10/01/2014    06:07hs

Carlos Castro: "Serei o presidente da transição"

Carlos Alberto Nunes de Castro, o "Castrinho" assume a presidência do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio Grande do Sul (Safergs) dizendo que seu maior desafio é unir o árbitro no Sindicato

Aos 64 anos o ex-árbitro assistente Carlos Castro (Castrinho) está prestes a trilhar um novo caminho na sua jornada no universo da arbitragem do futebol gaúcho. No dia 27 de dezembro ele assumiu o cargo de presidente do SAFERGS, com a missão de preparar categoria para os novos tempos que se anunciam no mundo do apito, a partir da regulamentação da profissão de árbitro de futebol. Carlos Castro é divorciado, tem quatro filhos e quatro netos e idéias claras sobre o que pretende fazer à frente do SAFERGS em benefício dos árbitros do Rio Grande do Sul.

Confira algumas de suas propostas lendo a entrevista abaixo, concedida aos jornalistas José Nunes Silva e Moah Sousa, da assessoria de imprensa do Sindicato e publicada na edição 046 da "Marca da Cal".


Marca da Cal: Imaginaste que um dia serias presidente do SAFERGS?

Carlos Castro: Eu nunca tive esta ambição. Quando o Carlos Simon presidiu o SAFERGS me convidou para concorrer como candidato a presidente. Na época recusei, porque não tinha esta ambição e também, na ocasião, o Ciro Camargo se lançava candidato e eu jamais iria concorrer contra o Ciro, somos amigos e e prezo muito as amizades.

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MC: O que mudou?

CC: O que acontece é que as coisas evoluem. Logo após a eleição do Ciro eu comecei a pesquisar nomes que poderiam concorrer à sua sucessão com chances de vitória. E aí, sem falsa modéstia, não encontrei nomes com aceitação suficiente para concorrer com possibilidades reais de vitória. O meu nome foi o que pareceu mais apto a concorrer com chance. Não foi uma decisão pessoal motivada pelo desejo de ser presidente do Sindicato. Foi a intenção de dar continuidade a um trabalho do qual participo há 13 anos. A minha geração está dirigindo o Sindicato desde 2001. Acho que está na hora da gente passar o bastão.

MC: E como se faz isto?

CC: Acredito, sem modéstia, que ninguém melhor do que eu tem condições de preparar uma nova geração para assumir a entidade. O Sindicato não é como um carro que você tira uma peça velha, coloca uma nova e ele sai funcionando. É muito complexo. Não dá para tirar uma diretoria inteira e colocar uma diretoria inteiramente nova. Até ela se encontrar, familiarizar se com a engrenagem, vai passar no mínimo 1 ano. Então, me propus a preparar uma nova geração de dirigentes.

MC: Serás o presidente da transição?

CC: Serei o presidente da transição em vários aspectos. Na composição da chapa, com exceção do Paulo Margal, nenhum dos companheiros participou da direção do Sindicato.

MC: E a formação da chapa?

CC: Em princípio, estabeleci quatro critérios. O primeiro foi a idoneidade moral, a lisura de comportamento na atuação dentro e fora do universo da arbitragem. O segundo foi o comprometimento com as coisas que se propõe a fazer. O terceiro foi a disponibilidade de tempo para fazer. E por fim, o quarto, mas não menos importante, foi a compatibilidade entre os integrantes da chapa. A partir destes critérios convidei companheiros como o Alduino Mocelin, que conheço há mais de 20 anos. O Julinho Espinoza, outra pessoa fabulosa. O Jorge Cardoso, que todo mundo sabe do comprometimento que tem com as coisas que se propõe a fazer. Marco Magalhães que é um jovem árbitro com uma personalidade muito marcante e responsável. Procurei, enfim, reunir pessoas das quais eu tenho conhecimento e também disponibilidade para trabalhar.

MC: Quais as prioridades da gestão?

