Foto: reprodução ANAF |
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Desde o dia 26 agosto do corrente ano, a ANAF tem um novo
presidente, bem antes desta data, quando foi lançada a sua
candidatura, o Apitonacional
estava tentando uma entrevista com Marco Antonio Martins para saber
o que pensa o novo mandatário da maior entidade de árbitros do país.
Estabelecido contato, a entrevista se tornou uma novela tanto para o
Apitonacional que insistia
quanto para Martins que ignorava nossos apelos. O novo presidente é
um tanto arredio, prefere o anonimato as grandes aparições, em um de
nossos contatos disse: "Entendo ser mais importante a entidade e não
o seu presidente. Temos que despersonalizar a ANAF, ela não pode ter
donos".
A nossa busca pela entrevista continuou durante cinco longos meses,
Martins protelava o máximo possível em responder as nossas
perguntas, mas o Apitonacional
jamais desistiu e hoje temos o prazer de disponibilizar aos nossos
internauta de forma exclusiva a primeira entrevista do novo
presidente da ANAF.
Ex jogador de futebol amador e de seleção universitária, optou pela
arbitragem quando devido a uma fratura na tíbia ficou impedido de
praticar o seu esporte favorito.
É casado com a senhora Roselene Martins, pai de duas filhas,
Coordenador administrativo do Centro de Ciências Jurídicas na
Universidade Federal de Santa Catarina e presidente licenciado do
Sinafesc-Sindicato dos árbitros de Santa Catarina.
Acompanhe abaixo a entrevista completa dividida em duas partes.
Martins árbitro e Martins dirigente de arbitragem.
Carreira do árbitro Marco Antonio Martins:
Qual foi a cidade em que o senhor nasceu?
R: Eu nasci em Florianópolis, Santa Catarina.
O que o levou a arbitragem?
R: Eu jogava futebol em clubes amadores e na seleção catarinense
universitária. Em 1992 fraturei a tíbia e a fíbula, como tive que
ficar algum tempo sem jogar futebol resolvi fazer o curso de
arbitragem, acho que deu certo, pois estou atuando até hoje.
Em que ano se formou árbitro e onde realizou o curso?
R: Me formei em 1995 na Federação Catarinense de Futebol.
Há quanto tempo trabalha no futebol local e no nacional?
R: Eu tenho 15 anos de Federação Catarinense e 10 anos de CBF.
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Membros da diretoria na primeira
gestão: Agnel Faria Mozer (Conselho fiscal), Marco
Antonio Martins (Presidente), José Pessi
(Vice-Presidente), Luiz Alberto Kallenberger (Conselho
Fiscal) e Arthur Alves Junior (Secretário Geral). |
Em quantos jogos já trabalhou na carreira?
R: Nunca fiz este controle, contudo dentre Federação Catarinense,
jogos de Liga amadora e CBF, devo ter realizado perto de 1.000
jogos.
Qual atividade exerce fora das quatro linhas?
R: Eu sou Funcionário Público Federal, trabalho como Coordenador
administrativo do Centro de Ciências Jurídicas na Universidade
Federal de Santa Catarina.
O senhor é casado? Tem filhos?
R: Sou casado com Roselene M. Martins e tenho duas lindas filhas,
Bárbara com 11 anos e Isadora com 4 anos.
Fale da importância da família para a sua carreira.
R: Ela é muito importante pois me da suporte e a tranqüilidade para
que eu exerça minhas atividades.
Qual foi o seu primeiro jogo no futebol profissional?
R: Foi Brusque e Marcilio Dias em 1996, pela segunda divisão de
Santa Catarina.
Alguma vez cometeu um erro gravíssimo durante uma partida e como
lidou com a situação?
R: Deve ter cometido, acho que não foi tão grave assim pois não
lembro.
Qual é o estádio mais difícil de apitar jogos no Brasil?
R: É o Estádio Raimundo Sampaio, mais conhecido como Independência,
fica no bairro do Horto, em Belo Horizonte, Minas Gerais, é onde o
América mineiro manda os seus jogos.
Durante algum tempo foi árbitro central, o que fez você voltar a
ser assistente (bandeirinha)?
