04/07/2016    08:01hs

CBF adota medidas inócuas para a arbitragem

 

 

A CBF está desesperada, perdeu o controle da gestão da arbitragem e, querendo jogar para a "galera", adotou medidas que nada vão melhorar a arbitragem brasileira.

 
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1-GRUPO DE ANÁLISE INDEPENDENTE
O português Vitor Pereira e os brasileiros Cláudio Cerdeira e José Roberto Wright são ex-árbitros de notável conhecimento e reputação ilibada, são competentes e capazes de gerir a arbitragem brasileira. Questiono a independência deste grupo. Se foram convidados pela direção da CBF, terão independência, mas se foram indicados pelo atual chefe do apito, o que tudo indica, a tão desejada independência não acontecerá. A ideia é ótima e com nomes excelentes, mas a forma do trabalho ainda não é clara e pode cair no mesmo vício da atual estrutura, na qual já tem Corregedoria e Ouvidoria com cargos ocupados por pessoas indicadas pelo chefe do apito. A CBF passa a ter a maior estrutura da arbitragem que já vi em uma Confederação:

COMISSÃO DE ARBITRAGEM
ENAF-ESCOLA NACIONAL DE ARBITRAGEM
DEPARTAMENTO DE ARBITRAGEM
CORREGEDORIA
OUVIDORIA
COMISSÃO DE ANÁLISE (novo)

E o pior, a CBF não tem árbitros. Os homens do apito são "emprestados" pelas Federações. Esta seria a verdadeira e necessária mudança: a CBF formar e ter o seu próprio quadro de árbitros.

 

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2-TRIO FIXO
Não serve para nada em um campeonato de 38 rodadas. É excelente em uma Copa, um torneio curto, como adotado pela Fifa após a trágica arbitragem no mundial de 2002. Mas lá o problema era de idioma. Árbitro russo trabalhando com bandeira francês, outro panamenho, e o quarto árbitro chileno, só confusão. A partir daí, a Fifa adotou o trio fixo do mesmo país.

No futebol brasileiro isso não funciona e já foi experimentado por federações. O ideal é um grupo de três árbitros com seis Assistentes e fazer o rodízio dentro deste grupo. Adotar trio fixo traz muitos problemas: quando um integrante da equipe estiver lesionado, como vai fazer? Quando um integrante da equipe pedir dispensa por trabalho, como vai fazer? Quando um errar, vai punir todos? Como trabalhar a formação do árbitro para o futuro? Um árbitro experiente pode trabalhar com um assistente iniciante - e ajudar na formação - e um assistente de Copa do Mundo, com ótimo curriculum ajuda na formação de um árbitro.

O trio fixo cria injustiças e gera desmotivação na carreira, prejudicando o desenvolvimento de novos talentos.

Implantar esta medida me parece coisa de iniciante, que está chegando agora no futebol e na arbitragem. Já foi provado que não funciona.

3-NOVA MODALIDADE DO SORTEIO
A CBF foi na contramão da arbitragem mundial e verdadeiramente está dando uma de "Pôncio Pilatos". O novo modelo de sorteio será utilizado como resposta a qualquer reclamação por parte dos clubes. Colocar 20 nomes de árbitros nos potes para o sorteio é coisa de preguiçoso. Credibilidade não se ganha com sorteio e sim com trabalho e pessoas honestas. A CBF vai "lavar as mãos" nas escalas.

Tem jogo fácil e jogo difícil. Tem árbitro experiente, em formação e iniciante. Adequar a dificuldade do jogo ao momento profissional do árbitro exige trabalho. A nova forma do sorteio é deixar de trabalhar.

4-PREMIAÇÃO
Bônus é bom e necessário em toda atividade profissional. Mas apitar futebol não é uma corrida de 100m, em que ganha quem chega em primeiro. Tem jogo fácil e tem jogo difícil. Tem jogo que acontece um lance de grande decisão e tem jogo que não acontece nada. A premiação vai criar mais injustiça. A verba poderia ser utilizada para melhores condições de trabalho aos homens do apito: viagens confortáveis, melhores refeições, suplemento alimentar, fisioterapia, médicos, academia e muito mais coisas que melhoraria a performance no campo.

Nota do Apitonacional

O Apitonacional concorda em parte com as colocações feitas acima no texto extraído do Blog do ex-árbitro FIFA Sálvio Spinola.

 

Entendemos que Sérgio Corrêa perdeu o controle do seu projeto de arbitragem que iniciou quando foi convidado para auxiliar o então presidente da CA-CBF Edson Resende. Projeto esse memorável e altamente elogiável se compararmos a organização, a transparência e os números antes em outras gestões e agora na sua frente à Comissão Nacional de Arbitragem.

 

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Mas até mesmo um gênio comete seus erros e eles aliado a uma teimosia com ‘certos’ árbitros sem qualidade, verdadeiras árvores sem fruto, levaram à arbitragem a beira de um precipício onde medidas emergenciais para desviar o foco são anunciadas como a salvação da lavoura, mas de ante mão já é sabido que elas por si só não vão salvar nada!

No máximo vão adiar uma decisão bem mais abrangente que se faz necessário com urgência que inclui a meritocracia em todos os níveis, inclusive na CA-CBF, a mudança na captação dos árbitros nos cursos – trazer de volta os árbitros de vocação e não modelos de olhos verdes e candidatas para revistas masculinas como tanto gosta o presidente da casa - o fim do apadrinhamento nas escalas que deve ser feita sem que a economia seja um peso mais importante que as qualidades do árbitro.

Com a alta premiação aos melhores, a punição aos piores deve ser adotada para equilibrar a balança com rebaixamento de categoria e punição aos erros repetitivos, mas punição de verdade e não as supostas reciclagens fajutas onde a CA-CBF brinca que pune e os árbitros fingem que cumprem a punição. Na verdade, alguns são até mesmo premiados com jogos em divisões menores ou até mesmo em jogos da série A longe dos holofotes da imprensa.

O erro que cobramos punição não é o de jogo passível para qualquer ser humano, mas sim o erro que muda o resultado da partida, o erro absurdo que muitos árbitros cometem repetidamente na carreira e mesmo assim continuam sendo escalados deixando a sensação de impunidade ou apadrinhamento. Tem uns ai que tem carta branca para errar e continuam nas escalas. Isso entra ano sai ano e o protegido continua ocupando espaço que poderia ser de outro que teria oportunidade de mostrar suas qualidades.

Tivesse alguns árbitros mesmo desempenho em uma empresa que tem em campo e dificilmente passariam do período de experiência, então porque na arbitragem tem que ter paternalismo e passar a mão na cabeça mantendo no quadro por décadas árbitros sem qualidades para desempenhar a função!

As medidas acima anunciadas é uma clara interferência da direção da CBF na arbitragem nacional. Todas elas saíram da cabeça de Marco Polo Del Nero que as implantou em São Paulo e com exceção da premiação com critérios duvidosos que deixaram alguns árbitros em ótima situação financeira, nenhuma delas trouxe qualquer ganho de qualidade à arbitragem paulista que é hoje uma das mais velhas deste país.

Por fim o Apitonacional entende que as medidas não passam de perfumaria ou até mesmo mais uma resposta aos clubes, a imprensa e aos torcedores de que alguma coisa está sendo feita para melhora a arbitragem brasileira. Também é um recado e bem claro ao chefe do apito, Sérgio Corrêa e sua trupe, que desta vez tem seu cargo realmente ameaçado.

Com informações de Sálvio Spinola – ESPN Brasil

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