baixada fluminense,
até meados de 1973. Em 1974, já com 31 anos, Wilson
Carlos dos Santos, via curso promovido pela Federação de Futebol do Estado
do Rio de Janeiro, ingressaria no quadro de Árbitros da Federação Carioca de
Futebol. Quem conheceu Wilson Carlos dos Santos dentro das quatro linhas e
teve o prazer de trabalhar ao lado dele, sabe que "aquele negro das canelas
finas, intransigente na disciplina em qualquer situação do jogo ou em
qualquer campo" somente dignificou a profissão e forneceu coragem e
ensinamentos aos iguais.
Disciplinador sobre todos os aspectos, Wilson Carlos dos
Santos, deu saltos decisivos na carreira, como árbitro da Confederação
Brasileira de Futebol e aspirante à FIFA, apitando jogos importantes nos
campeonatos carioca, brasileiro, Taça Libertadores da América e Mundial de
Juniores, além de partidas eliminatórias de Copas do Mundo e outras
competições.
Num dos bons momentos da carreira, Wilson Carlos apitou a
final do Campeonato Brasileiro de 1989, São Paulo 0 x 1 Vasco da Gama, no
Morumbi, e ainda mantém a sétima posição no ranking da CBF, entre os dez
árbitros que mais atuaram em jogos do Brasileirão, desde 1974, com 201
atuações.
Wilson Carlos dos Santos tinha, principalmente nos amigos
de profissão, um largo círculo de amizades e um grande número de fãs.
O assistente Djalma de Carvalho, que também cursou a turma
da Ferj em 1974, se tornou um grande amigo pessoal de Wilson Carlos desde
então, e, como grandes amigos, ficavam felizes quando faziam parte de um
mesmo trio de arbitragem numa rodada do Carioca. "Eu bandeirei muito pra
ele. Ele dava uma tranqüilidade incrível aos assistentes", enfatizou. "Ele
nasceu pra isso mesmo", completou, confirmando a vocação de Wilson Carlos
para arbitrar.
Arnaldo Cezar Coelho, comentarista de arbitragem da Rede
Globo e jornal O Dia, foi testemunha de outro show de arbitragem de Wilson
Carlos, dessa vez na preliminar de um Fla-Flu, quando Wilson estava
ingressando no quadro da Federação do Rio. "Eu, que assistia ao jogo, fiquei
tão empolgado que lhe dei um apito italiano Barilla, de presente", recordou.
"Tinha certeza de que aquele árbitro, que, até então, só havia apitado em
ligas amadoras de Nova Iguaçu, alçaria vôos mais altos", completou. E
Arnaldo não estava errado, tanto é que, anos depois, Wilson chegou aos
quadros da FIFA. A dura notícia veio de forma inesperada. "Foi com surpresa
que recebi a notícia de sua morte", lamentou.
José Roberto Wright, comentarista de arbitragem da Rede
Globo e jornal Lance!, conviveu com Wilson Carlos na arbitragem do Rio e na
FIFA. "Wilson sempre
cuidou da sua boa apresentação visual, era um belo
companheiro, além de um bom anfitrião. Certa vez, recebeu alguns árbitros em
sua casa e nos surpreendeu tocando um excelente piano elétrico, no qual era
autodidata", contou. "Como árbitro era intransigente com a indisciplina e
nunca questionaram sua idoneidade", ressaltou.
O acesso de Wilson Carlos dos Santos ao quadro da FIFA foi
marcante. Na primeira tentativa houve um fato inusitado. Foi na década de
80, quando o paulista Emídio Marques de Mesquita "ganhou" a vaga que seria
de Wilson Carlos no quadro da FIFA. O melhor árbitro brasileiro do momento
era o carioca Wilson Carlos dos Santos. Emídio Marques, entretanto, tinha
como vantagem o fato de ser poliglota, engenheiro. Em função,
principalmente, das relações de amizade com pessoas influentes, Emídio
Masques de Mesquita foi incluído no quadro FIFA e Wilson Carlos dos Santos
preterido.
Felizmente, como que por justiça Divina e depois de
permanecer "de molho" - há quem fale em preconceito de cor - no denominado
quadro de aspirantes a FIFA e aos 44 anos, Wilson Carlos dos Santos chegou a
FIFA, onde permaneceu por um ano, batendo no limite da idade para os
árbitros internacionais, 45 anos.
Trabalhou em 198 jogos de Campeonatos Brasileiros a partir
de 1974. Wilson Carlos dos Santos era um músico de qualidade. Tecladista de
mão cheia. Faleceu vitimado por um infarto em 31 de janeiro de 2005, aos 63
anos. |