20/12/2016    14:46hs

Ex-assistente FIFA solta    o verbo contra CBF

Dibert Pedrosa Moisés critica sistema de premiação da CBF, torce para que entidade siga diretrizes da FIFA e termine com limite de idade para árbitros

O Globo.com publicou matéria nesta terça-feira (20) onde aborda os impedimentos e os acertos dos assistentes durante o Campeonato Brasileiro de 2016. O assistente Dibert Pedrosa Moises (foto), que por ter completado 45 anos pode ter feito sua ultima partida pela CBF na ultima rodada do Brasileirão (Sport x Figueirense), foi disparado o melhor da competição em relação à marcação de impedimentos.

Segundo a matéria, o petropolitano (mora em Petrópolis/RJ) esteve presente em 19 partidas da Série A, nas quais marcou 54 impedimentos, uma média de 2,8 por partida. Dessas 54 marcações, foi possível analisar a eficiência em 46 (85%) e ele errou apenas uma vez, uma eficácia de 98%.

Segundo ainda a matéria, Dibert melhorou seu desempenho em relação ao ano passado, quando sua eficiência tinha

alcançado os 90% (26 certos e três errados).

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De língua afiada e do tipo que não leva nada para casa, o ex-assistente não perdeu a oportunidade para alfinetar a premiação dos melhores trios pela CBF durante o encerramento do campeonato e o limite de idade onde a CBF teima em não seguir as diretrizes da FIFA que baniu essa limitação.

“Fico muito feliz por saber disso. É um reconhecimento importante. Uma pena que a CBF não leve em consideração o levantamento de vocês para premiar os melhores árbitros, porque o prêmio era de 300 mil reais neste ano, e o normal nessas situações é o árbitro ficar com 50% e os assistentes, com 25%. Na obra da casa que estou construindo para fugir do aluguel, 75 mil reais me ajudariam” – disse Dibert.

Grifo nosso: Não seriam 75 mil como o informado, pois desse valor é deduzido os impostos.

Ao contrário de outros assistentes com melhor desempenho no ano anterior que apontaram o treinamento específico em campo, mentalização das regras e das situações de jogo, ou a prática de esportes em que a concentração é importante, como artes marciais, como o "segredo do sucesso", Dibert diz que não tem nenhuma técnica especifica a não ser a concentração.

“Sinceramente, nunca usei nenhuma técnica específica, a não ser meu comprometimento com o jogo, meu objetivo de fazer bem o que me disponho a fazer. Há três dias nasceu meu segundo filho. À beira do gramado, eu poderia perder a concentração se pensasse se estava tudo bem com a minha mulher. Então, fico focado, não penso em mais nada” - disse o ex-assistente.

 
Dibert: "É a prática que leva à perfeição"

Para Pedrosa, o melhor que pode acontecer a um árbitro, na verdade, é envelhecer:

“É a prática que leva à perfeição, que leva a uma margem de erro mínima. Só se ganha corpo com o tempo. Demora para ganhar maturidade. Árbitro excelente desde muito jovem só conheci um, o Paulo César Oliveira. E, ainda assim, tenho a visão de que o trabalho de árbitro principal é mais fácil, porque, para o assistente, ou está certo ou errado. O principal vai compensando os erros ao longo do jogo. É muito ruim quando a gente erra. Se erra, sai da escala, fica fora da rodada” - diz o ex-FIFA.

As criticas de Dibert não param por aí, ele discorda do plano da CBF em reduzir o número de árbitros que vão trabalhar no Brasileirão a partir de 2017.

“A CBF acha que pode trabalhar com um número reduzido de profissionais para ganharem experiência. Eu discordo. E se os escolhidos não derem retorno, vão reduzir ainda mais o quadro? Quem dá retorno maior vai continuar trabalhando. Por esse motivo que a FIFA chegou a estabelecer um limite de 45 anos para árbitros, para depois baixar para 43, mas em 2015 acabou eliminando o limite de idade, estabelecendo que estariam aptos todos os que conseguissem alcançar as exigências físicas. Tanto é verdade que o Emerson Augusto de Carvalho está no processo de seleção para a próxima Copa, mas no Mundial de 2018 ele estará com 46 anos” – disse ele.

A questão "idade" é significativa porque Dibert Pedrosa Moisés já está considerando como encerrada sua carreira nacional. Depois de ter deixado de ser assistente FIFA aos 41 anos ("por motivos políticos, injustamente", faz questão de ressaltar), agora chegou aos 45 anos e diz que a CBF está "se omitindo em comunicar se segue ou não o que a FIFA determinou em janeiro de 2015 em relação a acabar com o limite de idade para árbitros". A Confederação Brasileira de Futebol está em recesso, e a assessoria de imprensa da entidade informou que não se manifestaria a respeito do comentário antes de janeiro de 2017.

 

“A Federação do Rio já enviou a lista com os árbitros que estão com até 45 anos, mas a Federação de Pernambuco está terminando sua avaliação física e pode manter no quadro nacional Marcelo de Lima Henrique, que também vai fazer 46 anos, o que abriria um precedente para os demais. De qualquer modo, já fiz minha despedida. Devo trabalhar no Carioca-2017, depois, vai depender do que a CBF decidir” - frisou Dibert.

Grifo nosso: em conversa com Salmo Valentim, Presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), a idade não será empecilho para que um árbitro atue no Estadual. Segundo Valentim, basta que ele cumpra todas as exigências dos demais para ser escalado normalmente conforme as necessidades da comissão. Como foi aprovado nos testes físicos e teóricos, Marcelo de Lima Henrique, jubilado na CBF, atuara normalmente durante o campeonato.

Nota do Apito

O limite de idade acabou em 2015, mas a CBF, talvez de forma proposital, está omissa desde então sobre o assunto. Fica evidente que o antigo plano de carreira e renovação não deu certo e com o fim do limite pela FIFA, fica óbvio que é necessário mudanças de planos, e para ontem.

No campeonato desse ano, árbitros mais experientes - Elmo Cunha e Péricles Bassols são exemplos - tiveram destaque apitando bons jogos após a entrada da nova comissão (tema de outra matéria em breve). No mundo essa mudança já aconteceu e só o Brasil está parada, por que em um país onde tem jogadores jogando em alto nível acima dos 40 anos o árbitro necessariamente precisa ser jovem?

No entender do Apitonacional, a única barreira para arbitrar uma partida de futebol para os qualificados deve ser a prova física, que diga se de passagem está mais difícil, no resto existe uma necessidade de concorrência de vagas, que deve ser de forma honesta e limpa com a troca de pelo menos dois FIFAs por ano. O Brasil está mudando via da Lava Jato, fatos inéditos estão acontecendo e essas mudanças tem que chegar no apito.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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