Cobrando caro
O grande impasse na gestão ‘Afonso Vitor' começou quando uma taxa de inscrição
anual de R$ 175,00 cobrada dos 320 árbitros existentes no Estado teve seu
destino alterado. O total dos valores, que chega a R$ 56 mil, deixará de ser da
associação e agora vai para os cofres da FPF.
Por causa dessa taxa, de acordo com os apitadores, desde janeiro deste ano, uma
mensalidade anual de R$ 240,00 passou a ser cobrada pela associação dos
árbitros, também presidida por Afonso Vitor. "Ouvimos a ameaça da comissão de
arbitragem dizendo que aqueles que não pagassem em dia as inscrições e as
mensalidades ficariam fora da escala", protestou um dos árbitros da FPF, que não
quis se identificar para não sofrer represália depois.
O fim de direitos conquistados antigamente, como viajar em ônibus leito em dias
de jogos em outras cidades e o valor único das diárias, também são contestados
por apitadores. "Outro dia, em um jogo no interior, cheguei a ter que pagar
parte das despesas com a minha taxa de arbitragem", lamenta o árbitro anônimo.
Procurado para falar sobre a cobrança das taxas e a perda de direitos da classe,
o presidente da FPF, Hélio Cury, afirmou que problemas de arbitragem não são de
sua alçada. Questionado sobre a dupla presidência de Afonso Vitor de Oliveira, o
cartola apenas respondeu: "Se ele é o mesmo, quem é conivente é o pessoal que
aceita".
Afonso Vitor de Oliveira, por sua vez, ressaltou que as taxas, a perda de
direitos dos árbitros e a dupla presidência são um assunto interno. "Isso não é
da imprensa".
Pra onde vai a grana?
Até a 3ª rodada da 2ª fase do Paranaense 2010, a Comissão de Arbitragem recebeu
cerca de R$ 80.00 mil. Os valores são referentes aos 2% cobrados após o apito
final de cada jogo em benefício da nominada comissão. Com todas as suas contas
bloqueadas pela Justiça, a Federação Paranaense de Futebol não pode receber
absolutamente nada. O ex-árbitro Valdir Bicudo, comentarista da Tribuna do
Paraná e do Site www.parana-online.com.br, questiona onde esse dinheiro é
deposito e afirma com todas as letras. Na conta da Associação, em pequenas
parcelas, para se livrar dos impostos, já que a comissão não é entidade jurídica
e é vedado a a ela receber qualquer provento. Procurado pela reportagem, Afonso
Vitor de OLiveira não se pronunciou sobre o assunto.
Comprar o meião virou lei
A obrigação da compra de um meião com a estampa de um patrocinador da Comissão
de Arbitragem gerou discórdia entre os árbitros. Não pelos valores mas sim pela
obrigação de pagar por algo que na teoria gera receita para a entidade.
Segundo um árbitro recém formado que omitimos o nome por precaução as ameaças
são constantes: - "É Fogo, não sei como ajudar! As ameaças quanto a cortar
escalas é constante. Cobraram 10 reais de um meião da FAG, todos ficaram
indignados não pelo valor mas por pagar uma coisa com patrocínio! Os recém
formados árbitros que gastaram em media dois mil reais no curso receberam
uniformes usados, mofados ... todos com o patrocínio da FAG de anos anteriores.
Claro estamos começando, mas já sentimos o peso da mão da Federação em nossos
bolsos".
Eleição antecipada
Apesar da eleição da Associação de Árbitros de Futebol do Paraná estar
inicialmente prevista para este mês, Afonso Vitor de Oliveira segue no comando
até o final de 2010. Isso porque o último jantar de confraternização dos
apitadores, no dia 12 de dezembro do ano passado, foi "transformado" em
assembléia de votação.
Enquanto os árbitros bebiam e comiam, o presidente aproveitou para pedir a
palavra e dizer: "Não existem condições de realizar as eleições agora em abril.
Por isso, permaneço na presidência até dezembro".
A surpresa e o medo na hora do anúncio desmobilizaram todos os presentes. "Eu
acho errado. Mas como todos nós somos subordinados a um comando só, muitos temem
represálias. Dizem amém. A verdade é que poucos têm a coragem de responder ele",
lamentou um árbitro presente no evento.
No mesmo jantar, Afonso Vitor teria supostamente avisado aos árbitros que alguns
repasses financeiros seriam feitos pela Associação dos Árbitros para a Federação
Paranaense de Futebol.
Ao falar sobre a legalidade na forma como ocorreu a "prorrogação" de seu mandato
na associação e sobre as transferências de valores, Afonso fez pouco caso. "Qual
o interesse com isso? Já faz cinco meses que isso ocorreu".