30/12/2016    12:36hs

Arbitragem da Série A: puxadores de cartão, juízes top 10 e cartões "bobos"

Confira seis rankings com jogadores que mais cavaram cartões, média de punições dos árbitros, atletas mais expulsos e motivos dos 1.827 cartões do Brasileirão 2016

A aplicação dos cartões foi destrinchada pela equipe do Espião Estatístico para elucidar a história do Campeonato Brasileiro 2016. Motivo de muita dor de cabeça para torcedores, jogadores e técnicos da equipe punida, o primeiro ranking traz os maiores provocadores de cartões. Na seqüência, é possível identificar aqueles que mais foram advertidos com cartões amarelos e vermelhos. Um levantamento com os motivos dessas punições também foi feito, mostrando que o agarrão foi responsável por 208 infrações na competição. Também tem os motivos considerados "bobos" para se tomar um cartão. Para

fechar, temos o top 10 árbitros que mais apitaram, com um panorama de quantos cartões cada um deles aplicou aos jogadores, divididos em amarelos e vermelhos.

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DERRUBADO! VEM CARTÃO AÍ!

Se o assunto é puxadores de cartão, não tem para ninguém na disputa. Marinho, do Vitória, leva a melhor com folga. Veloz, habilidoso e dotado de movimentação intensa, o atacante tem por característica partir para cima da defesa e, em boa parte da vezes, só é parado com falta. Os 32 cartões amarelos que renderam aos marcadores desesperados já falam por si. O segundo colocado da lista é Gabriel Jesus, muito visado pelas zagas adversárias no móvel ataque do Palmeiras ao longo da competição. Rafael Sobis fecha o top 3 com 16 advertências geradas a adversários.

A curiosidade do ranking fica por conta da presença de Dodô, lateral-direito reserva do Coritiba de 18 anos, como único representante do setor de defesa.

OUTRO AMARELO PARA ELE!

Em terceiro lugar da lista, Gabriel Jesus é praticamente um penetra. Isso porque, dos sete primeiros nomes, ele é o único atacante. À frente do jovem palmeirense, Bruno Silva e João Vitor são volantes. Entre os três que possuem dez amarelos, Airton, do Botafogo, tem bem menos jogos que os outros dois: 21. Kanu, do Vitória, e Léo, do Atlético-PR, possuem, respectivamente, 26 e 30. Se considerarmos apenas a média por partida, Joel Carli, do Bota, com 0,56, foi o mais punido.

Embora lidere o ranking de cartões vermelhos, Lucas, do Cruzeiro, não está entre os jogadores que mais foram advertidos no Brasileirão. Todas as expulsões do lateral-direito foram decorrentes do segundo cartão amarelo. A primeira aconteceu logo na primeira rodada, na derrota por 1 a 0 para o Coritiba, no Couto Pereira. A segunda foi na sétima rodada, quando a Raposa venceu o maior rival, o Atlético-MG, que tinha o mando do jogo, por 3 a 2, no Independência. Por fim, a terceira aconteceu apenas na 26ª rodada. Novamente no clássico mineiro, que dessa vez tinha mando do Cruzeiro, no Mineirão, e terminou 1 a 1. Além das ocasiões em que ele precisou deixar o jogo por decisão do árbitro, ele só sofreu mais um amarelo. No top 7 do Brasileirão, apenas Clayson, da Ponte Preta, é de uma posição ofensiva. Todos os demais são laterais ou volantes. Apenas o falecido Thiego, da Chapecoense, era zagueiro.

O QUE EU FIZ, PROFESSOR?

 

A maioria dos jogadores reage da mesma maneira sempre que o árbitro levanta o cartão: "O que eu fiz, professor?" Ou então: "Foi minha primeira falta!". Mas todo mundo sabe que não interessa se é a primeira ou a vigésima falta, o motivo fala mais alto na hora de aplicar a punição. No Brasileirão 2016, teve de tudo um pouco: cartão por reclamação, por carrinho violento, por empurrão, por atitude antidesportiva, enfim, um show de razões para os juízes meterem a mão no bolso.

O gráfico ao lado deixa claro que a maior parte dos amarelos e vermelhos da competição saem de jogadas mais ríspidas, como um calço por trás ou um carrinho temerário. O tradicional agarrão pela camisa para evitar contra-ataques também está entre as infrações mais cometidas - e punidas adequadamente. A trombada, que vem a ser aquele tranco com o corpo, por exemplo, para obstruir a passagem de um adversário, figura no top 5 também.

Os cartões por reclamação são os líderes entre os motivos não violentos para aplicação de cartões. Atitudes antidesportivas, como isolar a bola após o apito do árbitro, discussões ásperas com rivais, agressões e rodízios de faltas foram situações freqüentes no Brasileirão 2016 e geraram punições a atletas em 141 oportunidades.

 

PRA QUÊ ISSO, JOGADOR?

Sabe aqueles cartões que o jogador do seu time teima em levar por uma verdadeira bobagem que fez em campo? É reclamação, é simulação, é mão na bola, é tirar a camisa na hora do gol... Todos cartões totalmente evitáveis que tiram o torcedor do sério. Fizemos aqui um ranking dos times que mais levaram esses "cartões bobos", e o Santa Cruz ficou na frente com um número curioso: oito cartões por colocar a mão na bola - nenhum dos outros 19 clubes foi advertido mais de quatro vezes no quesito.

No outro extremo da tabela está o Fluminense, que parece evitar levar cartões sem motivo. Entre os mais punidos estão Botafogo e Cruzeiro, que detêm o recorde de advertências por reclamação no Brasileirão: total de 16.

Vale lembrar que a CBF dá uma orientação aos árbitros para punir os jogadores em algumas comemorações de gol, que possam caracterizar atitude antidesportiva, como, por exemplo, retirar a camisa do corpo ou ir celebrar junto à torcida. O único cartão do Flamengo por este motivo foi justamente o que deixou o meia Diego fora da última rodada, quando o atleta foi comemorar o gol de voleio na vitória sobre o Santos, no Maracanã, em duelo válido pela penúltima rodada do Brasileirão.

É PARA CARTÃO, HEIN, JUIZ!?

Selecionamos os dez árbitros que mais apitaram jogos do Brasileirão 2016 para fazer um recorte mais justo do rigor de cada um. Os dois juízes com menos partidas neste Top 10 foram Elmo Resende Cunha e Wagner Reway, e o primeiro foi justamente o líder em média de cartões: 5,46 por jogo. Dewson Fernando Freitas foi o segundo, mas esteve em campo oito jogos a mais que Elmo, o que faz sua média ficar mais diluída.

 

Anderson Daronco foi o árbitro que mais apitou partidas da elite na temporada: 22. Distribuiu 116 cartões, uma das três médias mais altas. Wagner do Nascimento Magalhães, por sua vez, foi quem mais aplicou vermelhos ao longo de seus 14 jogos: foram cinco, número considerado alto.

Raphael Claus, apontado como o melhor árbitro do Brasileirão, figura com a média mais baixa de cartões do ranking. Em 16 jogos, mostrou que tem por estilo administrar as situações de jogo sem necessariamente punir jogadores com cartões.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Eduardo Sousa, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, Leandro Silva, Marcio Menezes, Paula Carvalho, Roberto Maleson, Valmir Storti e Wilson Hebert.

Fonte: GE - Por Guilherme Marçal, Roberto Maleson e Wilson Hebert - Rio de Janeiro.

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