudo isso foi destinada a amigos e também para a comissão de arbitragem e ao próprio Arthur. No exercício do meu direito constitucional de livre expressão do pensamento, assinando embaixo, manifestei que sou contra e expus a minha indignação quanto ao fato dos árbitros serem "pressionados" a trabalhar para o Sindicato como requisito implícito de sucesso na carreira. Disse o que muitos gostariam de falar, mas porque a pessoa do presidente do Sindicato se confunde com a do membro de comissão, a maioria se cala com medo de retaliação.

Não sou contra meus colegas trabalharem no futebol amador, embora entenda que depois que se atinge um determinado nível, se tem mais a perder do que ganhar. Pela responsabilidade que carrega e pelo tanto que é cobrado, a função de árbitro de futebol deveria ser profissionalizada, de modo que haja dedicação exclusiva, com equilíbrio de outras necessidade de um ser humano, principalmente convívio com a família. Até que me provem o contrário, nada me tirará da cabeça que minha experiência de 13 anos e bom conceito que conquistei entre os colegas que me conheceram, foram desconsiderados porque não fiz política com o Sindicato seja trabalhando nas competições para as quais presta serviço ou participando dos eventos por ele promovidos. Jamais torcerei contra a arbitragem. Todos os colegas escolhidos entram em campo para fazer o melhor e espero que o Campeonato Paulista de 2013 seja lembrado por elevado grau de excelência dos árbitros/assistentes”. Disse o ex-assistente.


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