A CBF está
desesperada, perdeu o controle da gestão da arbitragem e, querendo
jogar para a "galera", adotou medidas que nada vão melhorar a
arbitragem brasileira.
1-GRUPO DE ANÁLISE INDEPENDENTE
O português Vitor Pereira e os brasileiros Cláudio Cerdeira e José
Roberto Wright são ex-árbitros de notável conhecimento e reputação
ilibada, são competentes e capazes de gerir a arbitragem brasileira.
Questiono a independência deste grupo. Se foram convidados pela
direção da CBF, terão independência, mas se foram indicados pelo
atual chefe do apito, o que tudo indica, a tão desejada
independência não acontecerá. A ideia é ótima e com nomes
excelentes, mas a forma do trabalho ainda não é clara e pode cair no
mesmo vício da atual estrutura, na qual já tem Corregedoria e
Ouvidoria com cargos ocupados por pessoas indicadas pelo chefe do
apito. A CBF passa a ter a maior estrutura da arbitragem que já vi
em uma Confederação:
COMISSÃO DE
ARBITRAGEM
ENAF-ESCOLA NACIONAL DE ARBITRAGEM
DEPARTAMENTO DE ARBITRAGEM
CORREGEDORIA
OUVIDORIA
COMISSÃO DE ANÁLISE (novo)
E o pior, a
CBF não tem árbitros. Os homens do apito são "emprestados" pelas
Federações. Esta seria a verdadeira e necessária mudança: a CBF
formar e ter o seu próprio quadro de árbitros.
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O
português Vitor Pereira, 58 anos, contestado em seu país é a
salvação da arbitragem brasileira |
2-TRIO FIXO
Não serve para nada em um campeonato de 38 rodadas. É excelente em
uma Copa, um torneio curto, como adotado pela Fifa após a trágica
arbitragem no mundial de 2002. Mas lá o problema era de idioma.
Árbitro russo trabalhando com bandeira francês, outro panamenho, e o
quarto árbitro chileno, só confusão. A partir daí, a Fifa adotou o
trio fixo do mesmo país.
No futebol brasileiro isso não funciona e já foi experimentado por
federações. O ideal é um grupo de três árbitros com seis Assistentes
e fazer o rodízio dentro deste grupo. Adotar trio fixo traz muitos
problemas: quando um integrante da equipe estiver lesionado, como
vai fazer? Quando um integrante da equipe pedir dispensa por
trabalho, como vai fazer? Quando um errar, vai punir todos? Como
trabalhar a formação do árbitro para o futuro? Um árbitro experiente
pode trabalhar com um assistente iniciante - e ajudar na formação -
e um assistente de Copa do Mundo, com ótimo curriculum ajuda na
formação de um árbitro.
O trio fixo
cria injustiças e gera desmotivação na carreira, prejudicando o
desenvolvimento de novos talentos.
Implantar esta
medida me parece coisa de iniciante, que está chegando agora no
futebol e na arbitragem. Já foi provado que não funciona.
3-NOVA MODALIDADE DO SORTEIO
A CBF foi na contramão da arbitragem mundial e verdadeiramente está
dando uma de "Pôncio Pilatos". O novo modelo de sorteio será
utilizado como resposta a qualquer reclamação por parte dos clubes.
Colocar 20 nomes de árbitros nos potes para o sorteio é coisa de
preguiçoso. Credibilidade não se ganha com sorteio e sim com
trabalho e pessoas honestas. A CBF vai "lavar as mãos" nas escalas.
Tem jogo fácil
e jogo difícil. Tem árbitro experiente, em formação e iniciante.
Adequar a dificuldade do jogo ao momento profissional do árbitro
exige trabalho. A nova forma do sorteio é deixar de trabalhar.
