24/02/2015    20:18hs

Retaliação e tirania na arbitragem paraense

Joelson Silva diz que é perseguido por Cel. Nunes, presidente da FPF, por supostamente ter apoiado outro candidato na ultima eleição da entidade

O árbitro Joelson Silva dos Santos (foto), 35 anos, com cerca de 45 jogos apitados na primeira divisão do futebol paraense, esta, segundo ele, impedido de exercer sua profissão. Informações vindas da terra da castanha, o motivo da geladeira seria ciúmes de homem. É isso mesmo, Joelson está impedido de apitar no Pará por supostamente ter apoiado um dos opositores (Ulisses Sereni) do presidente atual que esta há mais de 25 anos no poder na ultima eleição para a Federação Paraense de Futebol ocorrida em Novembro de 2013. O pior de tudo é que o árbitro nega que isso tenha acontecido.

“Eles dizem que é porque eu teria apoiado a chapa de Ulisses Sereni, o que não é verdade. Tentei resolver isso internamente. Quebrei meu próprio sigilo bancário e telefônico para mostrar para eles que não apoiei ninguém. Tenho documentos registrados em cartório (veja abaixo) inclusive. Mas não me dão voz lá dentro (da FPF), não me dão a oportunidade de resolver a questão internamente” – disse Joelson.

Segundo o árbitro, tudo começou em novembro de 2013, durante a eleição presidencial da FPF. Joelson contou que estaria sofrendo retaliações por supostamente ter apoiado uma das chapas e desde então sua carreira no futebol foi interrompida.

Segundo apuramos, a ultima partida que Joelson Silva atuou foi no dia 1º de maio de 2014 – confronto entre Remo e Independente, no Baenão, pela semifinal do segundo turno do Parazão. Desde então, foi colocado na “geladeira” onde deve permanecer por muito tempo, pois não tem apoio dos companheiros de profissão e nem mesmo do sindicato dos árbitros do Pará que se tornou um sindicato de pelegos a trabalho da Federação Paraense de Futebol.

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Já Coronel Nunes, 76 anos, 26 desses no comando da Federação Paraense de Futebol, não faz questão de esconder a retaliação em cima do árbitro, ele disse para o blog do “Tudão e tudinho” que soube da suposta traição de Joelson por ‘gente da sua confiança e que esta vivo pra contar’ e acrescentou que por ter procurado a imprensa, as coisas ficaram difíceis para Joelson Silva.

Apurado

Segundo apuramos, a ordem para José Guilhermino, presidente da comissão de arbitragem, retirar Joelson Silva Santos do quadro da CBF e das escalas do paraense teria partido de Antonio Carlos Nunes de Lima, mais conhecido como Coronel Nunes, um dos vários posseiros ditadores que existe nas federações de futebol espalhadas pelo país. O Coronel que manda e desmanda no futebol paraense está há quase três décadas no poder se forem contatados os dois mandatos que já exerceu. Ele assumiu pela primeira vez o comando da FPF em 1982 ficando até o final de 1987. Depois retornou em 1998, onde está até hoje e permanecerá pelo menos até o final de 2017. Com mentalidade ultrapassada se perpetua há décadas no poder sem trazer progresso ao decadente futebol paraense.

Os ex-árbitros José Guilhermino, Fernando José de Castro e Olivaldo Moraes

Sua administração é tida como retrograda e desastrosa tanto para os clubes, todos eles nas divisões inferiores do futebol brasileiro, como para a arbitragem tendo em vista que todo final de estadual, importa árbitros de outros estados pagos a peso de ouro. O que a FPF paga para esses árbitros de outros estados, entre 20 e 30 mil reais por cada jogo decisivo, daria para custear todas as despesas da arbitragem com taxas, cursos e reciclagem durante todo o ano.

Para isso conta com a omissão dos clubes e subserviência dos dirigentes da arbitragem. Só a titulo de informação, Fernando José de Castro, presidente eleito do sindicato dos árbitros é o homem forte da FPF, foi empossado em dezembro de 2013 como diretor de competições da FPF. Castro passou então a direção do Sindarp para Olivaldo Moraes, seu vice-presidente. Ocorre que Olivaldo também acumula a função de vice-presidente da comissão de arbitragem da FPF fazendo com que a entidade dos árbitros não passe de uma sub-sede patronal.

