assistente diz que sua decisão foi tomada pela
falta confiança na comissão de arbitragem do Rio de Janeiro, pois
segundo seu relato, não dá para trabalhar em ambiente onde as regras
são mudadas a cada minuto pela vontade do comandante.
Jóia ainda diz que disputar um campeonato sem
saber claramente o regulamento não dá mais.
Rodrigo Jóia relata que as regras foram
mudadas quando as informações só foram repassadas aos assistentes
depois que os árbitros já haviam realizado os testes.
O assistente também reclama da recusa da
comissão em marcar um dia para que ele pudesse ser ouvido, pois não
queria brigar, discutir, nem gritar com ninguém.
“Foram 10 anos de dedicação à Ferj e o
mínimo que esperava era que pelo menos se dignasse a me receber. Fui
tratado com total falta de consideração e respeito” – disse o
assistente.
No e-mail, o assistente faz uma seria
acusação. Segundo o texto ele foi retirado por não ter sido aprovado
em uma bateria para árbitros e não para assistentes.
O Apitonacional
entrou em contato com o ex-assistente para que falasse sobre o
e-mail. Rodrigo Pereira Jóia disse
que não gostaria de falar sobre o assunto, mas informou que se
contundiu durante os testes e que não teve chance em um reteste como em
anos anteriores. Jóia ainda informou que “outras” pessoas NÃO
passaram nos testes e seguiram na RENAF 2016.
O assistente não informou quem seriam essas 'pessoas'.
Procuramos também Jorge Rabello, presidente da
comissão de arbitragem do RJ, que não respondeu o contato até o
fechamento desta matéria.
Veja abaixo o e-mail na integra.
De:
Enviada em:
Para ============
Assunto: Fwd: Fim do ciclo - Muito Obrigado
“Rabello e comissão,
Após uma semana tentando assimilar o que
aconteceu comigo e as perdas com a minha reprovação, escrevo para
comunicar que não irei seguir na FERJ em 2016 e, até o momento, tudo
se encaminha para um precoce encerramento de carreira.
Isso não se dará somente pelo fato de ter
saído da relação da RENAF para 2016, pois pensando melhor com amigos
e família seria até uma chance de ter um ano calmo em relação à
escalas e viagens podendo se dedicar ao trabalho e tentado voltar em
2017. O principal fato se dá pela falta confiança na COAF RJ pois
não dá para trabalhar em ambiente onde as regras são mudadas a cada
minuto pela vontade do comandante.
Disputar um campeonato sem saber claramente
o regulamento não dá mais.
Quando o sr. enviou o e-mail a todo quadro
informando que quem não passasse nos testes de novembro não iria
para a RENAF, além da pré-temporada que TODOS já sabiam, os árbitros
já haviam realizado o teste físico( o e-mail foi enviado dia 19/01),
faltando somente os assistentes (e alguns poucos árbitros dia 30).
Até porque todos os árbitros pré selecionados para a RENAF já haviam
passado no teste. Para que passar um e-mail que só serviria para os
assistentes? Mudando a regra mesmo depois de boa parte dos árbitros
terem realizado o teste?
Até aí tudo bem porque em TODOS os anos o
sr. informava a mesma coisa, mas nos dava a oportunidade de
conseguir voltar ao carioca e a renaf passando no teste de
fevereiro. Porque esse ano mudar isso?
Como não passei e usando da redução de 20%
de todo quadro fui informado que não seguiria na CBF pelo WhatsApp,
haja vista que quando solicitei um dia (qualquer dia!) para
conversarmos pessoalmente, o recado foi direto e reto.
‘Jóia conforme informe a todos a condição
para pré e para RENAF e passar no teste ainda mais que teremos
redução de 20%. Portanto, no sendo sobre esses assuntos. Tudo bem’.
Claro que só poderia ser sobre esse
assunto. Não queria brigar, discutir, gritar. Queria falar,
entender, ser ouvido. Não queria promessas e sim um norte.
