prepará-los para as futuras
competições nacionais e indicações para o quadro da Fifa. Seria
apenas o primeiro passo para a criação de um quadro nacional de
árbitros e assistentes.
- Temos um projeto para
que os árbitros e assistentes sejam da CBF e não mais das
federações. A intenção da CBF é formar a médio, longo prazo as suas
próprias equipes de arbitragem nacionais. Neste caso, eles
trabalhariam apenas nas competições nacionais. Começaremos pelo
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, pois Sul e Sudeste são as regiões
com mais instrutores e maior investimento por parte das federações.
Também pensamos oferecer cursos de árbitros para jovens a partir de
16 anos.
No entanto, o presidente da
Comissão de Arbitragem ressalta que este planejamento não tem
relação com a questão envolvendo a possível profissionalização dos
árbitros. Segundo ele, para que isso ocorra é preciso superar
eventuais resistências para romper com uma estrutura que já está
implantada há décadas e levar em consideração o aspecto financeiro e
a logística - o que os árbitros e assistentes farão durante o
período dos estaduais.
- Caso este modelo seja
realmente implantado, a tendência é a de que os árbitros nacionais
tenham uma relevância maior, mas as federações irão pressionar para
contar com eles. Sendo assim, é preciso ter cuidado para que nenhuma
parte seja prejudicada, e as arbitragens nos estaduais não sejam
niveladas por baixo. Ao mesmo tempo, tal iniciativa pode contribuir
para a formação de novos bons árbitros. Embora estejamos em 2016,
sete, oito estados do país ainda não têm uma escola com cursos
regulares de arbitragem.
Todos estes projetos da
Comissão de Arbitragem ainda dependem de apresentação e aprovação
das instâncias superiores da CBF. Ao fazer uma análise das
arbitragens nos principais estaduais do país, Sérgio Corrêa destacou
a evolução ocorrida na relação dos jogadores e comissões técnicas
com os árbitros, citando como exemplo o Paulistão.
- Comparando com o ano
passado, eu notei uma mudança no comportamento dos jogadores em
relação ao respeito aos árbitros. Em 2015, as reclamações e
empurrões eram freqüentes. Graças à cruzada pelo respeito que
introduzimos a partir do último Brasileiro, através de punições mais
rigorosas para quem extrapola com gestos, xingamentos ou agressões
na hora de fazer suas ponderações aos árbitros, notamos que
comissões técnicas e jogadores entenderam que é muito melhor jogar
futebol sem reclamações, deixando possíveis queixas para as
autoridades competentes. As reclamações só deixam o ambiente nervoso
e tenso, o que atrapalha a atuação das equipes de arbitragem, pois
trabalham com a obrigação de acertar o máximo possível sob pressão.
No Paulistão, apesar de o regulamento ter previsto o rebaixamento de
seis clubes, o que poderia aumentar o nível de estresse, houve uma
diminuição no número de faltas e cartões, com as partidas terminando
com muita tranqüilidade.
Expectativa
para o Brasileiro
Este ano foi registrado um
maior investimento por parte das principais federações estaduais nas
pré-temporadas das equipes de arbitragem. Ciente deste trabalho, a
CBF disponibilizou instrutores sem nenhum gasto para 21 federações
como forma de colaborar no treinamento dos árbitros para as
competições. Outro ponto positivo destacado pela Comissão de
Arbitragem foi o preparo físico dos trios de arbitragem. Sérgio
Corrêa ressalta também a maior uniformidade nos critérios adotados
na hora de o árbitro aplicar a regra. Para o Brasileiro, a
expectativa é manter os bons números, na avaliação da CBF, dos anos
anteriores. Em 2013, o nível de acerto dos assistentes na Série A
foi de 81%. No ano seguinte, este índice aumentou para 84%, e em
2015 atingiu 90%.
- Queremos elevar ainda
mais estes índices para que os árbitros e assistentes tenham a
tranqüilidade necessária na hora de exercer as suas funções e não
sejam alvos dos problemas ocorridos no campo de jogo. Não vai ser
fácil, pois esta competição é a mais disputada do planeta, com no
mínimo 12 clubes com chances de ser campeão. Um ingrediente que
eleva a dificuldade, mas estamos trabalhando para que a cada ano
melhoremos a qualidade das equipes de arbitragem com treinamentos e
avaliações teóricas e físicas constantes - relata Sérgio Corrêa.