R: A oportunidade de voltar a trabalhar em grandes jogos, um vez que
eu já tinha uma carreira de assistente já consolidada antes de mudar
para árbitro. Até acho que os assistentes poderiam atuar nos
amadores arbitrando para que possam sentir como é a função de
árbitro central. (O Apitonacional
apurou que Marco Martins esteve muito próximo de ser indicado para
ser assistente FIFA).
O ex-árbitro FIFA e atual comentarista de arbitragem da Rede
Globo de televisão Arnaldo Cézar Coelho, sempre diz que se
assistente (bandeirinha) fosse bom seria árbitro. Sua carreira foi
basicamente de assistente (bandeirinha), o que acha do comentário do
ex-arbitro?
R: Acho que o Arnaldo fala isso em tom de brincadeira.
Carreira Política de Marco Martins:
Como e porque você iniciou carreira no sindicalismo?
R: Comecei a convite do presidente do Sindicato de Canta Catarina,
naquele momento foi a forma que achei para tentar ajudar a
categoria.
Quando se tornou presidente do Sindicato dos árbitros de Santa
Catarina e até quando vai o seu mandato?
R: Me tornei presidente em 2004, fui reeleito em 2007 e meu mandato
se encerrará em 2011. No momento estou licenciado do cargo.
Porque?
R: Em Santa Catarina existe uma equipe muito boa de trabalho no
sindicato, a definição de meu nome partiu deste grupo. Não tive como
recusar e a reeleição foi uma seqüência deste trabalho.
Não é incompatível ser presidente de uma entidade de arbitragem
sendo árbitro em atividade?
R: O ideal seria que o presidente não estivesse na ativa, contudo,
falando de mim, meus ideais para a classe estão estabelecidos, disto
não abro mão, mesma estando momentaneamente na ativa. Cabe lembrar
que um dos melhores presidentes que a entidade já teve até hoje,
segundo a própria classe, foi Márcio Rezende, que em sua época foi
árbitro da ativa durante todo o seu mandato.
Espalhados pelo país, existem vários dirigentes de Sindicatos e
Associações de árbitros que também são dirigentes de Comissões de
arbitragens. Você é a favor ou contra?
R: Cada estado tem suas características. É difícil entrar nas
particularidades de cada estado sem ter um real conhecimento da
situação.
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Martins, em Brasília, defendendo
interesses da categoria |
Foi prejudicado por alguém na carreira por ser dirigente
sindical?
R: Sim, fui perseguido, todavia quando alguém quer prejudicar outra
pessoa, ele sempre achará um motivo. As vezes ser dirigente sindical
é um grande motivo. Não costumo olhar para trás.
Conta como foi.
R: Não se trata de um momento especifico. Nós dirigentes sindicais
somos tratados, de certa forma, com desconfiança.
Quando e porque decidiu ser presidente da ANAF?
R: Comecei a participar da administração da ANAF na gestão do Márcio
Rezende (2000 a 2004), nunca achei que alguém vindo de Santa
Catarina teria condições políticas para assumir a entidade, contudo,
a postura que tomamos nas ultimas duas administrações nos levou a
ser indicado a concorrer a presidência.
Enfrentou muitas resistências para compor a chapa vencedora?
R: Sim. Este País é continental, e a Diretoria executiva é composta
apenas por quatro membros.
Fale de sua trajetória no sindicalismo e das funções exercidas.
R: Iniciei na atividade sindical, dentro da arbitragem,
aproximadamente no ano de 2000, como tesoureiro do sindicato de
Santa Catarina. Logo após fui convidado a participar do conselho
fiscal da ANAF, onde fiquei por duas administrações. Em 2004 assumi
a presidência do Sindicato de Santa Catarina. Em 2007 fui eleito e
nomeado judicialmente para presidir a Junta Governativa que realizou
as eleições da ANAF e em julho deste ano fui eleito presidente da
ANAF.
Porque não houve chapa adversária na eleição da ANAF?
R: Precisamente não saberia dizer, mas creio que nossa chapa foi
montada ouvindo a maioria dos presidentes de sindicatos estaduais.
