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Carlos Jack Rodrigues Magno
Carlos Jack Rodrigues Magno se formou árbitro em 1981, aos 21 anos de idade; três anos depois, começou a atuar como auxiliar; em 1991, já apitava profissionalmente; em 1994, ingressou nos quadros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi árbitro aspirante da Fifa de 1995 a 2004, quando aposentou o apito. Neste período, realizou jogos memoráveis, incluindo quatro finais de Campeonato Paranaense e 18 Atletibas. Por muito tempo foi considerado o melhor árbitro paranaense e um dos melhores do Brasil. Somente pelo Campeonato Brasileiro, em 13 anos de atuação, foram aproximadamente 170 jogos.

Em 1996, no maior clássico paranaense, Atlético x Coritiba, uma chuva colocou o árbitro numa tremenda saia-justa. No primeiro tempo, cartão amarelo para o camisa 3 do Coxa, o zagueirão Gralak; na etapa final, cartão amarelo para o camisa 3 do Furacão, Luiz Eduardo. Mas o aguaceiro molhou o cartão, borrou a tinta, e o juiz achou que era o segundo cartão de Luiz Eduardo. Resultado: puxou o vermelho e expulsou o jogador. Paulo Rink, então atacante do Atlético, avisou o árbitro da confusão. E o tirou de uma enrascada. Luiz Eduardo, aliviado, continuou em campo.

O recuo da arbitragem, na época, mereceu elogios da crônica esportiva. Hoje fora dos gramados, Carlos Jack Rodrigues Magno, de 50 anos, só puxa o vermelho para bater o cartão no ponto eletrônico de Itaipu. Lotado na Divisão de Transportes (SGST.AD).

Contra as mudanças nas regras, segundo ele, “pênalti é interpretação, depende do posicionamento (do juiz), do ângulo. O jogador pode ter visado a bola, mas usou força

desproporcional”, pondera. Além disso, ele observa que há diferenças evidentes na forma de arbitragem: na Europa, o juiz “solta” mais o jogo; na América do Sul, segura. “Sou mais conservador porque estive lá dentro”, complementa.

O paranaense Roberto Bratz, que esteve na ultima copa do mundo, foi auxiliar de Magno na vitória do Atlético Mineiro sobre o São Paulo, por 2 a 1 em 1996, com o Mineirão lotado – quase 70 mil torcedores. “Ele é cria minha, começou comigo e trabalhamos em grandes jogos. É um excelente auxiliar e mereceu ir à Copa.” No jogo em Minas, Magno apitou um dos pênaltis mais rápidos da história do Brasileiro – aos 40 segundos de jogo.

Fuga de avental

O tempo que o curitibano Magno percorreu os gramados é quase o mesmo em que trabalha em Itaipu – 23 anos. Começou na empresa em 1987; em 1991, foi transferido para Curitiba; voltou para Tríplice Fronteira dois anos atrás. Sempre conciliando a usina com o apito.

Magno em sua sala na Divisão de Transportes: “Recursos de imagem (...) acabariam com a arbitragem”. 

E sempre colecionando histórias. Em 1997, foi escalado para um jogo polêmico, Palmeiras x Juventude, decisão de turno do Brasileiro, quando os dois times levavam na camisa o nome do mesmo patrocinador.

Mas saia-justa mesmo ele passou em Londrina, em 2002, apitando pelo Paranaense. O jogo estava 1 a 0 para o time da casa quando, no finalzinho, uma falta resulta no gol de empate do Coritiba. A torcida ficou revoltada e Magno teve de sair do estádio disfarçado, na ambulância, metido em um avental de enfermeiro. Na época, foi um susto danado. Hoje, rende boas risadas e um indisfarçável ar de nostalgia. 

Fotos:

Magno à direita, ainda no tempo de auxiliar,  longa trajetória nos gramados. Carlos Magno com a bola. No maior clássico paranaense, o Atletiba. Carlos Magno atual.
Carlos Magno puxa o vermelho em jogo do Grêmio. Na direita, a então promessa Ronaldinho Gaúcho. “Sou mais conservador porque estive lá dentro”. Após duas décadas dentro das quatro linhas, hoje ele confessa: não assiste aos jogos; assiste as arbitragens.

Magno em sua sala na Divisão de Transportes: “Recursos de imagem (...) acabariam com a arbitragem”. 

Carlos Magno mostra o “cartão vermelho” que abre as portas de Itaipu: uma vida entre a usina e os gramados.

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