duas finais do Campeonato Paulista, uma final do Mundial Interclubes e
participou, ainda, de três olimpíadas.
A história de Romualdo se confunde com a história da arbitragem
brasileira. Com ele, o país foi representado em pelo menos cinco
eventos internacionais de peso. No maior deles, no momento mais
brilhante de sua carreira de 32 anos (entre 1958 e 1990), o
ex-árbitro apitou a final da Copa de 86. "Eu estava bem preparado,
minha mente estava sã". Disse Romualdo.
Antes, já havia apitado em três
Olimpíadas (68, 80 e 84), além da final do Mundial Interclubes de
1984, jogada em Tóquio entre o Liverpool da Inglaterra e o
Independiente da Argentina. O Independiente venceu a partida por 1x0,
gol de Percudani aos 6' se sagrando bi-campeão mundial interclubes
(73/84).
No Brasil, dirigiu as finais dos
Brasileiros de 84 e 85, no Maracanã e dos Paulistas de 76 e 79.
Aposentado, Romualdo Arppi Filho optou por trocar Santos por Caldas
Novas (GO). Nesta entrevista concedida ao
Portal 2014, ele fala sobre
o uso da tecnologia no futebol, dos erros de arbitragem em Copas e
conta histórias que fazem parte do futebol brasileiro.
Acompanhe abaixo a entrevista:
Você é a favor do uso da
tecnologia no futebol?
Não, sou contra. O futebol sempre foi assim. Se colocarmos a
tecnologia no futebol, vai mudar tudo. Será igual ao futebol
americano, parando toda hora. No final, ao invés de 90 minutos,
serão duas horas de jogo. Dúvidas fazem parte do futebol. A
única coisa boa seria colocar um chip dentro da bola, para saber
se, por exemplo, uma bola entrou ou não. Como aconteceu na
partida entre Alemanha e Inglaterra pela segunda vez em Copas, e
poderia ter mudado o resultado do jogo de 2010. Os telões
mostrarão para o público um possível erro do árbitro. A partida
poderá ficar mais tensa e aí sim os erros aumentarem.
E os dois árbitros atrás dos
gols?
Depois de tantos lances duvidosos na Copa, a Fifa está tentando
implantar outra coisa sem mudar as regras e sem colocar outro
juiz dentro de campo.
Já foi testado dois
árbitros e não deu certo, porque o critério muda de um
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No inicio da
carreira e nos dias de hoje |
para
o outro. Como será a comunicação entre os assistentes do lado do
campo e o juiz? Os assistentes de hoje são covardes, não querem
se intrometer, parecem que querem prejudicar os juízes. |
Você apitou finais no Maracanã
e no Morumbi. As áreas internas dos estádios brasileiros ficavam aquém
de estádios internacionais?
Não, não tinha problema nenhum. Os vestiários eram iguais e o caminho
do ônibus para lá e de lá para o gramado era o mesmo. As equipes
também percorriam o mesmo trajeto. A gente só se encontrava lá no
campo.
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Qual estádio é o melhor para
ser palco dos jogos da Copa em São Paulo?
Hoje seria o Morumbi. Mas os gastos são enormes e a
questão é política e não técnica. O Palestra Itália depois da
reforma será uma boa opção também. Até o Pacaembu. Como um
estádio que cabiam 70 mil pessoas, só tem capacidade para 38
mil hoje? É muito estranho. A única coisa que não pode acontecer
é a construção de outro estádio. É colocar um elefante branco na
cidade.
A diminuição da capacidade
dos estádios, na adequação aos padrões da Fifa, muda muita coisa
para o árbitro (na final de 86, 115 mil pessoas lotaram o
estádio Azteca)?
O árbitro quando chega para dirigir uma Copa já passou por
várias situações e está preparado técnica, física e mentalmente.
Seja para estádios vazios, com grandes ou pequenas capacidades.
Nunca tive problemas com grandes públicos, no sentido de ficar
nervoso. Para o árbitro tanto faz.
Como foi o início da sua
carreira? |
Foto atual |
Eu apitava na Liga de Futebol Amador
de Santos e a federação fez um curso de árbitro em 58. O
primeiro desafio foi em 1961, no Torneio no Uruguai. Depois
apitei a semifinal da Taça Brasil, entre Palmeiras e Fluminense.
Em 68, fui à Olimpíada no México. |
Como recebeu a notícia que você
estaria na Copa do Mundo?
Eu estava em férias em Itajaí-SC. Depois da preparação no Brasil, fui
ao México com 10 dias de antecedência, com todos os árbitros. Depois
teve a preparação física, que foi difícil pois tinha a altitude. Creio
que 80% do desempenho é o preparo físico do árbitro. Se ele tiver bem,
ele vai bem até o fim. Em 86, eu estava bem preparado, minha mente
estava sã. Se você está cansado, os reflexos são mais lentos e até
levar o apito à boca o lance já passou.
Nota do apito:
Quem é Romualdo Arppi Filho?
Nascido em Santos, em 07/01/1939, casado, pai de 3 filhos, corretor de
imóveis. Aos 14 anos, Romualdo começou a apitar na várzea e aos 18
anos fez o curso da Federação Paulista de Futebol. Sua foi só ocorreu
em 1959. Em 1960, Ganso - apelido pelo qual é chamado carinhosamente
pelos amigos, entrou para o quadro nacional e em 1963, com apenas 24
anos, para o quadro da FIFA. Porém, antes mesmo de receber o escudo da
FIFA, o Romualdo já tinha sentido o gostinho de uma partida
internacional. Seu primeiro jogo internacional aconteceu dois anos
antes, em 1961, quando Armando Marques o levou para trabalhar no
Torneio Internacional de Verão do Uruguai. Em Montevidéu, Romualdo
dirigiu as partidas Nacional (URU) x Boca Juniors (ARG) e Boca Juniors
(ARG) x Cerro (URU), apresentando um excelente desempenho o que lhe
garantiu o escudo da Fifa dois anos depois.
Tendo dirigido 254 partidas válidas por
Campeonatos Brasileiros, sendo duas finais, em 1984 (Fluminense 0x0
Vasco) e 1985 (Bangu 1 x 1 Coritiba), Romualdo ocupa hoje a quinta
colocação no ranking dos árbitros que mais apitaram jogos em
Campeonatos Brasileiros. Pela Federação Paulista, dirigiu as finais
de 1976 (Palmeiras 1x0 XV Piracicaba) e de 1979 (Corinthians 2x0
Ponte Preta).
"A final do Mundial Interclubes de
1984 e a finalíssima da Copa do Mundo do México, em 1986. A final da
Copa do Mundo é meu jogo inesquecível", responde Romualdo ao ser
perguntado qual foram as partidas mais importante na sua vida.