14/03/2016    12:01hs

Árbitros do Mato Grosso do Sul estão apitando de graça

FFMS não paga as taxas deste a primeira rodada ocorrida no final de janeiro

João Lupato (Sindárbitros-MS), Manoel Paixão e Francisco Cezário de Oliveira (FFMS)

 

O Campeonato Sul-mato-grossense teve inicio no dia 31 de janeiro deste ano quando Comercial e Novo Operário empataram por 1x1. De lá pra cá foram disputados mais trinta e seis jogos divididos em seis rodadas e passaram se quarenta e cinco dias sem que os árbitros que apitaram as partidas, desde a primeira rodada, não recebessem um centavo sequer das taxas devidas.

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Partida de abertura do campeonato - taxa em aberto

O Apitonacional entrou em contato com os árbitros, alguns deles fazem parte do quadro nacional que, receosos por temerem por represálias e sob a condição de anonimato, resolveram passar as informações para esta matéria da calamidade que vive a arbitragem daquele Estado.

O Apitonacional entendendo a gravidade da situação divulgara as informações para que providências sejam tomadas, mas receoso com as possíveis represálias e prováveis perseguições, preservara os árbitros não revelando com quem manteve contato.

Um deles deu um depoimento emocionante sobre a situação: “Pelo amor de Deus, nos ajude! Somos escalados e temos que pagar do nosso bolso as passagens para apitar em outras cidades. Arcamos com a alimentação, com hotel e tudo mais, sem contar que às vezes as escalas são durante a semana e temos que faltar ou até mesmo quem pode pagar substituto no emprego" – conta de forma emocionada e frisa: “Não recebemos um centavo sequer das taxas devidas desde a primeira rodada do campeonato!”

Outro árbitro relata que quando alguns deles perguntam sobre o pagamento das taxas, são ameaçados de saírem das escalas ou até mesmo de perderem o escudo da CBF se as informações fossem repassadas a algum órgão de imprensa.

“Nós árbitros estamos tirando dinheiro de dentro de casa para pagar as despesas da arbitragem para que os jogos de futebol aconteçam. Isso é um absurdo e ninguém faz nada para resolver”- relata um deles.

O árbitro CBF Marcos Mateus Pereira, escalado nas seis rodadas, é credor de R$ 3.300 da FFMS

Perguntado sobre a atuação do sindicato as respostas são quase que unânimes: “O sindicato não faz nada para resolver a situação, pois o presidente faz parte da comissão de arbitragem e lava as mãos para a nossa situação agindo conforme seus interesses” – afirmam os árbitros.

Para piorar a situação, esses árbitros que não recebem suas taxas, tiveram que pagar 200 reais cada um para participarem da pré-temporada da arbitragem deste ano. Ou seja, investiram para se qualificarem e sequer recebem o básico em troca que seria suas taxas previamente pagas e em dia.

Também tem que se levar em consideração que os árbitros ainda pagam R$ 200 reais anual como contribuição para o sindicato sem que tenha qualquer retorno. O Sindicato dos Árbitros de Mato Grosso do Sul (Sindárbitros-MS) é presidido desde o inicio de 2014 pelo ex-árbitro João Lupato que encerrou a carreira no final do ano passado após receber convite para fazer parte da comissão de arbitragem da FFMS.

A Verba

O Apitonacional apurou que a verba para pagar os árbitros deveria ser repassadas pelo Governo Estadual para que a Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul (FFMS) fizesse os pagamentos das taxas, mas que o repasse esta atrasada e o problema recaem sobre a arbitragem.

A FFMS, presidida por Francisco Cezário de Oliveira, faz vista grossa a lei 10.671, de 15 de maio de 2003 (estatuto do torcedor) que segundo o CAPÍTULO VIII - DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM ESPORTIVA - no- Art. 30. “É direito do torcedor que a arbitragem das competições desportivas seja independente, imparcial, previamente remunerada e isenta de pressões e no parágrafo único que a remuneração do árbitro e de seus auxiliares será de responsabilidade da entidade de administração do desporto ou da liga organizadora do evento esportivo. Neste caso a FFMS.

Futebol amador

O Apitonacional teve acesso ao borderô da partida de abertura do campeonato entre Comercial e Novo Operário (abaixo). Os números são assustadores e revelam o amadorismo do certame, inclusive da arbitragem que se sujeitam a trabalhar por taxas irrisórias e que sequer são pagas previamente conforme exige o estatuto do torcedor.

Na partida foram colocados 2300 ingressos à venda no valor de 20 reais, destes apenas 854 foram vendidos, sendo que 481 foram de meia entrada ao valor de dez reais. Outras 250 pessoas entraram na faixa ou promocional sob o singelo valor de 0,01 centavo, o que ocasionou uma renda bruta de R$ 12. 295 reais. O borderô contabiliza também outras 17 pessoas não pagantes entre crianças, aposentados e convidados.

Desse valor, tirando as despesas com INSS, seguro, serviços, policiamento, o famigerado “outras despesas” sem especificação e a taxa da federação que arrecada mais que os clubes, a renda liquida cai para R$ 6.500,53. Números totalmente deficitário para a grandeza do futebol e digno do amadorismo do Estado.

Quanto ganham

A remuneração ou taxas que deveriam ser pagas aos árbitros este ano é de R$ 550,00 reais por partida para o árbitro e a metade para cada assistente. Soma se a isso 60 reais de diárias em partidas acima de 100 km de distancia da cidade do árbitro.

O que eles disseram

O Apitonacional entrou em contato com Manoel Paixão, presidente da comissão de arbitragem da FFMS e com João Lupato, presidente do sindicato local para que falassem sobre as taxas não pagas.

Manoel Paixão, fugindo das suas responsabilidades, respondeu o contato dizendo que todas as perguntas poderiam ser respondias por João Lupato que juntamente com sua diretoria teria acertado todos os detalhes com o presidente da FFMS.

Já João Lupato, enfermeiro no Hospital Regional Rosa Pedrossian e como é de praxe, não respondeu as perguntas até o fechamento desta matéria.

 

 

Obs. O Apitonacional esteve por quatro dias no final de fevereiro deste ano em Campo Grande-MS. Procuramos antecipadamente os senhores Manoel Paixão e João Lupato nos oferecendo para visitar e conhecer os trabalhos do Sindicato e da Comissão de arbitragem daquele estado assim como contatar os árbitros, mas como revelado agora e talvez temendo que descobríssemos, os mesmos ignoraram nossa oferta e a nossa presença na Capital Morena.

Nossa estadia foi ótima e os fatos que vieram a tona acima relatados só provam mais uma vez que não adianta empurrar o lixo pra baixo do tapete, pois mais dias, menos dias, ele será descoberto. Fato!

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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