O dia 8 de Novembro de 1992, marcou o futebol pernambucano, quando a
caruaruense Maria Edilene Siqueira, entrou no gramado da Ilha do
Retiro e apitou o clássico Sport Recife 0x1 Santa Cruz, quebrando um
tabu de setenta e sete anos, pois jamais havia tido notícia que uma
mulher apitara um jogo de futebol masculino, muito menos, um
clássico do futebol profissional pernambucano, rodeado de tamanha
rivalidade e pressão em desfavor da mediadora. Todavia, Maria
Edilene demonstrou calma, competência e rigidez, marcando em cima do
lance e não admitindo indisciplina e quem pensou que era blefe da
arbitragem, acabou expulso, foi o caso do atleta do Santa Cruz,
Malhado.
Outro episódio marcante na carreira de Maria Edilene, que na ocasião
bandeirava, ocorreu no dia 10 de Novembro de 1993, no Pacaembu (SP),
jogavam Corinthians- SP e Cruzeiro-MG pela Copa do Brasil, quando
aos 44 minutos do 2º tempo, Rivaldo (aquele mesmo que jogou no Santa
Cruz e foi o melhor do mundo em 99) recebeu um lançamento pela
esquerda e fez o gol da vitória do timão e da desclassificação dos
cruzeirenses, que ficaram atônitos e desesperados quando perceberam
que Maria Edilene corria em direção a linha de meio de campo,
evidentemente validando o gol. Os jogadores do Cruzeiro cercaram a
bandeirinha e o jogador Nonato, covardemente a atingiu com um chute
na perna. Esse jogo foi o assunto da semana em todo país e Maria
Edilene, o centro das atenções. Mais o tira- teima não deixou
dúvida, e mostrou que ela estava certa.
Maria Edilene Siqueira, que é policial civil, jogou futebol feminino
no time das “Coloridas”, representando o Santa Cruz, como não
entendia nada das regras do futebol, certo dia seu treinador lhe
presenteou com um livro sobre técnicas e regras do futebol do autor
e especialista no assunto Leopoldo Santana. Despertando assim, seu
desejo em ser arbitra de futebol e escrevendo-se no curso de
arbitragem da FPF, iniciando sua carreira em 1983, e no início dos
anos 90, ascendia ao quadro profissional, daí por diante sua
carreira decolou.
Em 1992, Maria Edilene passou a integrar o quadro de árbitros
profissionais da Federação Pernambucana de Futebol, quando também
entrou para o quadro nacional e passou a comandar jogos em todo o
país. Sua fama de disciplinadora em campo ganhou corpo e ela
integrou o quadro da FIFA por oito anos (1996/2004). Como árbitra
internacional representou o Brasil no campeonato feminino na Suécia,
em 1995 e nos Estados Unidos em 1999.
Maria Edilene de Siqueira Barreto, nome comum, profissão árbitra de
futebol. Há 15 anos esta pernambucana driblou os preconceitos e se
inseriu numa atividade predominantemente masculina. Seu interesse
pelo esporte começou quando estudante do 2º grau, participava de um
torneio feminino no Instituto Estadual de Pernambuco (IEP). Ela
comenta que não entendia a marcação da arbitragem e surgiu o
interesse pelas regras do futebol. Edilene foi aprovada no concurso
de árbitros da FPF, hoje pertence ao quadro da Confederação
Brasileira de Arbitragem e à FIFA.