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Árbitro do Brasileiro luta contra o tráfico e coordena ocupação do Complexo do Alemão

Tenente-Coronel Djalma Beltrami Comandante do 14º BPM, o árbitro da  da batalha dos aflitos em 2005 coordenou uma equipe de 40 policiais na subida ao Complexo do Alemão na guerra contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro

AS DUAS VIDAS DE DJALMA BELTRAMI

 
01/12/2010 - A pressão de um jogo de futebol em nada se compara com a vivida por um policial que arrisca sua vida na guerra contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Djalma Beltrami sabe bem disso. Um dos árbitros mais experientes do Campeonato Brasileiro é também comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar da capital fluminense, e nas últimas semanas trabalha em tempo integral na operação de ocupação do Complexo do Alemão.

Beltrami coordenou uma equipe de 40 policiais entre os cerca de 2600 agentes que participaram da invasão ao conjunto de favelas no último domingo pela manhã e hastearam uma bandeira do Brasil no topo como símbolo do combate ao crime organizado. 

Seu grupo conseguiu apreender uma grande quantidade de drogas, armas e prendeu dois criminosos. O tenente-coronel ainda participou de um confronto com troca de tiros no local, que resultou na morte de um traficante considerado de alto escalão.

Apesar de estar sempre em perigo, ele se sente orgulhoso das conquistas no Rio de Janeiro. “Este é um momento ímpar na nossa vida. Vivemos problemas por causa de muita coisa que deixou de ser feita. Não acabamos com a criminalidade, mas mostramos que a sociedade não perde de ninguém com as forças estatais, militares e civil unidas. Agora eles sabem que a gente entra em qualquer lugar. Os marginais achavam que isso nunca ia acontecer. Eles foram covardes e correram”, disse, em referência à fuga dos traficantes diante da invasão policial na Vila Cruzeiro, na última quinta-feira.

Beltrami tem dedicado todo o seu tempo no combate ao tráfico e teve de deixar o apito de lado pelos acontecimentos recentes que dominaram o noticiário, ganharam repercussão internacional e levaram medo à população carioca. 

Desde segunda-feira (22) sua rotina foi alterada, se transformando praticamente em uma escala ininterrupta. Entre quarta-feira e sábado, não pôde sequer voltar para casa e precisou pedir dispensa junto à Comissão Nacional de Arbitragem da CBF para não ser escalado para a 37ª rodada do Campeonato Brasileiro, no último fim de semana.

Pouco antes de o caos se instalar e haver a necessidade de migração para o Complexo do Alemão, Beltrami combatia os frequentes ataques a carros e ônibus na Zona Oeste, que incluem os bairros Bangu e Realengo. A área é da responsabilidade do 14º Batalhão, engloba 139km quadrados e representa a maior população para uma única área policial do Rio de Janeiro.

Comandante do 14º BPM, tenente-coronel Djalma Beltrami coordenou subida ao Complexo do Alemão

Na função de árbitro, Beltrami expulsa jogador do Grêmio na emblemática Batalha dos Aflitos

Mesmo após o domínio da polícia e o aparente clima de tranquilidade na cidade, os momentos tensos não terminaram para o árbitro do Brasileirão. Na segunda-feira, o dia de trabalho (que durou de 9h às 23h) contou com um novo confronto no Alemão, que culminou na morte de mais um criminoso.

Na terça-feira, a primeira atividade programada era a inauguração de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora, a chamada UPP, no Morro dos Macacos em Vila Isabel. Beltrami ainda não sabe como será a rotina nos próximos meses, mas espera que aos poucos volte ao normal.

Casado com Cristiane e pai do menino Raí, ele admite que o medo é comum na vida de sua família. “Têm sido dias difíceis. Antes trabalhava impedindo os ataques e agora há confrontos aqui no Alemão. Graças a Deus, a entrada não teve derramamento de sangue, prova do profissionalismo da polícia. A família fica muito apreensiva e a gente sente receio. Mas o medo nos faz ficar vivos.”

Com tantas obrigações em prol da defesa da sociedade, a arbitragem hoje é secundária. Desde que assumiu o batalhão, há cerca de dois anos, as responsabilidades como Militar aumentaram e os jogos no meio da semana tiveram que ser interrompidos. O ofício nos campos se tornou um hobby e um incremento no orçamento do fim do ano.

“Minha condição de Militar sempre me obrigou a ter bom condicionamento físico e o futebol é uma paixão. Mas tenho o policial dentro de mim. A arbitragem não paga as minhas contas. Serve para comprar algo a mais, trocar o carro no fim do ano...”, avalia.

Assim como no trabalho da polícia, Beltrami diz não gostar de missões fáceis no campo e considera que um emprego ajuda o outro. “Não gosto de jogo fácil. Não precisa ser o mais importante, mas são os difíceis que me dão satisfação. E aprendo muito como policial porque não há momento para o erro, pode ser fatal e custar uma vida. No campo há pressão, mas o erro do árbitro gera apenas polêmicas. Creio que lido bem com esse tipo de coisa.”

ALGUMAS DAS POLÊMICAS EM CAMPO

 

DJALMA NA SÉRIE A DE 2010

 
Santos 2 x 3 Atlético Mineiro - Brasileirão 2009
Terminou a partida antes do tempo de acréscimo de 4 minutos. Reiniciou o jogo e ainda anulou um gol, que seria o empate santista, no último lance

Palmeiras 3 x 2 Goiás- Brasileirão 2010
O atacante Kleber se sentiu injustiçado por receber o cartão amarelo e criticou as atitudes do juiz, o chamando de autoritário e 'horrível'.

Batalha dos Aflitos - Série B 2005
Expulsou quatro jogadores do Grêmio e assinalou dois pênaltis a favor do Náutico no duelo marcado pela superação dos gaúchos para voltar à Série A
   
30/10 - Palmeiras 3 x 2 Goiás

17/10 - Flu 0 x 0 Botafogo

29/08 - Atlético-PR 1 x 1 Grêmio

07/08 - Guarani 4 x 1 Avaí

07/06 - Inter 1 x 1 Palmeiras

09/05 - Avaí 6 x 1 Grêmio-PP
Luiza Oliveira - Uol - São Paulo

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