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Presidente da Comissão de Arbitragem do Paraná é criticado

O ex-árbitro Afonso Vitor acumula os cargos de presidente da comissão de arbitragem e da Associação dos Árbitros

 
11/04/2010 - Há cerca de 20 anos, o então árbitro Afonso Vitor de Oliveira chegou a ser visto pelos apitadores do Paraná como um dos principais defensores de sua classe. Hoje, acumulando o cargo de presidente da comissão de arbitragem da Federação Paranaense de Futebol e da Associação dos Árbitros de Futebol do Paraná, o consenso é outro.
 
Árbitros e representantes da classe questionam o fato de Afonso ao mesmo tempo figurar no comando da entidade que ele mesmo ajudou a criar para defender o interesse dos apitadores e da comissão que oficialmente existe para seguir normas da federação.

"O Afonso Vitor de Oliveira, que ajudou a conquistar muitas coisas, está deixando tudo que foi conquistado se perder", ataca o presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Paraná, Airton Nardelli.

O sindicato, no entanto, não tem reconhecimento unânime entre os apitadores e também é deixado de lado pela FPF. Boa parte dos árbitros acredita que a associação é a verdadeira representante da classe. No entanto, todos os procurados questionam a "dupla presidência" de Afonso Vitor de Oliveira.

"Precisamos de alguém isento para defender os árbitros e até puni-los se for necessário. Se o árbitro faz coisa errada, a associação não deve passar a mão na cabeça. Mas é preciso ter alguém claramente imparcial para defender os direitos da categoria", disse um árbitro, pedindo anonimato.

Afonso Vitor de Oliveira é presidente da Associação e da Comissão de Arbitragem

Cobrando caro
 
O grande impasse na gestão ‘Afonso Vitor' começou quando uma taxa de inscrição anual de R$ 175,00 cobrada dos 320 árbitros existentes no Estado teve seu destino alterado. O total dos valores, que chega a R$ 56 mil, deixará de ser da associação e agora vai para os cofres da FPF.

Por causa dessa taxa, de acordo com os apitadores, desde janeiro deste ano, uma mensalidade anual de R$ 240,00 passou a ser cobrada pela associação dos árbitros, também presidida por Afonso Vitor. "Ouvimos a ameaça da comissão de arbitragem dizendo que aqueles que não pagassem em dia as inscrições e as mensalidades ficariam fora da escala", protestou um dos árbitros da FPF, que não quis se identificar para não sofrer represália depois.

O fim de direitos conquistados antigamente, como viajar em ônibus leito em dias de jogos em outras cidades e o valor único das diárias, também são contestados por apitadores. "Outro dia, em um jogo no interior, cheguei a ter que pagar parte das despesas com a minha taxa de arbitragem", lamenta o árbitro anônimo.

Procurado para falar sobre a cobrança das taxas e a perda de direitos da classe, o presidente da FPF, Hélio Cury, afirmou que problemas de arbitragem não são de sua alçada. Questionado sobre a dupla presidência de Afonso Vitor de Oliveira, o cartola apenas respondeu: "Se ele é o mesmo, quem é conivente é o pessoal que aceita".

Afonso Vitor de Oliveira, por sua vez, ressaltou que as taxas, a perda de direitos dos árbitros e a dupla presidência são um assunto interno. "Isso não é da imprensa".
 
Pra onde vai a grana?
 
Até a 3ª rodada  da 2ª fase do Paranaense 2010, a Comissão de Arbitragem recebeu cerca de R$ 80.00 mil. Os valores são referentes aos 2% cobrados após o apito final de cada jogo em benefício da nominada comissão. Com todas as suas contas bloqueadas pela Justiça, a Federação Paranaense de Futebol não pode receber absolutamente nada. O ex-árbitro Valdir Bicudo, comentarista da Tribuna do Paraná e do Site www.parana-online.com.br, questiona onde esse dinheiro é deposito e afirma com todas as letras. Na conta da Associação, em pequenas parcelas, para se livrar dos impostos, já que a comissão não é entidade jurídica e é vedado a a ela receber qualquer provento. Procurado pela reportagem, Afonso Vitor de OLiveira não se pronunciou sobre o assunto.
 
Comprar o meião virou lei
 
A obrigação da compra de um meião com a estampa de um patrocinador da Comissão de Arbitragem gerou discórdia entre os árbitros. Não pelos valores mas sim pela obrigação de pagar por algo que na teoria gera receita para a entidade.
 
Segundo um árbitro recém formado que omitimos o nome por precaução as ameaças são constantes: - "É Fogo, não sei como ajudar! As ameaças quanto a cortar escalas é constante. Cobraram 10 reais de um meião da FAG, todos ficaram indignados não pelo valor mas por pagar uma coisa com patrocínio! Os recém formados árbitros que gastaram em media dois mil reais no curso receberam uniformes usados, mofados ... todos com o patrocínio da FAG de anos anteriores. Claro estamos começando, mas já sentimos o peso da mão da Federação em nossos bolsos".
 
Eleição antecipada
 
Apesar da eleição da Associação de Árbitros de Futebol do Paraná estar inicialmente prevista para este mês, Afonso Vitor de Oliveira segue no comando até o final de 2010. Isso porque o último jantar de confraternização dos apitadores, no dia 12 de dezembro do ano passado, foi "transformado" em assembléia de votação.
 
Enquanto os árbitros bebiam e comiam, o presidente aproveitou para pedir a palavra e dizer: "Não existem condições de realizar as eleições agora em abril. Por isso, permaneço na presidência até dezembro".

A surpresa e o medo na hora do anúncio desmobilizaram todos os presentes. "Eu acho errado. Mas como todos nós somos subordinados a um comando só, muitos temem represálias. Dizem amém. A verdade é que poucos têm a coragem de responder ele", lamentou um árbitro presente no evento.

No mesmo jantar, Afonso Vitor teria supostamente avisado aos árbitros que alguns repasses financeiros seriam feitos pela Associação dos Árbitros para a Federação Paranaense de Futebol.

Ao falar sobre a legalidade na forma como ocorreu a "prorrogação" de seu mandato na associação e sobre as transferências de valores, Afonso fez pouco caso. "Qual o interesse com isso? Já faz cinco meses que isso ocorreu".
 
Fonte: Felipe Lessa

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