28/06/2015    07:01hs

Portugal: Patrocínio nas camisas dos  árbitros pode render até 500 mil euros anual

A APAF, entidade dos árbitros que passou a gerir os direitos de publicidade   nos uniformes, diz ter três interessados e espera acordo para breve

A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) diz ter três interessados em patrocinar as camisas dos árbitros na próxima temporada e espera chegar, em breve, a um acordo, com uma delas.

A informação foi confirmada por José Fontelas Gomes, presidente do organismo que, após acordo com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), passou a gerir os direitos de publicidade nos equipamentos dos árbitros. Fontelas Gomes espera uma receita anual entre 400 mil e 500 mil euros para a APAF, que irá, depois, distribuir esta verba entre os seus associados.

“Já temos três empresas interessadas no patrocínio. Foram apresentadas algumas obrigatoriedades e esperamos uma resposta num curto período de tempo”, revelou Fontelas Gomes, sem dizer quais são as empresas em questão e referindo que, sem haver restrições quanto ao tipo de parceiro ideal para a APAF, será “o mais adequado à arbitragem, uma empresa com nome, com princípios e com valores”. O líder da APAF revela, no entanto, que espera uma receita “aproximada” ao “histórico do que

foram os patrocínios anteriores”, sendo que uma das empresas que manifestou interesse “quer fazer um contrato de três anos”.

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Este foi um dos pontos acordados com a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), depois que em abril deste anos os árbitros ameaçaram fazer greve se não lhes fosse paga uma verba de aproximadamente 350 mil euros em função de um acordo estabelecido entre as duas partes em 2005, ano em que os uniformes dos árbitros começaram a ter patrocínio. Através desse acordo, os árbitros entendiam ter direito a uma parte do patrocínio da empresa de telecomunicações NOS que Luís Duque trouxe para a Liga a partir de fevereiro deste ano e que também passou a aparecer numa das mangas dos árbitros durante a segunda metade da ultima  temporada.

José Fontelas Gomes - Presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF)

A LPFP (Liga Portuguesa de Futebol Profissional), organismo liderado por Luís Duque, que está no cargo desde outubro de 2014, acabou por ceder o pagamento dessa verba em prestações, acompanhando essa medida com a entrega da gestão dos patrocínios dos árbitros à APAF, e a greve – que iria abranger as cinco últimas rodadas dos campeonatos profissionais - acabou por não acontecer. As verbas adquiridas com este patrocínio irão ser distribuídas, não só aos árbitros dos campeonatos profissionais, mas também aos “quartos árbitros que, normalmente, são árbitros do quadro da federação” - frisou Fontelas Gomes.

Patrocínio

Os árbitros portugueses começaram a ter patrocínio em 2005, ainda no tempo de Valentim Loureiro no cargo, sendo que, até ao final da temporada 2011-12, o único patrocinador foi a ERA, empresa do setor imobiliário. Na temporada seguinte, o patrocínio foi dividido com a SABSEG, empresa de mediação de seguros. Nos anos em que esse patrocínio existiu, atingiu-se o valor mais alto na temporada 2006-07, com uma verba de 660 mil euros, sendo que o valor mais baixo verificou-se na temporada 2012-13, com apenas 225 mil euros. No total, a liga já arrecadou 3,56 milhões de euros, com uma parte substancial destinada diretamente aos árbitros.

 

Nas duas últimas temporadas, não houve nenhuma empresa patrocinando os equipamentos dos árbitros, sendo que a Liga Portuguesa de Futebol Profissional continuou pagando uma comissão aos árbitros por essa publicidade. A liga estima que tenha tido um prejuízo superior a um milhão de euros nestes últimos anos sem patrocínio, sendo que no último ano de patrocínio da ERA, com a SABSEG, a verba arrecadada era inferior ao que a liga entregava aos árbitros. Na perspectiva da liga, é uma despesa que deixa de existir, para os árbitros é uma potencial fonte de receita que se abre.

Nota do Apitonacional

Como podemos ler na matéria acima, em Portugal, os árbitros recebem, desde 2005, porcentuais sobre os valores dos patrocínios estampados em seus uniformes. E o que já era bom, vai ficar melhor ainda, pois a partir deste ano, os valores serão todos eles administrados pelo órgão da categoria, neste caso, a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF). Mas não pensem que foi tudo de graça, nossos patrícios, a principio dialogaram, mas como não houve negociação, enfrentaram os dirigentes e usaram até mesmo seu direito a greve para forçar o acordo. O resultado foi altamente satisfatório para todos.

Para a próxima temporada os valores esperados giram na casa dos 500 mil euros anual, algo em torno de 1,75 milhão de reais na cotação do euro deste domingo. A publicidade nos uniformes é dentro dos regulamentos de arbitragem da FIFA que no artigo 15 diz que tem que ser nas mangas das camisas e não pode exceder 200 cm². Nada de outdoors como aqui no Brasil onde as camisas e calções se tornaram placas de publicidades.

Exemplo de árbitro outdoor - Publicidades nas mangas, peito, costas e calções

Diferentemente do que ocorre em Portugal e na maioria dos países do velho continente, aqui no Brasil, a CBF e as Federações Estaduais, vendem os espaços disponíveis nas camisas e calções e com os valores arrecadados pagam todas as despesas da arbitragem, entre elas treinamentos, taxas, viagens e diárias. Ou seja, paga o árbitro com o dinheiro arrecadado por ele mesmo.

Segundo informações não oficiais, a CBF arrecada algo em torno de seis milhões de reais ano com publicidade nas camisas dos árbitros (Penalty que coloca sua marca e subloca SKY e Semp Toshiba). Desses valores, não repassa nenhum real ao árbitro e da apenas uma ajuda de custo - algo em torno de 15 mil reais mês (pode passar para 45 mil) à Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF).

Só a titulo de informação, esta mesma CBF que economiza até mesmo com as passagens aéreas dos árbitros colocando eles em vôos noturno, repassa cerca de 100 mil reais mês a cada federação e ainda paga um salário de 15 mil aos presidentes destas federações.

Culpa da CBF? Não! Culpa dos próprios árbitros que são desunidos, só pensam em escalas e não movem uma palha sequer em lutas pelos seus direitos. Culpa também dos dirigentes da arbitragem que em 99% são atrelados às entidades com algum tipo de vinculo que o impossibilita de buscar e até mesmo exigir o que é de direito da categoria com paralisações se preciso for.

Quem sabe um dia, todos da arbitragem descubram a força que tem como nossos irmãos portugueses descobriram há mais de uma década. Enquanto isso, os dirigentes dão risadas e estão cagando e andando para as reivindicações da categoria.

Com informações: Publico

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