Aristeu Tavares desdenha da comissão anterior e diz que arbitragem passa por uma "entressafra"

Chefe do apito crítica sorteio, diz que não usara renovação feitas pela comissão anterior e insinua sigilo nas decisões

11/09/2012 - O novo comandante da arbitragem brasileira, Aristeu Leonardo Tavares (foto) deu uma entrevista ao Jornal Lance no ultimo domingo, dia 09, onde aborda a crise atual que passa a arbitragem brasileira, desdenha do seu antecessor, fala sobre sua ascensão e o futuro da arbitragem em sua visão. Mesmo falando grosso e mostrando cara de poucos amigos, seu discurso foi esvaziado pela sensação passada que é apenas uma marionete nas mãos de Dionísio Domingos, o dono das respostas e o verdadeiro comandante dos apitadores.

Essa estratégia de comando duplo é a novidade trazida pelo presidente José Maria Marin para a CBF onde ele é o presidente, mas quem manda mesmo é o paulista Marco Polo Del Nero que esta por trás de todas as decisões de Marin.

A informação passada que Tavares é bem visto no meio é verdadeira, mas poderá se tornar facilmente uma via de mão única quando toma atitudes drásticas e ditatoriais procurando beneficiar aqueles mais próximos tanto de si como de Dionísio Domingos.

Abaixo a entrevista de Tavares ao Jornal Lancenet e no final, o apitonacional ira abordar os assuntos da entrevista.

Vi uma entrevista sua criticando o sorteio de arbitragem. Por quê?
Quando você precisa se submeter a uma cirurgia, você aceitaria um médico escolhido por sorteio? Não, escolheria o melhor para você.

Mas ao longo do tempo, os sorteios envolvem cada vez menos árbitros. No seu primeiro sorteio, pôs 13 árbitros para dez partidas da Série A. Ou seja, sete árbitros já estavam escalados porque apareciam nas duas colunas. Como isso pode ser tão pior que a escala?
O sorteio não envolve só isso. Muitas vezes, os melhores árbitros não podem atuar, porque estão apitando Libertadores, Eliminatórias, ou estão machucados. No fim de semana deste feriado, a Conmebol requisitou quatro árbitros FIFA e quatro assistentes. E o Evandro Roman está afastado por cauda do teste físico. Assim, a metade dos melhores está fora.

Como pretende administrar o quadro?
É preciso fazer uma renovação. Hoje temos árbitros experientes, com dificuldade de manter a forma física. E árbitros com muito vigor e pouca experiência. Vamos apostar em jovens árbitros promissores, para que daqui a alguns anos já tenham experiência e ainda tenham bastante vigor.

O quadro será remoçado?
Isso já está sendo feito. Em 2007, havia 18% de árbitros no quadro da CBF com menos de 30 anos. Hoje já quase 50% abaixo desse limite.
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Como isso será feito?
O quadro atual tem 415 árbitros e assistentes. Vou criar um subgrupo de 45, que serão os que apitarão a Série A e alguns jogos da B. Mais tarde farei mais dois subgrupos, um para a Série B e um pouco da C e o último para a Séries C e D.

E as categorias atuais, FIFA, aspirante, especial, CBF1 e CBF2?
Elas são categorias formais. Os subgrupo os têm um caráter diferente, mais flexível

   
A comissão antiga já estava fazendo um processo de renovação. O quanto desse trabalho será aproveitado?
Basicamente, nada. Vamos fazer de acordo com nossa observação. Você deve se lembrar que toda a nova comissão é formada de instrutores. (Nota da Redação: Neste ponto, Dionísio Roberto Domingos, membro da comissão, que assistia à entrevista, disse: "Nós conhecemos um por de todos os árbitros do Brasil em situação de treinamento")

Você pretende anunciar para o público quais árbitros estarão em cada subgrupo?
Não vejo nenhuma necessidade de fazer isso.

Você pretende anunciar isso pelo menos aos árbitros?
Também não. Cada árbitro saberá em que subgrupo estará, receberá todo o retorno sobre os pontos a se desenvolver e terá a certeza de que se ele fizer por onde irá progredir na carreira.

Uma das questões mais polêmicas é a transparência para o público. Pretende mostrar aos torcedores quais lances os árbitros acertou e quais não?
O regulamento prevê que em casos excepcionais o chefe da comissão

pode se manifestar publicamente. Fora disso, dependo da autorização da área de comunicação da CBF. Eu não me nego a falar, mas quero deixar claro que não procurarei a mídia para dar a posição.

Mas como se saberá posição da comissão?
Pela escala é possível ver quem ia sempre para sorteio e ficou duas, três semanas fora do sorteio.

