Por Luca do Amaral com supervisão de Adriana de
Barros -
www.cultura.com.br/ - 25/10/2022 10h00
Durante toda a história do futebol brasileiro, alguns
árbitros ficaram marcados por sua qualidade, seu comportamento ou
participação em lances polêmicos. Com a chegada do VAR, esperava-se
que as discussões sobre lances duvidosos fossem, aos poucos,
diminuindo. Entretanto, no Brasil, o árbitro de vídeo nunca resolveu
os problemas imaginados e decisões polêmicas continuam a acontecer.
Em entrevista ao site da TV Cultura, o jornalista e ex-árbitro da
Federação Paulista de Futebol (FPF), Marcelo Marçal, atribui a não
resolução desses problemas à falta de preparo dos profissionais que
controlam a máquina.
“O VAR foi a melhor coisa que
aconteceu para a arbitragem nos últimos 50, 100 anos. Infelizmente,
o árbitro que errar dentro de campo também vai errar na máquina. A
culpa não é da máquina. Quem toma a decisão é a pessoa que está
controlando o equipamento. Hoje em dia, as pessoas procuram culpar o
VAR e acabam estragando um item que veio para contribuir muito para
o futebol”.
O ex-árbitro ainda acredita que a
falta de cobrança e punições mais severas aos juízes atrapalha o
desenvolvimento da profissão no geral.
“Aqui no Brasil tende-se a
‘passar a mão na cabeça’ do árbitro que comete um erro absurdo, que
muda a decisão de um campeonato ou o rumo de uma partida. Ele comete
o erro e não recebe uma punição severa. Pelo contrário, esse árbitro
consegue se manter no quadro da elite por muitos anos e acaba
tirando a oportunidade de algum profissional mais jovem começar a
apitar.”
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Marcelo Marçal - Foto: Arquivo Pessoal |
Assim como o futebol tem evoluído
em questões físicas e técnicas, os árbitros têm sido obrigados a
progredir nesses parâmetros. Marcelo de Lima Henrique, de 51 anos, é
o árbitro mais experiente do quadro da CBF e comentou, em entrevista
ao site da TV Cultura, sobre o processo de adaptação da profissão.
“A diferença não está em ser o
mais forte ou o mais veloz, mas na continuidade. É preciso se
adaptar às mudanças. Eu estou no mercado há 30 anos porque eu me
adaptei às mudanças. Eu consegui acompanhar essa evolução física
criando mecanismos médicos, fisioterápicos e de alimentação. A
condição física hoje é primordial para conseguir acompanhar o
futebol de maneira veloz” - explicou.
Marcelo de Lima explica que a
melhora da estrutura disponibilizada pela CBF também foi muito
grande e que, dessa forma, os juízes de futebol têm tido um maior
respaldo para se desenvolver.
“Em um passado bastante
distante, era cada um por si. Hoje, a CBF tem um departamento
completamente estruturado à nossa disposição, com análises de vídeo
e programas para analisarmos nosso desempenho”.
O árbitro acredita que os erros e
as reclamações continuarão acontecendo, mas cabe aos envolvidos
buscar entender e avaliar os erros para tentar corrigi-los para a
próxima partida.
O Brasil terá representantes na
arbitragem da Copa do Mundo do Catar. Raphael Claus e Wilton Pereira
Sampaio serão árbitros de campo, enquanto Neuza Back, Bruno
Boschilia, Rodrigo Figueiredo, Bruno Pires e Danilo Simon serão
auxiliares no Mundial.
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Marcelo Henrique - Crédito: reprodução /
Instagram |
Marcelo de Lima Henrique acredita
que a equipe de arbitragem brasileira terá uma grande atuação no
Catar. Segundo ele, a postura e o respeito dos jogadores que estarão
na Copa irá contribuir para que os árbitros façam um bom trabalho.
“O jogador latino, em geral,
tem o nível de respeito e o nível ético muito abaixo em relação ao
restante do mundo. Os árbitros brasileiros vão voar no Catar, porque
eles terão que se preocupar apenas em apitar e fazer o certo. No
Brasil, muitas vezes você inicia uma partida já preocupado em
separar ‘briguinha’ e parar reclamação” - explica.
As informações são da TV Cultura