Polêmicas
Cusparada:
Em 13 de outubro de 1991, também num clássico
entre Corinthians e Palmeiras, ele levou uma cusparada de Neto (foto
abaixo), então o craque alvinegro. Após ser expulso, o meia
corintiano cuspiu no rosto de José Aparecido, que relatou a
indisciplina na súmula e o jogador foi suspenso por quatro meses. A
partida terminou 2 a 1 para o Palmeiras e, além de Neto, Márcio
(Corinthians) e Toninho (Palmeiras) também foram expulsos.
Depois disso, em diversos momentos de sua
carreira na TV, o ex-camisa 10 do Corinthians admitiu o erro e em
2013 pediu desculpas publicamente ao ex-árbitro.
Final de 1993:
A história da final do Campeonato Paulista de
1993 não foi escrita apenas por jogadores de Palmeiras e
Corinthians. José Aparecido de Oliveira, árbitro da segunda final, é
um dos grandes personagens daquele dia 12 de junho. Apontado pelos
torcedores alvinegros como o grande vilão da decisão – e também alvo
de críticas por parte dos alviverdes ex-árbitro conta como foram os
dias após a final.
“Se hoje perguntassem se eu gostaria de apitar a final de 1993 eu
diria que não. Nem que fosse para ganhar R$ 1 milhão. Nada paga o
que eu passei. De benefício para minha carreira aquela partida não
trouxe nada. Eu já era um árbitro consagrado e internacional, que
apitava Libertadores e jogos de Eliminatórias de Copa do Mundo. Foi
muito difícil em todos os sentidos. Minha família não merecia passar
por tudo aquilo” – conta José Aparecido.
Aparecido diz que dificilmente vai esquecer os
dias seguintes ao 12 de junho de 1993. Nas ruas de São Paulo,
xingamentos e intimidações fizeram o banco em que trabalhava na
época oferecer apoio de quatro seguranças. Mas nem isso coibiu as
ameaças de morte, que foram desde revólver batendo no vidro de seu
carro até denúncias de bombas em sua agência.
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Final de 1993 |
Em 12 de junho de 1993, o Palmeiras bateu o
Corinthians por 3 a 0 no tempo normal e 1 a 0 na prorrogação. Quatro
jogadores foram expulsos, três do Alvinegro (Henrique, Ronaldo e
Ezequiel) e um do Alviverde (Tonhão). Há quem acredite que a
história daquela final seria outra se Edmundo também recebesse o
vermelho, por dar uma voadora em Paulo Sérgio, no fim da etapa
inicial.
Um ano e meio após a decisão do Paulistão de 1993, José Aparecido de
Oliveira sumiu das escalas de arbitragem e dos noticiários. Os jogos
de futebol foram trocados por consultas médicas que deram início ao
grande desafio da sua vida, a doença.
Escolha dos árbitros foi mistério até o dia do jogo
Na noite de sexta-feira, dia 11 de junho, o telefone tocou na
residência de José Aparecido. A ordem da Comissão de Arbitragem da
Federação Paulista de Futebol era que ele se apresentasse em um
restaurante da Grande São Paulo, no sábado, às 9h. Com bagagem e
experiência internacional, ele foi pego de surpresa ao encontrar os
também árbitros Oscar Roberto Godoi, João Paulo de Araújo e Dionísio
Roberto Domingues no local e ser informado que seria o dono do apito
da segunda decisão do Campeonato Paulista.
Apesar de ter no currículo participações nas finais do Campeonato
Brasileiro de 1990 e do Campeonato Paulista de 1992, José Aparecido
confessa que aguardava a indicação de Godoi para comandar aquele
clássico. Por determinação da federação, ele ficou com o apito e, em
mais uma decisão polêmica, os outros árbitros envolvidos na escolha
foram designados a assumir a função de auxiliares, como era chamado
os assistentes na época).
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Oscar Roberto Godoi, José Aparecido de Oliveira,
Dionísio Roberto Domingos e João Paulo Araújo |
“Não houve um sorteio, houve uma indicação de
quatro árbitros. Todos foram pegos de surpresa porque aguardávamos
que tivéssemos auxiliares também, mas nenhum foi convocado. A
Federação entendeu que um apitaria, dois seriam os bandeiras e o
outro, quarto árbitro” – conta Aparecido.
Parmalat
À época, prestou depoimento a um promotor. Não
foram encontradas provas contra ele, mas o estrago estava feito.
Colegas do banco começaram a boicotá-lo. Uma sindicância foi
instaurada para apurar se o ex-árbitro vinha desviando dinheiro de
clientes. Amigos o abandonaram.
“Houve uma denúncia anônima de que eu tinha me
vendido para a Parmalat, parceira do Palmeiras. Quebraram o meu
sigilo bancário, vasculharam tudo” - rememora.
Pressão de dirigente
Segundo matéria da Folha de São Paulo, José
Aparecido teria recebido ordens do ex-presidente da Comissão de
arbitragem da CBF, Ivens Mendes, para favorecer o Brasil no amistoso
contra o México, dia 7 de agosto de 93. O já falecido Ivens Mendes
era suspeito na época de comandar esquema de corrupção das
arbitragens e manipulação de resultados.
No jogo, que ocorreu na época das eliminatórias
para a Copa de 94 e terminou em 1 a 1, Ivens Mendes teria dito que
era preciso ganhar o amistoso para contentar a torcida, já que a
seleção não vinha bem na competição oficial, pois empatou com o
Equador em 0 a 0 e perdeu da Bolívia por 0 a 2. A recomendação era
para que qualquer lance duvidoso dentro da área fosse apitado
pênalti para o Brasil, e que o juiz expulsasse qualquer mexicano que
reclamasse.
No dia seguinte à partida, na qual um pênalti foi
marcado a favor do México, Ivens Mendes teria dito que o árbitro
seria afastado do quadro da FIFA, o que veio a acontecer cerca de
três meses depois.
Aposentadoria
José Aparecido de Oliveira se aposentou como
gerente de Banco no extinto Banespa, hoje Santander. Graduado em
contabilidade, direito, pedagogia e técnicas comerciais, dedica-se
hoje ao ramo de viagens e excursões na empresa de turismo que montou
em São Paulo.
Magoa
"Minha única mágoa com a federação foi que de 93
para 94 eu fiquei muito doente, eu tive um câncer. Eu levei 23
pontos na barriga pela cirurgia no estômago. Eu fiquei internado e
quem é que foi me ver? Ninguém. Quem me ajudou foi a minha mãe, a
minha família. Eu fiquei muito triste com isso ai. Eu me afastei do
futebol e você nunca mais me viu em lugar nenhum. Para muita gente o
Zé Aparecido morreu. Para muita gente o jogo do Corinthians com o
Palmeiras enterrou o Zé Aparecido. Pelo contrário, eu fiquei doente"
- disse o ex-árbitro em tom de desabafo.