Começamos a conversar por ali, o papo não
rendeu pela simples falta de interesse do sr. Foram 10 anos de
dedicação à Ferj e o mínimo que esperava era que pelo menos se
dignasse a me receber. Fui tratado com total falta de consideração e
respeito.
|
Rodrigo Jóia durante treinamentos na FERJ |
Senti uma contusão ainda no aquecimento e
fui até onde deu. Nem sei se consegui falar isso. É outra questão
importante: Estou sendo retirado por um teste físico de bateria para
árbitros e não assistentes.
Quando comecei a entender a situação e me
planejava para 2016, veio a surpresa. Mesmo com reprovações no teste
físico o sr. encaminhou nomes para a RENAF 2016. Não adianta vir com
a história que a lista feminina não conta para o quantitativo
masculino e que elas irão atuar somente no feminino, pois 3 fatos
são cruciais:
1 - A regra era clara! Não passou não vai a
pré e nem a RENAF.
2 - Se deu esta chance, o simples fato de
estarem na lista RENAF feminina as credenciam a, se conseguirem
fazer o teste masculino durante o ano de 2016, voltarem a atuar nas
competições masculinas.
3 - Não realizaram teste feminino e sim,
masculino, ou seja, não tem nenhum teste aprovado.
Não estou aqui para apontar dedo para
ninguém , até porque por tudo que elas fizeram pela arbitragem
carioca, brasileira e mundial DEVEM estar nesta lista sempre, mas o
que eu QUERIA era a mesma chance que, bem ou mal, elas estão tendo.
Chance essa dada SEMPRE por diversos anos a vários árbitros.
Detalhe: eu sempre passei nos testes na
Ferj e CBF. Nunca deixei de ir a uma pré temporada. Minhas
reprovações foram em testes FIFAs e sempre tive segunda chance. E
por não ir bem-nascido outras chances, paguei por isso perdendo o
escudo FIFA. E o sr fez a mesma coisa na primeira reprovação. E o
e-mail que o sr. me enviou ano passado quando perdi o escudo?
Esqueceu? Para que foram aquelas palavras?
Não venha dizer que estou somente
preocupado com a CBF não. Não vejo qualquer problema em trabalhar
somente pelo RJ, mas as regras devem ser para TODOS, sem exceção.
Além dos mais a questão do corte para mim é
segundo plano. O sr. me disse que escolheu pela retirada do Stina e
Francisco. Provavelmente por questões técnicas e físicas.
Provavelmente pois os dois não passaram nos testes CBF em 2015. A
escolha foi sua. Não existe aqui uma questão de escolher A ou B. Nem
de ser injusto com eles que passaram agora, me deixando na RENAF que
fui reprovado somente agora.E eu? Que estou com teste homologado
desde julho?
E outra, bastava simplesmente enviar a
lista com o meu nome com um asterisco e um reserva, condicionando a
minha entrada a aprovação no teste de fevereiro. O sr. não quis
assim. O sr. não quis nem escutar isso. Me puniu 2 vezes me
retirando da pré e da CBF.
Vale lembrar que nos últimos anos, essa
regra imposta pelo sr. não valeu. Tivemos um ano que o Dibert não
passou no teste, teve a segunda chance e voltou. Com o Gutemberg a
mesma coisa . E com o Índio a mesma coisa que só não voltou para a
CBF porque simplesmente não quis, mesmo o sr. fazendo de tudo para
incentiva-lo.
