Entrevista

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Marcio Luiz Augusto, bandeira de primeira grandeza

Ex-jogador do Amadorzão, Márcio Luiz Augusto mora em Bauru, mas percorre o Brasil como árbitro na elite do futebol

 
13/12/2010 - Quando ouviu pela primeira vez a sugestão para fazer o curso de arbitragem, Márcio Luiz Augusto, 41 anos, torceu o nariz. Ele jogava futebol como lateral direito do Triagem, time amador na época formado por funcionários da ferrovia. Márcio era eletricista de locomotivas e boleiro por diversão. Não queria ser profissional. Numa disputa de bola, quase rompeu o tendão e precisou parar alguns meses. Foi nessa época que recebeu a sugestão, recusada num primeiro momento.

Depois, pensou melhor e fez curso na Liga Bauruense. Em 1990 começou a apitar e em 1991 fez a escola de arbitragem da Federação Paulista de Futebol. Virou profissional.  Como existiam poucos profissionais para muitas vagas, o bauruense optou pela  carreira de árbitro assistente. Deu certo. Hoje ele faz parte  da Federação Paulista e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Atua em jogos da primeira divisão, inclusive no recém-encerrado Campeonato Brasileiro. Estava, por exemplo, no clássico em que o São Paulo venceu o Santos por 4 a 3,em jogo disputado e cheio de emoção, no Morumbi.

Márcio com seu instrumento de trabalho, em casa, numa tarde de folga entre treinamentos e viagens para atuar em jogos da elite do futebol

Márcio gosta da vida que tem, mas revela que não é fácil ter a responsabilidade de  bandeirar jogos importantes. É preciso ter muito preparo físico. Quase como o de um  jogador. Por isso, ele treina três vezes por semana com o rigoroso Cabo Alcides, famoso por preparar atletas de Bauru. E duas vezes por semana freqüenta uma academia.

Todo ano, passa por maratona de testes para garantir que a saúde está em dia. E há ainda as provas teóricas, também manuais.

Árbitros e assistentes são obrigados a estar com as regras frescas na cabeça, para não correr riscos de cometer erros graves. Compensa tanta dedicação? Márcio garante que sim, não se arrepende da escolha, mas gostaria que a carreira fosse mais valorizada no mundo milionário do futebol.

Quem é e o que faz:
Nome: Márcio Luiz Augusto
Idade: 41 anos
Tempo de experiência: 20 anos
Formação: Educação física
O que faz: Árbitro assistente da Federação Paulista de Futebol e da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol)
Planos para o futuro: Trabalhar como olheiro e empresário do futebol

Futuro profissional seguirá no futebol
Ao pensar pela primeira vez em ser árbitro, Márcio logo lembrou do futebol amador, que conhecia bem. A imagem que veio a cabeça foi a de árbitros pressionados por jogadores e torcida e até agredidos sem que as punições fossem à altura da gravidade dos atos.

Com o tempo, aprendeu que no futebol profissional a situação é diferente. As punições  existem e fazem qualquer um refletir antes de adotar atitudes agressivas, antidesportivas Os xingamentos continuam e dá para dizer que são incorporados à rotina do árbitro assistente. As torcidas dos grandes times falam palavrões, ofendem as mães, jogam água... Mas não passa disso e Márcio já nem liga mais.

“Hoje para mim isso não faz mais efeito”, afirma. O que incomoda o assistente é a pouca valorização financeira de quem trabalha na arbitragem. “Os jogos da série A  envolvem muito dinheiro”, lembra. “Pela responsabilidade que temos, deveríamos ganhar mais”.

Responsabilidade, preparo físico e concentração. Numa partida como a do São Paulo contra o Santos, que bandeirou recentemente, os dois times jogam em grande velocidade. Além disso, é preciso ficar atento o tempo todo à linha de impedimento. Na carreira, o momento mais difícil foi a informação de que não poderia ser aceito para bandeirar jogos da Fifa por ter estourado a idade limite em quatro meses. “Lutei a vida inteira para chegar lá”, recorda.

O lado bom, além do sucesso profissional, é o fato de ter conhecido muitos lugares, ter feito amigos e ser reconhecido na rua por gente que assiste futebol pela TV e acompanha as atuações. “Eu gosto do que faço”.

Hoje, os planos são terminar bem a carreira, aos 45 anos, quando será obrigado a se  afastar por causa da idade. Aí, pretende dedicar-se à educação física e ao trabalho de olheiro e empresário do futebol. Relata já ter olho clínico para novos atletas, que observa em escolinhas e jogos amadores que assiste nas viagens que faz pelo país.

Márcio costuma dizer que já foi corintiano. Depois de virar árbitro, garante ter parado de torcer. Quando assiste jogos, observa mais a arbitragem, com visão crítica, do que a partida. Aprecia a tecnologia. Diz que ela é favorável, inclusive nos  replays da TV. A explicação: em grande parte dos casos, eles mostram que os árbitros e seus assistentes estavam certos. Em outras situações, revelam que não era mesmo fácil enxergar determinados fatos dentro do campo de futebol.

Márcio mora em Bauru com a mulher e as duas filhas, de nove e seis anos. Viaja para  trabalhar nos períodos de campeonatos. Conhece quase o Brasil inteiro - só falta o Rio Grande do Norte, que ainda quer visitar.

Agência BOM DIA

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