CC: Temos que levar em conta que estamos vivendo uma outra transição, que abrange toda a arbitragem brasileira. Com o advento da profissionalização, sancionada pela presidente Dilma, muita coisa vai mudar. Antes éramos um Sindicato sem categoria. Agora somos oficialmente uma categoria profissional. Hoje, a arbitragem brasileira tem nas mãos um canhão potente. Mas este canhão só vai propiciar mudanças para melhor se tiver atrás de si a união da categoria. Se não houver coesão dos associados este canhão estará sem munição. A diretoria do Sindicato tem o poder de acionar esta arma, mas a munição é o associado. Comparo a situação criada pela lei que regulamentou a arbitragem com a lei que tornou obrigatório o uso do cinto de segurança. É uma medida boa, justa e acertada. Agora, tem que “pegar”. Tem que ser acionada para virar realidade.

MC: E isto passa pela criação da Federação Brasileira dos Árbitros de Futebol, a FEBRAF)?

CC: A criação da Federação é uma imposição, porque a ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) não é reconhecida juridicamente perante o Ministério do Trabalho. Já a Federação sim. Ela tem força jurídica. A evolução da ANAF para Federação já está sacramentada. Definimos isto no Congresso da arbitragem realizado em Belém do Pará. A FEBRAF já está criada. Agora, é tratar da sua regulamentação.

MC: Quais os próximos passos?

CC: Atualmente temos oito ou nove sindicatos regularizados junto ao Ministério do Trabalho, número que já seria suficiente para criar a FEBRAF. Porém, temos mais dezenove sindicatos sem carta sindical. Diante deste quadro, decidimos no Congresso estabelecer um prazo até o final do mês de fevereiro, quando teremos uma reunião de trabalho em Maceió – uma comissão da qual eu faço parte –, para que os demais sindicatos providenciem e dêem entrada na documentação no Ministério do Trabalho.

MC: Uma questão suscitada pela regulamentação da profissão: quem paga a conta?

CC: Isto aí é como a questão das melancias: no andar da carroça elas se ajeitam. Atualmente o árbitro é um prestador autônomo de serviço. Na minha visão ele vai continuar sendo, num primeiro momento. Não tem como fazer uma mudança radical logo de início. Aí entra em ação a lei do mercado. Nós, como Sindicato, podemos
propor algumas coisas. Por exemplo, no dia 13 de dezembro temos a assembléia de previsão orçamentária. Logo após vou convocar todos os árbitros da letra A para juntos discutirmos. Vou transmitir o que sei sobre o assunto e as decisões do Congresso da ANAF. Minha idéia é, junto com os associados, construir, elaborar um acordo coletivo de trabalho para encaminhar para a Federação.

MC: E a relação com a categoria?

CC: A diretoria do Sindicato cuida da organização. É claro que temos algumas idéias de coisas que pretendemos fazer. Mas a diretoria precisa ser também alimentada. É uma estrada de duas mãos, nós propomos coisas para a categoria e ela também deve apresentar propostas para a diretoria. Nos 13 anos que estou no Sindicato não conquistei aprovação unânime, mas não fiz inimigos, muito pelo contrário. Esta facilidade de relacionamento com as pessoas será favorável no trato com os associados.

MC: Como conhecedor do funcionamento do Sindicato, planejas alguma mudança nesta área?

CC: O funcionamento do Sindicato será totalmente automatizado. Quero que a secretaria seja integrada com o site, onde será criada uma área específica para o associado, na qual ele poderá atualizar seus dados cadastrais sem precisar vir ao Sindicato. A parte financeira também será informatizada.

MC: Como será a relação com a FGF?

CC: Eu sempre tive uma relação muito boa com o Francisco Novelletto (presidente da FGF) e com o Luiz Fernando Moreira (diretor de Arbitragem da FGF). Levei para a Federação a proposta de fazer uma pré-temporada para todos os árbitros do Rio Grande do Sul, e não apenas os da letra A. Este foi um dos pontos que defendi durante a campanha eleitoral. Já conversei sobre isto com o Luiz Fernando e ele abraçou a idéia. Como 2014 será um ano atípico, no primeiro semestre teremos quase que somente a Copa do Mundo e o Gauchão, voltaremos a conversar sobre o assunto na metade do Campeonato Gaúcho. Possivelmente esta pré-temporada acontecerá no início do segundo semestre. Está praticamente certo que ela se realizará. Assim haveria uma padronização estadual da arbitragem, a partir da orientação da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol.