Nunca escondi, até porque meu pai me
ensinou isso, a gratidão que tenho e sempre terei pelo sr. em ter me
dado a oportunidade de subir aos profissionais, em identificar o meu
talento no momento em que o RJ necessitava de renovação. E deu
certo. Foi uma aposta sua na qual eu correspondi dentro do campo e
trouxe frutos e notoriedade para a arbitragem carioca. Foi bom para
os dois lados. Cheguei a FIFA e fiz jogos que poucos no Brasil
fizeram e tenho estórias para contar para meus filhos. E desta mesma
forma, o sr. também ajuda a encerrar meu ciclo.
|
Rodrigo Jóia com a esposa
Danielle e os filho João Gabriel e o caçulinha (foto:
facebook) |
Enfim, o sr. sabia que precisava de um
tempo para me dedicar ao trabalho. Falei pessoalmente ao sr. Fiquei
4 meses imersos somente ao trabalho. E se cheguei a pedir dispensas
de jogos até nos finais de semana é porque não tinha tempo algum
para me dedicar a arbitragem. Então, sem essa velha história de
falta de compromisso, dedicação etc. Fiz uma escolha sim e não me
arrependo. Escolhi meu trabalho que dá educação e alimenta meus
filhos. E a sua falta de sensibilidade que qualquer líder não
deveria ter me deu a certeza que foi a escolha mais acertada.
Imagina se não aceito o cargo e ficasse neste teste... Não me
perdoaria e estaria muito pior.
Não somos robôs. Somos seres humanos e
devemos ser tratados e respeitados como tal. Devemos ser ouvidos. O
sr. lidera homens e mulheres que têm sentimentos, sonhos, problemas,
dúvidas etc. Perdeu diversos talentos por conta dessa falta de
sensibilidade e ainda perderá muitos outros nos próximos anos.
Tenho ainda 10 anos de carreira. Não
pretendo parar, mas com essas condições aqui no RJ não consigo
seguir. Por mais imprevisível seja o mercado da arbitragem o mínimo
de segurança você tem que ter quando se dedica a ela e aqui no RJ,
neste momento, não vejo isso, ao contrário que observo em outras
federações. Qual será a regra para o ano quem vem? Vai mudar
novamente na semana do teste? Vou me preparar para que? O que o sr.
pretende comigo? Não tenho respostas porque não fui ouvido.
Então, entrego a DEUS o meu futuro ciente
da decisão correta e de cabeça em pé. Vou tratar minha lesão,
regularizar os treinos e deixar na mão dele o que vai acontecer para
frente.
Como buscar motivação nesse contexto.
Liderança é ação, não posição. Neste sentido neste tipo de gestão eu
não me sinto motivado.
Cada um no seu caminho com saúde e paz!
Termino esse texto com um muito obrigado e,
como um bom leitor que sei que o sr. é, uma frase para reflexão.
Para ser um líder, você tem que fazer as pessoas quererem te seguir,
e ninguém quer seguir alguém que não sabe onde está indo - Joe
Namath.”
At,
Rodrigo Jóia
Nota do
apitonacional
Rodrigo Pereira Jóia é um bom assistente. Tem
ótimo currículo, boa experiência em campo e mesmo subindo rápido
demais na carreira, certamente com ajuda que outros não tiveram, tem
méritos, pois correspondeu dentro de campo quando exigido.
Jóia não é o primeiro a deixar o quadro de
arbitragem do Rio de Janeiro por conta dos métodos truculentos e
tirano de Jorge Rabello e certamente não será o ultimo. Antes dele
foram Pablo Alves, Marcelo Henrique, Eduardo Cordeiro e mais
recentemente Péricles Bassols, o único FIFA do apito no estado e
outros.
Como tem qualidades e caráter de homem honrado
segundo informações, ao contrario de alguns narizes empinados da
profissão, logo acerta com alguma federação para continuar na
arbitragem e desempenhando aquilo que gosta.
Alô Federação Pernambucana, como seu quadro
esta velho, onde devido a pressão é proibido revelar e como esta se
tornando refugio dos desabrigados, mesmo ele não tendo olhos verdes,
seria uma boa aposta no assistente carioca, pois levaria qualidade e
experiências aos seus árbitros.
Apitonacional, compromisso só com a verdade! |