Há rumores que Jorge Rabello exigiu indicar um nome que seria
Sérgio Cristiano para compor sua chapa, com a sua recusa proibiu os
árbitros do Rio de votarem, inclusive fechando o local de votação no
meio do expediente. Isso aconteceu realmente?
R: Tudo tem um contexto. Naquela oportunidade o Rio de Janeiro
entendeu que deveria ter alguém na diretoria executiva, mas todo
processo eleitoral foi decidido por um grupo escolhido em um
congresso. De qualquer forma, um estado deste porte nunca ficará de
fora de qualquer administração. No próximo congresso, em Porto
Alegre, com certeza, vamos conversar com o Jorge Rabello ou com o
representante indicado por ele. Não estamos na arbitragem para criar
obstáculos, mas para superá-los, preferencialmente, juntos.
A sua diretoria conta com três potenciais dirigentes da
arbitragem, Arthur Alves Junior de São Paulo, Salmo Valentim do
Pernambuco e José Pessi do Rio Grande do Sul, como é a relação com
cada um deles?
R: É como a arbitragem. Tem aspectos positivos e negativos. Uma
coisa é inegável, eles gostam muito de trabalhar para as entidades
dos árbitros e nada ganham com isto. Comparativamente é como o
árbitro atuar em outros estados e repudiar quando estrangeiros atuam
em jogos de clubes brasileiros e competições internacionais. Tudo
tem um lado positivo e outro negativo. O mais importante é trabalhar
para que, apenas os positivos prevaleçam.
José Pessi era candidato a Presidência da ANAF, como conseguiu
demovê-lo da candidatura?
R: Ele abriu mão de sua candidatura em função do projeto apresentado
para a nova ANAF. Ele foi fundamental no processo eleitoral e isto
também faz parte da resposta a pergunta sobre a indicação feita pelo
presidente do Sindicato do Rio de Janeiro.
Na sua opinião o que cada administração abaixo trouxe de bom para
a entidade:
Jorge Travassos - RJ (07/03/1998 a 10/06/2000) - Márcio Rezende -
(10/06/00 a 16/04/2004) - José de Assis Aragão - SP (16/04/04 a
14/04/2007) - Jorge Paulo de Oliveira Gomes - DF (14/11/2007 a
14/11/2010).
R: Não tenho motivos para julgar, mesmo porque seria antiético e
olhar para o passado. Para não cometer injustiças vou mencionar três
grandes vitórias. Cada um, à sua maneira contribuiu de uma forma ou
de outra para o crescimento da arbitragem, mas não posso deixar de
ressaltar o grande avanço da entidade na administração do Marcio
Rezende como presidente, Sergio Corrêa secretariando e Karlito Rocha
na tesouraria. Uma trinca de ases de saudosa lembrança para os que
acompanharam cada tijolo colocado nesta construção.
Posso citar algumas conquistas importantes, tais como: Em 1998, o
projeto da Lei “Pelé” previa que os árbitros deveriam se organizar
em empresas, mas o primeiro documento da ANAF, constituída em 25 de
outubro de 1997 impediu o que poderia ser um problema negativo. Como
disse o autor do documento, “apenas a mudança da palavra empresa por
sindicatos/associações já valeu a pena terem fundado a ANAF".
Outras vitórias foi a aquisição da sede social, participação efetiva
na elaboração do estatuto do torcedor, com a ressalva que o único
voto contrário e veemente contra o sorteio foi do Márcio Rezende; a
participação de um representante no Conselho Nacional do Esporte, a
aprovação – por unanimidade – do projeto de lei que regulamenta a
atividade no senado federal.
Também não podemos deixar de mencionar a melhoria na qualidade do
material esportivo. Não condeno nenhuma ação de qualquer dirigente,
mas tudo serve de aprendizagem. Acredito que era necessário
reaprendermos a tratar os assuntos com diálogo, sendo este um dos
caminhos mais fáceis para o entendimento das pessoas.
Quais os projetos futuro da atual administração?
R: Neste primeiro momento é reestruturar a entidade, procurar
representar a categoria com ações e respostas rápidas; inserir os
árbitros e assistentes no processo. Eles devem ser ouvidos. Vamos
trabalhar para isto.
