manda no apito do futebol brasileiro. Por:
Dassler Marques - TerraEsportes.
Para muita gente, a indicação do Andrés Sanchez para a CBF pressionou a
arbitragem a duas rodadas do fim do Brasileiro. O senhor acredita nisso?
Sergio Corrêa - De maneira nenhuma. O árbitro não se preocupa com
isso, quer apitar futebol. Isso é bobagem, todo ano tem a teoria da
conspiração, a mesma ladainha. Vamos colocar quem no comando das entidades?
Já vi jornalista vibrando com gol. O que faz? Demite? Cada um tem seu time e
tem que respeitar.
Os árbitros reclamam muito sobre o sorteio
para apitar os jogos. Como mudar isso?
Sergio Corrêa - É uma lei federal e tem que mudar. Gostaria que o
deputado que criticou a escolha do (Leandro) Vuaden nos ajudasse a mudar a
sistemática do sorteio. Não podemos sortear os treinadores da Seleção.
Espero que ele aproveite a oportunidade para pensar um pouco.
Observação: O deputado Marco Maia (PT-RS)
criticou durante a cerimônia do Craque do Brasileirão a escolha de Vuaden
como árbitro da competição. "Dar o prêmio depois do pênalti que ele deu no
Gre-Nal, vou te contar...", reclamou.
Algum trabalho efetivamente tem sido feito
para conseguir isso?
Sergio Corrêa - É feito o sorteio e fazemos toda semana, é aberto a
todos. Gostaria que ele não existisse, mas se existe vamos cumprir. Se as
autoridades demonstrarem a mesma disposição desse último evento, o sorteio
pode cair.
Por que há tantos árbitros de Sul e
Sudeste?
Sergio Corrêa - Estamos tentando abraçar o Brasil. Às vezes colocamos
um árbitro do Norte e do Nordeste e há uma crítica contundente, de que lá
nem futebol tem. Se eles não participarem do futebol, nunca faremos a região
prosperar.
O senhor acredita que a arbitragem pode
incorporar mais a tecnologia no futuro?
Sergio Corrêa - Existem correntes favoráveis, mas a Fifa é hoje
contrária a esse tipo de auxílio. O futuro é a tecnologia, não tem como
evitar. Daqui a pouco o árbitro vai ter uma câmera no relógio. O futuro
virá, mas hoje a Fifa só trabalha com o chip na bola. O árbitro corria 4 km
e hoje corre 12 km. Há uma evolução e isso passa pela tecnologia.
O árbitro deixará de ser tão bombardeado
pelas críticas?
Sergio Corrêa - O árbitro hoje está no limite físico e psicológico. É
tanta informação, com blogs, sites, televisões, rádios... é impossível uma
pessoa só acompanhar tudo. Precisamos ter alguma coisa daqui em diante, como
a tecnologia, um árbitro a mais, alguma situação na regra, um tribunal
punindo mais que pune. Às vezes, a legislação não ajuda os auditores a
aplicar penas mais fortes nos jogadores, nos treinadores, nos dirigentes e
nos próprios árbitros. Se não vier alguma coisa, continuaremos sendo
massacrados.
Qual sua avaliação sobre os últimos anos?
Sergio Corrêa - O jogador é um profissional de alto nível e o árbitro
tem que trabalhar e treinar nas horas vagas, alguns até perdem o emprego por
isso. Tenho um número de que a arbitragem melhorou nos últimos quatro anos.
Não fosse o trabalho de 2008 para cá, e onde renovamos, teríamos ainda mais
dificuldades. A evolução física exige o árbitro mais preparado, só que o
mais preparado é mais novo e não é experiente. Temos que conciliar e é muito
difícil.
Há uma renovação em curso?
Sergio Corrêa - Quatro anos atrás, só tínhamos o Símon apitando no
exterior. Hoje temos quatro ou cinco disputando uma ou duas vagas na próxima
Copa do Mundo. O Ricci (Sandro Meira) e o Vuaden (Leandro), eleitos pelos
jornalistas os dois melhores do país nos últimos anos, já fazem parte desse
grupo.
Há alguma perspectiva de
profissionalização dos árbitros?
Sergio Corrêa - É uma utopia. Seria muito bom se viesse, é muito
interessante, mas ninguém diz quem paga a conta. Temos 420 árbitros
espalhados pelo país, não é só a Série A. É a B, a C e a D. São 420, mais 93
mulheres. São mais de 500 profissionais. Se você coloca um salário de R$ 3
mil por mês, é R$ 513 mil por mês. Mais os impostos, quase dobra. Multiplica
por 13 meses, dá R$ 13 milhões. Então inviabiliza. O futebol não vive de
Série A.
Por que as punições aos árbitros não são
tão rígidas quanto aos jogadores?
Sergio Corrêa - O árbitro é dos que mais são punidos. Vocês não
acompanham e nós não divulgamos. O treinador não divulga os bastidores de
suas equipes, resolve internamente. Não vamos expor o ser humano. Tem erros
que não podem ser evitados. Nós já divulgamos punição ao Carlos Símon.
Quando é um erro entendido do ser humano e a gente percebe que ele tem um
histórico de grandes arbitragens, é diferente. O Pelé, o Messi e o Neymar
não jogam bem todos os jogos.
Qual é a nota da arbitragem nacional?
Sergio Corrêa - A média nacional da arbitragem em 1123 partidas é de
8,21. Os que tiraram acima estão dentro do padrão e quem tirou abaixo vai
para treinamento. É o que fazemos e não divulgamos. Na Copa do Mundo, teve
96% de acerto que a Fifa divulgou das marcações. O árbitro toma 180 decisões
por jogo. O que se admite como possível de errar? Está bom 5%? Ele vai errar
nove situações em uma partida de futebol.
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