MC: O que achas da iniciativa da FGF que este ano promoveu vários campeonatos regionais?

CC: Estas competições deram mais vida às rivalidades regionais e também promoveram uma distribuição melhor de trabalho para os árbitros daquelas regiões. Porém, acho que há o risco de desvalorização. O que acontece: hoje um árbitro da letra A, ou um árbitro FIFA ou aspirante FIFA, é solicitado para trabalhar um jogo do campeonato regional e a taxa que ele recebe é inferior aquela que lhe é paga no Campeonato Gaúcho. Para que haja uma valorização do árbitro qualificado para a letra A ele tem que ser compensado para apitar um jogo da letra C. Independente da competição que apita, o árbitro deve ter o seu valor reconhecido. Se isto acontecer, os dirigentes clubes vão pensar duas vezes antes de solicitar árbitros da letra A. Desta forma, amplia-se o espaço para os árbitros de outras categorias.

MC: Qual o maior desafio da gestão?

CC: Hoje em dia com as facilidades de comunicação proporcionadas pela informática, as pessoas estão se afastando umas das outras. Cada um vive no seu mundinho perfeito das redes sociais, especialmente o facebook. As pessoas se relacionam muito superficialmente. O árbitro não foge deste contexto. Pela natureza da sua atividade, a arbitragem deve ser um grupo mais unido. Quando a equipe de arbitragem entra, seja um quarteto, um quinteto ou um sexteto, tem que ser um só, tem que ter unidade. E esta unidade tem que ser construída através do convívio pessoal, da troca de opiniões e informações. Precisamos resgatar a integração entre a categoria.

 

Currículo do presidente

Depois de atuar no futebol de salão, Castro iniciou na arbitragem de futebol tardiamente, com 37 anos, apitando competições do futebol amador, tendo feito o curso do Departamento de Árbitros da Capital. Em 1990 fez o curso da Federação Gaúcha de Futebol. Nos nove anos seguintes orgulha-se de ter trabalhado como árbitro assistente em todos os clássicos do futebol gaúcho, auxiliando nomes consagrados como Carlos Martins, Renato Marsiglia, Carlos Simon Leonardo Gaciba e Leandro Vuaden, todos do quadro FIFA.

Neste período, o árbitro mais completo que viu atuar foi Leonardo Gaciba. “Ele não fazia força para apitar. O seu abandono foi uma grande perda para a arbitragem nacional”, lamenta. Castro deixou de percorrer as laterais dos gramados em 1999 e em 2001 entrou para o Sindicato como tesoureiro na chapa liderada por José Mocellin, cargo ao qual renunciou para ingressar no quadro funcional do SAFERGS como secretário. Nesta condição, juntamente com José Mocellin, reestruturou a parte administrativa do Sindicato e continuou aprimorando-a ao longo do período em que esteve a frente da secretaria e vivenciou como poucos o funcionamento da estrutura administrativa do Sindicato e sobre as questões trabalhistas e institucionais relativas ao ofício da arbitragem de futebol.

Diretoria - 2014/2016

No dia 25 de outubro de 2013, com 122 votos a chapa 1 venceu as eleições do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio Grande do Sul, contra a chapa 2, que obteve 95 votos do eleitorado. A nova gestão, eleita para o triênio 2014/2016, está assim configurada:

Presidente: Carlos Alberto Nunes de Castro.

1º Vice-presidente: Paulo Margal Miranda.

2º Vice-presidente: Paulo Jassin Gutierrez.

1º Secretário: Marco Aurélio Magalhães.

2º Secretário: Jorge Luis Cardoso da Silva.

1º Tesoureiro: Alduino Mocelin;

2º Tesoureiro: Júlio C. Espinoza de Freitas.

Suplentes: Nairon Oberto da Silva e Juliano Orestes da Silva.

Delegados Representantes: Wilson Luiz Mastella e Paulo Roberto Silva Marcolino.

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