O que acha dos atuais testes físicos padrão FIFA, não são
exigências de profissionais para amadores?
R: Acho! Somos muito exigidos e cobrados o tempo todo. Creio que a
saída seria a profissionalização, porém isto só ocorrerá com a união
de todos os árbitros.
O que acha da exigência atual da mulher fazer o teste masculino?
R: Fizemos a solicitação junto à CA-CBF para que o quadro feminino
possa atuar em todas competições organizadas pela entidade com
índices femininos. (O pedido foi recusado pela CBF).
Se você fosse o responsável em mudar as regras do jogo, o que
mudaria?
R: Não nos cabe como entidade ou árbitros mudar as regras, e sim
trabalhar para que o árbitro tenha condições de aplicá-la com
segurança.
Você é a favor da tecnologia que a FIFA quer adotar no futebol?
R: Não esta claro ainda o que realmente a FIFA pretende adotar,
porém, estou mudando o meu conceito, atualmente é impossível o homem
concorrer com a tecnologia.
E quanto aos árbitros atrás dos gols?
R: como presidente acho uma excelente idéia, pois são mais dois
profissionais atuando no futebol e acredito que se deve esgotar os
recursos humanos para depois passar à tecnologia. Por outro lado,
pela minha experiência, os lances que terão participação deles será
minoritária.
Fontes ligada a esta diretoria informou que o senhor assumiu a
ANAF com R$ 3,00 reais em caixa. Verdade?
R: Esta resposta te darei num futuro próximo, após levantamento que
esta sendo realizado pelo setor financeiro da entidade.
Quando assumiu, o ex-presidente Jorge Paulo disse que iria fazer
uma devassa nas contas do ex-presidente anterior, José de Assis
Aragão, temos informações que isso nunca aconteceu. O senhor segundo
consta, assumiu a entidade com três reais em caixa, sem sede e sem
um telefone para manter contatos com os associados. A ANAF girou nos
últimos dois anos pelo menos trezentos mil reais, onde foram parar
estes recursos? Já fez ou vai fazer uma auditoria?
R: Até o momento, ainda não recebemos as contas da administração
anterior, quando recebermos vamos reunir a diretoria para deliberar
sobre a situação,
O senhor não acha que aquele que tem seu dinheiro descontado nos
jogos em favor da ANAF tem o direito de saber onde são usados esses
recursos?
R: Claro, mas é um assunto que deve ficar restrito apenas aos que
contribuem. Não precisamos expor nossa vida para terceiros que não
pagam nossas contas. A ANAF deve prestar contas apenas aos árbitros
e assistentes filiados e em dia com suas contribuições.
Como sobrevive a entidade?
R: atualmente recebemos verba de patrocínios firmados.
Qual o balanço que o senhor faz da sua gestão à frente da ANAF
nestes noventa dias?
R: Poderíamos comparar a um carro. Sem motor, combustível, pneus e
garagem para guardá-lo. Vamos trabalhar muito para colocá-lo de
volta a estrada. Quando digo isto não é nenhuma crítica a quem quer
que seja, apenas estou falando do conteúdo e não da forma como
encontrei, mesmo porque estou junto desde 2000. A César o que é de
César*, apenas isto!
* (Esse ditado popular, usado quando queremos dizer que cada um deve
receber o que merece, tem origem bíblica. A frase original se remete
ao tempo em que a Judéia, atual Israel, era uma província dominada
pelo Império Romano. Segundo diz, Jesus teria sido abordado por
fariseus que queriam descobrir se ele incentivava os judeus a não
pagarem impostos. Questionado, teria dito: “Dai a César o que é de
César, e a Deus o que é de Deus”. Com isso, Jesus aconselhava os
judeus a pagar os tributos e a não misturar o sagrado com os
assuntos mundanos).
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Com as filhas Barbara e Isadora e a
esposa Roselene Martins |
Quais os benefícios alcançados até agora?
R: Estamos retomando a caminhada, aos poucos, com as atitudes e
ações estamos sentindo uma boa receptividade. Acredito muito no
árbitro de futebol e, como diria um famoso instrutor: "ele é como um
sertanejo, antes de tudo, um forte"!
