Marcada por nebulosidades diversas, as eleições do
SAFESP (Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo)
referendaram como presidente o bacharel de direito Aurélio Sant’Anna
Martins, além de Regildenia de Holanda Moura na condição de vice.
Poucos meses depois, o que era previsto, de fato,
aconteceu.
Martins, obedecendo à Federação Paulista de Futebol,
tomou medidas contrárias aos interesses da categoria, contratou
amigos, sem concorrência, como fornecedores de serviços da entidade
e licenciou-se, em seguida, para concorrer ao cargo de vereador em
Jacareí/SP, apresentando-se, obviamente, como gestor de um grande
sindicato.
Regildenia, subserviente a ponto de permitir ao
licenciado presidente assinar, em seu lugar, queixa-crime contra
colunista de arbitragem, em desconformidade com o Estatuto, segue
sendo escalada para trabalhar em partidas de futebol.
Todos esses eventos, às claras, sem que um árbitro
sequer tenha coragem de denunciá-los.
Durante a semana, recebemos relatos e fotografias
dando conta de que a sede do SAFESP, fechada para o público, apesar
doutros sindicatos estarem operando, encontra-se em petição de
miséria, infestada de insetos.
Relembrando: Aurélio acusou o blogueiro Marçal, que
cobre bastidores da arbitragem, de ter invadido computadores do
SAFESP e, por conta disso, publicado documentos que revelavam a
contratação de Daniel Destro, amigo do presidente, para, sem
concorrência, efetuar serviços diversos no órgão.
Para embasar a denúncia, juntou aos autos suposta
perícia técnica assinada, justamente, por Destro, que é parte
interessada no desfecho do caso.
O que parecia apenas um ato despreparado de gente
nada intelectual pode agora tomar o efeito bumerangue, com os
acusadores, talvez, sendo flagrados em ‘falsa comunicação de crime’,
entre outros delitos.
Pelo menos é o que dá a entender parecer do
Ministério Público de São Paulo, que anulou a suposta perícia e
solicitou investigação formal da Justiça.
Aurélio, em depoimento, disse que pediu ao ‘apoiador’
Destro que ‘desse uma olhada’ para ver se identificava o suposto
invasor, ato que, por razões, óbvias, é bem diferente da contratação
e formalização de uma perícia formal, como antes indicaram no
processo.
O MP, talvez para identificar possível adulteração de
dados, ordenou a checagem de todo o procedimento indicado na suposta
investigação particular do SAFESP, para verificar se, de fato, as
medidas apontadas foram executadas.
De tudo isso, o único fato comprovado, até o momento,
é que a matéria de Marçal, indicando a contratação de Destro, sem
concorrência, para fornecer serviços ao Sindicato era verdadeira,
conforme confessado pelo próprio em depoimento.
Todo o resto será investigado.
Em menos de um ano de mandato, o bacharel Aurélio
conseguiu colocar o SAFESP nas páginas policiais, quando, em
campanha, acusava o antecessor de atos que não teve coragem, como
prometido, de auditar.