4-PREMIAÇÃO
Bônus é bom e necessário em toda atividade profissional. Mas apitar
futebol não é uma corrida de 100m, em que ganha quem chega em
primeiro. Tem jogo fácil e tem jogo difícil. Tem jogo que acontece
um lance de grande decisão e tem jogo que não acontece nada. A
premiação vai criar mais injustiça. A verba poderia ser utilizada
para melhores condições de trabalho aos homens do apito: viagens
confortáveis, melhores refeições, suplemento alimentar,
fisioterapia, médicos, academia e muito mais coisas que melhoraria a
performance no campo.
Nota do
Apitonacional
O
Apitonacional
concorda em parte com as colocações feitas acima no texto extraído
do Blog do ex-árbitro FIFA Sálvio Spinola.
Entendemos
que Sérgio Corrêa perdeu o controle do seu projeto de arbitragem que
iniciou quando foi convidado para auxiliar o então presidente da
CA-CBF Edson Resende. Projeto esse memorável e altamente elogiável
se compararmos a organização, a transparência e os números antes em
outras gestões e agora na sua frente à Comissão Nacional de Arbitragem.
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Ex-árbitro Leonardo
Gaciba quatro vezes melhor do Brasileirão teria
embolsado uma boa grana |
Mas até
mesmo um gênio comete seus erros e eles aliado a uma teimosia com
‘certos’ árbitros sem qualidade, verdadeiras árvores sem fruto,
levaram à arbitragem a beira de um precipício onde medidas
emergenciais para desviar o foco são anunciadas como a salvação da
lavoura, mas
de ante mão já é sabido que elas por si só não vão salvar nada!
No máximo vão adiar uma decisão bem mais abrangente
que se faz necessário com urgência que inclui a meritocracia em
todos os níveis, inclusive na CA-CBF, a mudança na captação dos
árbitros nos cursos – trazer de volta os árbitros de vocação e não
modelos de olhos verdes e candidatas para revistas masculinas como
tanto gosta o presidente da casa - o fim
do apadrinhamento nas escalas que deve ser feita sem que a economia
seja um peso mais importante que as qualidades do árbitro.
Com a alta
premiação aos melhores, a punição aos piores deve ser adotada para
equilibrar a balança com rebaixamento de
categoria e punição aos erros repetitivos, mas
punição de verdade e não as supostas reciclagens fajutas onde a
CA-CBF brinca que pune e os árbitros fingem que cumprem a punição.
Na verdade, alguns são até mesmo premiados com jogos em divisões
menores ou até mesmo em jogos da série A longe dos holofotes da
imprensa.
O erro que
cobramos punição não é o de jogo passível para qualquer ser humano,
mas sim o erro que muda o resultado da partida, o erro absurdo que muitos árbitros
cometem repetidamente na carreira e mesmo assim continuam sendo
escalados deixando a sensação de impunidade ou apadrinhamento. Tem
uns ai que tem carta branca para errar e continuam nas escalas. Isso
entra ano sai ano e o protegido continua ocupando espaço que poderia
ser de outro que teria oportunidade de mostrar suas qualidades. Tivesse
alguns árbitros mesmo desempenho em uma empresa que tem
em campo e dificilmente passariam do período de experiência, então
porque na arbitragem tem que ter paternalismo e passar a mão na
cabeça mantendo no quadro por décadas árbitros sem qualidades para
desempenhar a função!
As medidas
acima anunciadas é uma clara interferência da direção da CBF na
arbitragem nacional. Todas elas saíram da cabeça de Marco Polo Del
Nero que as implantou em São Paulo e com exceção da premiação com
critérios duvidosos que deixaram alguns árbitros em ótima situação
financeira, nenhuma delas trouxe qualquer ganho de qualidade à
arbitragem paulista que é hoje uma das mais velhas deste país.
Por fim
o Apitonacional entende que as
medidas não passam de perfumaria ou até mesmo mais uma resposta aos
clubes, a imprensa e aos torcedores de que alguma coisa está sendo
feita para melhora a arbitragem brasileira. Também é um recado e bem
claro ao chefe do apito, Sérgio Corrêa e sua trupe, que desta vez
tem seu cargo realmente ameaçado.
Com informações
de Sálvio Spinola – ESPN Brasil
Apitonacional, compromisso só com a verdade! |