Há comentários que futuramente a ANAF pretende implantar um
seguro de vida e de acidentes para os árbitros, fale como será.
R: Teremos uma reunião em dezembro próximo com a Glaxo onde
trataremos, entre outros, deste tema.
De onde viria o financiamento deste seguro?
R: Poderá ser da Glaxo, vai depender.
A ANAF está sendo acusada de não ajudar o assistente FIFA Hilton
Moutinho, que sofreu uma lesão grave e desde então percorreu o país
em busca de recursos para a cirurgia. O que a ANAF fez para
ajudá-lo?
R: Fizemos os contatos institucionais necessários e os envolvidos
sabem disto. O principal é que o problema foi resolvido e pelas
entidades de origem, o que é digno de nota. Tivemos um outro caso
que foi solucionado, todavia não precisamos e não devemos dar
publicidade.
O site Voz do apito tem no seu logotipo a frase: "O veiculo de
comunicação oficial da ANAF e de todos os árbitros Brasileiros”,
eles podem usar a frase e tem a autorização da ANAF para isso:
R: O veiculo oficial de comunicação da entidade é o seu site na
Internet, o www.anaf.com.br.
O ex-presidente José de Assis Aragão terminou seu mandato em
abril de 2007. Quase quatro anos se passaram e até hoje o site da
entidade continua registrado em seu nome. Porque?
R: A alteração já esta sendo providenciada. Não posso responder por
outras administrações.
Pretende montar uma sede da ANAF novamente?
R: Se faz necessário que a entidade tenha uma casa, as providências
já estão sendo tomadas.
Onde?
R: Santa Catarina – Presidência; São Paulo – Secretaria, a
principio, utilizando estrutura dos sindicatos locais.
Como são as estruturas da ANAF – Quais são os cargos de eleição e
quais os que são indicados?
R: Os cargos da eleição são: Diretoria executiva composta por
presidente, vice, secretario e tesoureiro, juntamente com o conselho
fiscal. Quanto as indicações elas deverão ser propostas no congresso
da entidade, a ser realizado em 11 de dezembro, na cidade de Porto
Alegre-RS. Poderia cumprir o estatuto e nomear, mas como disse, a
decisão deve passar sempre pelo grupo.
Henrique Silva se apresenta como sendo assessor de comunicação da
ANAF, inclusive já divulgou nota em nome da presidência que depois
foi desmentida. Tem algum documento o nomeando para este cargo?
R: Isto foi uma decisão aprovada em reunião de diretoria, com o
devido registro em ata.
A imprensa Brasileira ajuda ou atrapalha?
R: Ela faz o seu papel, infelizmente como em todas as áreas existem
pessoas boas e uma minoria que destoam negativamente.
Desde que assumiu, preferiu não dar publicidade aos encontros e
viagens feitas como presidente da ANAF. Porque?
R: Este é um estilo da nossa diretoria. Entendo ser mais importante
a entidade e não o seu presidente. Temos que despersonalizar a ANAF,
ela não pode ter donos.
O senhor não acha que o associado tem o direito de saber o que é
feito em nome dele?
R: Nestes três meses de administração, estivemos presentes em todas
as atividades realizadas pela CA-CBF, onde a mesma abriu espaço para
a entidade apresentar seus projetos diretamente aos associados.
Como o senhor viu a atuação da arbitragem na Copa do Mundo?
R: Fisicamente achei que estavam muito bem. Já tecnicamente, creio
que poderiam ter um melhor desempenho. Atualmente estamos esquecendo
do talento nato dos árbitros, dando maior atenção a outros aspectos.
Pelas observações da arbitragem pelo mundo e até mesmo em nosso
país, percebe-se claramente que os recursos tecnológicos são ótimos
para absolver nossos árbitros, mas também servem como arma para
condená-los, com o agravante que decidir pela TV é uma verdadeira
covardia.
O que o senhor pensa do atual momento da arbitragem Brasileira?