Nota do Apitonacional

O Apitonacional entende que o árbitro de futebol tem que se preocupar na carreira em adquirir conhecimentos técnicos, preparo físico e acumular experiência de campo para poder desempenhar da melhor maneira possível sua função dentro das quatro linhas. A política tem que ser deixada para os ex-árbitros de boa índole que esteja realmente a serviço da arbitragem, que imunes as pressões patronais poderão se expor sem medo das conseqüências.

No entanto, vivemos, ou pensamos que vivemos, em um país democrático onde a livre manifestação é um direito de todos cidadãos e caso o árbitro tenha apoiado uma chapa de oposição, não é motivo para ser perseguido e impedido de exercer sua função. Caso isso realmente esteja ocorrendo, é atitude ditatorial advinda dos tempos da tirania e do coronelismo que usavam do poder para oprimir os mais fracos. Lembramos que mesmo há mais de duas décadas no poder, o atual presidente não é dono da FPF e um dia, mais cedo ou mais tarde, por bem ou por um infortúnio da vida, terá que sair de lá e ficará marcado na história pela sua forma de administrar e pelo andar da carruagem serão décadas de lamentações pelo tempo perdido.

Também é inadmissível que o legitimo representante do árbitro (sindicato), seja administrado por pessoas que vivem na aba da Federação se cala sendo conivente ou permitindo por subserviência que um representado seja prejudicado sem que nenhuma medida seja tomada. As pessoas são livres para tomarem suas decisões e escolherem que caminho seguir, mas não podem fazer trampolim de cargo sindical utilizando a arbitragem, o elo mais fraco do futebol, para conseguirem beneficies próprios. Apesar da boa índole e da educação como marca registrada, Fernando Castro tem seus projetos pessoais que o afasta dos assuntos da arbitragem e um deles é um dia presidir a Federação Paraense de Futebol. Já Olivaldo da Silva Moraes não tem liderança, isenção e nem voz ativa para resolver os problemas da categoria, mesmo que em nome de uma entidade que tem que ser respeitada. Para ele, quanto menos fumaça melhor para assim passar despercebido, receber seus vencimentos acumulados pelos cargos que exerce na sombra de Castro.

Cel Nunes, administração retrograda em duas décadas de tirania, ditadura e perseguições

Mas a culpa dos árbitros também não pode ser esquecida, é uma classe desunida que só se preocupam com escalas e são incapazes de lutar por qualquer direito que seja. Delegam poderes a pessoas que pouco se importam com a categoria e sim com os interesses próprios de cada um. Assim, hoje eles fazem vista grossa para o que esta acontecendo com seu companheiro, mas amanhã poderá se ver na mesma situação.

O que eles disseram

Procuramos dirigentes do sindicato, da federação e o árbitro para comentar as denuncias.

Fernando José de Castro, presidente afastado do sindicato dos árbitros e diretor da FPF disse que houve um envolvimento do árbitro em uma questão extra campo delicada e que tanto o sindicato quanto a Comissão de Arbitragem-PA esta ciente da situação complicada na manutenção do árbitro no quadro devido as suas ultimas declarações.

José Guilhermino, presidente da comissão de arbitragem paraense disse que Joelson Silva foi retirado do quadro por perda de confiança motivado pelo apoio ao candidato de oposição somado a outras ações de foro intimo da CA/PA.

Já o árbitro Joelson Silva confirmou todas as informações e acrescentou que enviou a quebra do seu sigilo telefônico para a comissão de arbitragem e o contato de um dirigente de Liga Municipal de Tailândia para checar a informação de que ele teria ligado para esse dirigente pedindo voto para a oposição oferecendo vantagens em caso de vitória, pois seria nomeado chefe da arbitragem estadual. Segundo Joelson, o contato nunca foi feito por parte da CA/PA.

 

Joelson ainda acrescentou que não quer só ser aceito de volta no quadro, pois possivelmente ficara renegado, mas quer justiça, restabelecer a verdade, pois esta pagando por algo que não fez e chegou ao soluço quando confessou que a hora mais difícil é quando seus filhos, é pai de três, perguntam se vai apitar. Para encerrar, disse que procurara todas as medidas e não descartou entrar na justiça para reparar mesmo que seja monetariamente a perda da dignidade e da moral que esta tendo.

Procurados também Olivaldo Moraes, atual mandatário do sindicato dos árbitros, que não respondeu nosso contato até o fechamento desta matéria.

Obs. O espaço esta aberto para todos que foram os citados nesta matéria.

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