Mas, por causa das ausências por lesão e jogos internacionais, é impossível saber olhando só as escalas, mesmo para os poucos com paciência de tabular os dados.
Quem conhece arbitragem vai ser capaz de entender.

Qual é o nível da arbitragem brasileira para você?
Não só o Brasil, como toda a América do Sul, vive um período de entressafra. Em poucos anos três grandes árbitros, Carlos Eugênio Simon, Sálvio Spínola e Leonardo Gaciba, se aposentaram. Apesar disso, acho que não estamos muito mal. Basta ver que num levantamento de 770 partidas, o número de reclamações enviadas à ouvidoria não chega nem a 5%.

É justa a crítica de que antigamente a arbitragem era melhor?
Não vejo assim. Agora há muito mais câmeras olhando os lances. Assim, aparecem mais erros. E os lances são muito mais rápidos. Os árbitros têm que estar mais bem preparados. E estão. O programa de instrutores, do qual nós três fazemos parte, dá treinamento e capacitação em todo o Brasil.

Entre a violência, a simulação e a indisciplina, qual ponto você pretende priorizar na orientação aos árbitros?
Os três são prioridade. Não vejo um acima dos outros. Vamos fazer um trabalho equilibrado.

Por que os árbitros brasileiros parecem tão mais gordos do que os de fora do país?
(NR: Resposta dada por Dionísio Roberto Domingos, a pedido de Tavares) Nos últimos anos, a FIFA passou a controlar o índice corporal dos árbitros. Há três anos a taxa de gordura estava em 23% no quadro nacional, um número muito alto. Os testes deste ano indicam que o índice caiu para 16%. Estimamos que daqui a três anos, os valores estejam dentro da expectativa da FIFA.

Árbitros com alta taxa de gordura podem ser rebaixados dentro do quadro?
(NR: Domingos continua) O índice não reprova, o que reprova é o teste físico e o teórica. Mas árbitros com índice corporal maior têm mais dificuldade de fazer o teste. Além disso, o índice é um dos componentes que levam ao ranking.

 

Foto: Tavares orienta árbitros em pré-temporada com supervisão de Dionísio Domingos

Tavares foi coronel da PM e foi à Copa-2006

O coronel Aristeu Leonardo Tavares foi um dos nomes mais respeitados da arbitragem brasileira enquanto atuou como árbitro assistente. Chegou ao máximo da carreira, atuando na Copa do Mundo de 2006.

Vários antigos colegas da Ferj o definem como uma pessoa correta e discretamente desafeto do diretor de árbitros da entidade, Jorge Rabello. Prevêem que a renovação do quadro carioca da CBF deve ser maior que a média.

Na PM do Rio, foi tenente-coronel até julho, quando se aposentou e virou coronel. Seu perfil era considerado como um misto de ação e político – tendo muitas relações dentro e fora da corporação. Por todos os motivos, ocupou cargos muito importantes, como relações-públicas da corporação, um cargo que dá muita visibilidade e muitas vezes é uma ponte para o posto de comandante-geral.

Segundo um alto oficial da PM, o coronel Leonardo, como era conhecido lá, foi um dos líderes de um grupo de oficiais que é rival daquele que ocupa o topo do comando atualmente. Por isso, ficou sem espaço para crescer e esse teria sido um dos motivos de sua aposentadoria precoce.

Na CBF, o salário de Tavares é de pelo menos R$ 35 mil, mas pode ser de o dobro disso, o que seria mais de o triplo do que recebia na PM, incluindo gratificações.

Chefe da Conaf caiu por falta de apoio

Se a nomeação de Aristeu Tavares para presidir a comissão de arbitragem não suscitou controvérsia entre os árbitros, o mesmo não se pode dizer da saída do antecessor, Sérgio Corrêa.

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Essa foi a primeira vez que um chefe da arbitragem caiu por um erro técnico, nos últimos 20 anos.

Corrêa era chefe da arbitragem paulista quando em 2005 foi convidado por Edson Resende a integrar a comissão nacional. Quando este pediu para deixar o cargo - alegando nebulosas razões de saúde nunca explicadas - Correa assumiu, mas em quatro anos jamais foi efetivado no cargo. Por sua forte atuação sindical, Corrêa sempre foi visto com alguma desconfiança pelos cartolas.

Sua cabeça foi oferecida pelo então vice-presidente da CBF José Maria Marin para acalmar as federações rebeldes que o boicotavam alegando que haveria uma "paulistização" da CBF.

Para pacificar a entidade, Marin prometeu pôr um diretor de árbitros de outro estado quando surgisse uma chance. Os problemas de saúde de Corrêa já eram uma boa razão, mas Marin precisava de um momento político oportuno. E ele ocorreu com a polêmica do gol do Santos contra o Corinthians.