R: Percebe-se claramente uma ligeira evolução. Nota-se muito esforço
por parte da CBF em aprimorar os seus árbitros, mas também temos que
considerar que a origem (estados) é o principal responsável pela
formação e treinamento. Estou no futebol há muitos anos e nunca se
realizou tanto e se renovou tanto como nos últimos anos. Se
considerarmos apenas o quadro da FIFA, de 2006 para cá, mudou-se
50%. Antigamente era uma função vitalícia, mas a velocidade e a
tecnologia encurtaram a carreira dos árbitros. Outra coisa
importante foi a formação de instrutores, a disponibilização de
material didático atualizado que levou varias federações a fundar as
suas escolas de árbitros. Às vezes sou obrigado a rir de comentários
do tipo: poderiam reunir os árbitros na segunda-feira e fazer uma
análise do trabalho realizado. Esquecem do tamanho do Brasil, de que
os árbitros precisam trabalhar no dia seguinte, etc.
Quais os trabalhos feitos pela ANAF na melhoria nos estados e a
nível nacional?
R: Não atuamos ainda nesta esfera.
O que a ANAF pode fazer para ajudar?
R: Podemos ajudar com parcerias juntamente com as demais entidades
voltadas para este fim, principalmente com os sindicatos estaduais.
Profissionalizar a arbitragem é o caminho e como seria?
R: Entendemos ser a profissionalização a melhor saída. O árbitro
ficaria a disposição para treinamentos, conferências, etc. Mas temos
alguns problemas e um deles é a dimensão do território brasileiro.
Toda América do Sul cabe dentro do Brasil e sobra muita terra ainda.
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Marco Martins e Salmo Valentim |
Qual é a sua relação com a Conaf?
R: Institucional.
Qual é a sua opinião sobre os antigos Presidentes da Conaf:
Ivens Mendes: Não tive a oportunidade de trabalhar em sua gestão.
Armando Marques: Foi importante no seu momento.
Edson Rezende: Foi muito importante, principalmente ao dar abertura
de diálogo com todos os árbitros.
Qual sua opinião sobre o atual (Sérgio Corrêa)?
R: Um grande trabalhador pela arbitragem brasileira, mas isto não é
só agora. Deveriam conhecer a biografia dele. Como todos, tem
falhas, mas sua vontade e o trabalho são marcas registradas.
Todo inicio de ano ou quando se tem polêmicas na arbitragem,
surgem rumores da saída do Sérgio Corrêa. Qual o nome seria o mais
indicado para substituí-lo se realmente ele vier a sair?
R: Na nossa administração não iremos interferir em indicações a
CA-CBF, apesar de achar que o trabalho desenvolvido pela atual
comissão está adequado.
A ANAF se reuniu recentemente com o Presidente da CBF Ricardo
Teixeira. O que foi aprovado nesta reunião?
R: O conteúdo e o resultado da reunião esta no site da ANAF, mas
aproveito para agradecer publicamente o presidente Ricardo Teixeira
que reservou um espaço na sua agenda para nos ouvir e aprovar o que
foi possível.
A ANAF também se reuniu com o Sérgio Corrêa, Presidente da
Comissão de árbitros da CBF. O que foi aprovado?
R: Também esta no site da ANAF e aproveito para agradecer a ele, a
sua comissão e os funcionários da CA/CBF pela recepção. Posso
afirmar que poucos teriam paciência para nos ouvir durante horas,
anotar e em menos de uma semana muitos dos assuntos já foram
aprovados. Está tudo no site da ANAF.
A ANAF se reuniu com a empresa Penalty. O que foi acertado?
R: Nada foi acertado, apenas fizemos uma visita de apresentação.
Fale sobre o contrato de patrocínio existente com Glaxo, será
renovado?
R: Teremos uma reunião em dezembro próximo, para inicio das
conversas.
Quais os recursos ingressam nos cofres da ANAF através deste
patrocínio?
R: Em 2010 o valor do contrato depende da utilização do dilatador
por parte dos árbitros.
O ex-presidente por conta deste patrocínio colocou em documento
que sortearia dois carros zero km para os árbitros que usassem o
dilatador nasal. Um foi sorteado e o outro? Este documento será
respeitado?
R: Neste momento estamos reestruturando a entidade, não discutimos
este fato em reunião de diretoria.