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Nível de acerto dos
assistentes aumentou de 81%, no Brasileiro de 2013, para
90% na edição de 2015 |
Com o objetivo de
proporcionar um melhor acompanhamento dos árbitros e assistentes, a
Comissão de Arbitragem colocará em uso a partir da primeira rodada
da Série A do Brasileiro uma nova ferramenta para a análise
dos seus desempenhos, possibilitando rápido acesso aos dados,
inclusive através de vídeos. Tal software, que já é usado por 16
clubes para avaliar os seus atletas, foi especialmente adaptado para
analisar a atuação das equipes de arbitragem. Na opinião de Sérgio
Corrêa, a intenção é ter um retrato fiel de suas performances para
que o desempenho de todos eles nas 38 rodadas da competição seja o
mais próximo do ideal possível, dispensando provavelmente o uso de
assessores da Comissão de Arbitragem nas partidas, o que por sua vez
diminuirá as despesas dos clubes, responsáveis por estas
despesas.
- O Brasil é pioneiro
nessa ferramenta para a arbitragem. Através dela poderemos
identificar com mais facilidade os árbitros e assistentes que devem
ser promovidos, aqueles que devem receber orientações pontuais e
quem precisa passar por um processo de reciclagem. A implantação do
sistema surgiu a partir de uma proposta dos próprios clubes, a
começar pelo Flamengo, para a CBF ter um acompanhamento minuto a
minuto do desempenho dos árbitros.
Outra novidade é o
aperfeiçoamento do portal dos árbitros, criado pela equipe de
Tecnologia da Informação (TI) da CBF, para reunir todos os dados de
árbitros e assistentes, transformando-o num canal de informação e
fórum de debates. Caso ocorra um lance polêmico, o vídeo é colocado
lá para ser debatido por eles juntamente com a Comissão de
Arbitragem, permitindo que, após chegarem a um consenso, a
orientação e interpretação sejam unificadas a partir de então. A CBF
investiu também na teleconferência. facilitando a comunicação entre
todas as federações e os instrutores da Comissão de Arbitragem. Além
de reduzir os custos com passagens e hospedagens, tal tecnologia
garante que as orientações sejam transmitidas de maneira única para
todos.
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Sobre a maior
revisão das regras feitas nos últimos 130 anos pela
International Board para facilitar a interpretação por
parte dos árbitros em todo o mundo, Sérgio Corrêa afirma
que as normas foram ajustadas para dar aos árbitros a
possibilidade de não punir em excesso as equipes, dando
mais justiça ao jogo. Dentre as mudanças mais
significativas, ele cita a regra 12, que trata de lances
em que há oportunidades claras de gol. Pela nova
redação, "quando um jogador impedir um gol ou uma clara
oportunidade de gol da equipe adversária com falta de
mão deliberada, o jogador deve ser expulso onde quer que
a falta ocorra. Quando um jogador cometer uma falta
contra um adversário dentro da própria área penal, que
impedir um gol ou uma clara oportunidade de gol do
adversário, e o árbitro conceder um tiro penal, o
jogador infrator será advertido com cartão amarelo,
salvo se a falta for de segurar, puxar ou empurrar; o
jogador infrator não tentar jogar a bola, ou não houver
possibilidade de jogar a bola; a falta for punível só
com cartão vermelho. Em todos estas circunstâncias, o
jogador é expulso." O presidente da Comissão de
Arbitragem também dá outro exemplo. |
- Quando o jogador for
punido com cartão amarelo ou vermelho por falta mais violenta, o
jogador lesionado poderá ser rapidamente atendido no próprio campo
de de jogo. Até agora, o atleta machucado é retirado de campo, e a
partida prossegue, favorecendo a equipe infratora, que por alguns
minutos atua com um atleta a mais.
Tais regras atualizadas
serão colocadas em prática pela Comissão de Arbitragem a partir da
primeira rodada das Séries A, B, C e D do Brasileiro. Na Copa do
Brasil, o procedimento será adotado a partir da terceira fase,
enquanto na Copa do Brasil Sub-17 e o Campeonato Brasileiro Feminino
só na próxima edição.
Globo.com
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