Nota do apito:

Desde que Aristeu assumiu o cargo, o apitonacional tem questionado a postura do novo chefe do apito brasileiro a quem tínhamos até então como uma pessoa competente, voltada para a transparência e o respeito as leis. Sobre a sua competência poderemos falar e debater durante o tempo que permanecer na chefia do apito brasileiro, mas o respeito as leis e a transparência nos atos como presidente da Conaf, tem sido um ponto fraco e altamente nocivo a arbitragem brasileira. Leis foram criadas e regulamentos alterados na calada da noite sem respeitar o principio da anualidade (alterações só valem para o próximo ano), com as alterações passando a ter validade imediata e até mesmo de forma retroativa, fazendo lembrar os tempos da ditadura de triste lembrança para todos os brasileiros.

Sorteio dos árbitros

Na sua primeira fala, Aristeu atacou o sorteio dizendo que não se sorteia médicos para cirurgias. Eu, particularmente não vejo problemas algum em caso de necessidade, passar por uma cirurgia com o medico saindo de um sorteio, pois presumo que se é medico e esta capacitado, poderá tranquilamente fazer a cirurgia, assim também é com o árbitro, se ele faz parte da elite não ha problema algum em haver o sorteio. O sorteio não é motivo para impedir que algum árbitro seja escalado como alguns tentam afirmar, com a indicação do nome nas duas colunas, espertamente sorteia-se apenas qual partida este árbitro apitará, Aristeu Tavares vem adotando esse critério de forma mais escancarada do que o seu antecessor, pois em todos sorteios até agora desde que assumiu, usou no máximo 14 árbitros para dez jogos. Isso significa que na maioria dos jogos, ele escala o árbitro que ele quer e nos outros fica a possibilidade de 50%. Reclamar dos sorteios não vai tirar o peso da responsabilidade, pois não houve assim uma mudança tão radical desde que o sorteio foi implantado. Em São Paulo, este ano foram usados trinta árbitros por sorteio, tendo sido um dos campeonatos com menos erros de arbitragem dos últimos anos.

Obs. Nesta ultima rodada (24ª) não foi disponibilizado no site da CBF, os termos e a relação dos árbitros por coluna do sorteio, o que causou estranheza e a especulação que houve apenas dez árbitros repetidos nas duas colunas, o que seria uma forma de macular o sorteio, sorteando apenas os jogos e não os árbitros das partidas como manda o estatuto do torcedor.

Quadro será remoçado

A nova comissão vê como saída para a crise, a diminuição da idade dos árbitros, tem que renovar, é preciso, mas só isso não resolverá os problemas. Na Europa, os árbitros mais experientes apitam os principais campeonatos, é comum, nos domingos, ao zapear pela TV, vermos senhores carequinhas apitando os principais jogos das principais ligas européias. O que precisa é exigir que um critério seja seguido, de preferência, critérios da comissão e não de árbitro A ou de arbitro B. É comum os comentaristas de arbitragens informar que determinado árbitro é mais rigoroso e apita tudo enquanto o outro árbitro não marca qualquer falta, isso tem que ser combatido e exigir que todos adotem um critério único, ou pelo menos que seja próximo do desejável.

Aproveitamento do trabalho da comissão anterior

Absurda a resposta de Aristeu Tavares sobre o assunto, só para lembrar, ele mais Dionísio Domingos fizeram parte como instrutores e assessores de arbitragem da comissão anterior por vários anos, inclusive foi através de seus relatórios que novos árbitros foram usados para a renovação. Chegar agora e dizer que esse trabalho não será usado, soa estranho e sinaliza que tem algo errado. O que se espera no mínimo é que não seja picuinha ou ciúmes da comissão anterior.

Transparência

A transparência foi um pilar elogiável da comissão anterior capitaneada por Sérgio Corrêa, na sua administração, tudo era as claras e publicado no site da CBF e até mesmo informações pós teste físico eram repassados a imprensa com o preparador físico Paulo Camello de forma elogiável dizendo que tudo era as claras e que a comissão não tinha nada para esconder.

Pela jeito, essa palavra passará longe da atual comissão, muitos questionamentos não estão sendo respondidos ou dificultados ao máximo, nada se publicou sobre os trabalhos realizados na Granja Comary e para completar, não foi publicado no site da entidade, a ata do sorteio onde consta os árbitros com as colunas em que cada um foi inserido e a informação que ninguém saberá os subgrupos dos árbitros que serão criados. Prevejo tempos tenebrosos e ditatoriais em relação as informações no presente-futuro da arbitragem brasileira.


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