A ANAF foi criticada duramente por não ter defendido os oito
árbitros afastados por vinte dias pela CBF. Dizem que o senhor tomou
esta atitude por ser árbitro em atividade e não querer se indispor
com a CBF, verdade?
R: Isto não é verdade, fizemos os contatos com a CA/CBF, só não
achamos necessário a divulgação na época, isto foi feito agora com
nota a toda a categoria.
Muitos comentam que o senhor é presidente chapa branca, que teria
sido apoiado pela CBF e que seria pau mandado do Sérgio Corrêa. Fale
sobre isso?
R: Uma chapa construída com a maioria dos sindicatos não pode ser
considerada chapa branca. Vocês mesmo do
Apitonacional publicaram que eu não era o candidato do
Sérgio Corrêa. Se assim fosse, poderíamos dizer que todos os
presidentes da ANAF e até mesmo dos Sindicatos o são, pois todos
estão de alguma forma contribuindo para a arbitragem. Uma revelação
que faço: O presidente da CA/CBF dizia a quem perguntava que os
candidatos deles eram dois: Márcio Rezende ou Edson Rezende. O
primeiro não aceitou por conta do contrato com a Rede Globo e o
segundo está muito bem curtindo a sua aposentadoria e suas
pescarias. Se qualquer um deles aceitassem e se desejassem, eu
estaria ao lado deles, pois somos soldados da arbitragem.
Qual o futuro podemos esperar para a ANAF. Os árbitros podem
realmente acreditar que desta vez ela será tratada como uma entidade
nacional?
R. Sim, pode ter certeza que a diretoria trabalhará para que isto
aconteça, mesmo porque todos são ex-árbitros e logo também serei.
Seus agradecimentos:
Primeiramente agradeço a Deus e a minha família. Agradeço os
presidentes Delfim Pádua Peixoto Filho da Federação Catarinense de
Futebol, Dr. Ricardo Teixeira da CBF e Sérgio Corrêa da Conaf.
Agradeço aos diretores do Sinafesc, da ANAF e dos demais sindicatos.
Agradeço também aos funcionários e, principalmente aos árbitros e
assistentes de todo país. Podem ter certeza de que a diretoria da
ANAF irá trabalhar muito por vocês, principalmente pelos menos
favorecidos e que pouco participam do bolo do futebol.
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Na foto com o assistente Altemir
Hausmann e o árbitro Evandro Rogério Roman |
APITO FINAL
Nome: Marco Antonio Martins.
Formação Acadêmica: Universitária.
Apelido: Marquinho.
Data de nascimento: 23/11/1966.
Peso: 79 KG.
Altura: 1,75.
Olhos: Castanhos.
Cabelos: Pretos.
Orgulho: Minha carreira na arbitragem.
Comida preferida: Frango.
Hobby: Futebol.
Perfume: Não gosto.
Carro preferido: Não tenho preferências.
Seu carro: Palio.
Cor preferida: Preta.
Filme inesquecível: Não tenho.
Cantor: Bruno e Marrone.
Cantora: Ivete Sangalo.
Musica: Não tenho.
Ator: Lima Duarte.
Atriz: Fernanda Montenegro.
Escritor: Paulo Coelho.
Um livro: O alquimista.
Pessoa importante: Minhas filhas.
Mulher bonita: Minha esposa.
Religião: Católica.
Sonho realizado: Não sou de ter sonhos.
Sonho que ainda não realizou: Não sou de ter sonhos.
Jogo a ser esquecido: Atlético-MG X Coritiba.
Se não atuasse na arbitragem seria: Funcionário Público.
Passatempo predileto: Ficar com minhas filhas.
Ídolo no esporte: Zico.
Além do futebol, acompanha algum outro esporte: Todos.
Uma saudade: Minha mãe.
Um desejo: Que nossa administração da ANA de certo.
Obs. O Apitonacional agradece a
gentileza do senhor Marco Antonio Martins em nos conceder esta
entrevista esclarecedora, onde não se negou em responder nenhuma
perguntas por mais polemicas que fosse. Desejamos que faça um ótimo
trabalho frente a ANAF e que regate a credibilidade desta tão
sofrida entidade usada por alguns para benefícios próprios.