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    São Paulo - 26/04/2021    09:13hs

Árbitras trabalham para conquistar espaço no futebol do RN

No Rio Grande do Norte, em 2020, pela primeira vez, um trio exclusivamente feminino comandou uma partida do Campeonato Estadual

Créditos: Magnus Nascimento

Mariana Regina é, atualmente, a única árbitra central do Rio Grande do Norte. Ela é jovem e vem recebendo muitos elogios
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O ano de 2021 já está na história da arbitragem feminina de futebol. Até agora, quatro mulheres conquistaram feitos inéditos e conseguiram ser nomeadas pela primeira vez para trabalhar em competições importantes. O Mundial de Clubes da FIFA, as Eliminatórias Européias da Copa do Mundo e até o Campeonato Inglês admitiram a presença delas. No Rio Grande do Norte, ano passado, pela primeira vez, um trio exclusivamente feminino comandou uma partida do Campeonato Estadual. Esse ano, a luta das profissionais potiguares segue, estimulada por esses avanços nacionais e internacionais.

A lista dessas mulheres pioneiras tem a presença da brasileira Edina Alves Batista. A paranaense de Goioerê comemorou neste início de ano dois feitos. O primeiro foi a oportunidade de trabalhar no Mundial de Clubes, no Catar, e depois a honra de apitar o dérbi entre Palmeiras e Corinthians. Na última semana, quem entrou para história foram a francesa Stéphanie Frappart e a ucraniana Kateryna Monzul. Elas se tornaram as primeiras mulheres a trabalhar em jogos masculinos de Eliminatórias de Copa.

Da redação: Edina Alves Batista foi convocada, ontem, pela FIFA, para atuar nos jogos Olímpicos de Tóquio 2021.

O pioneirismo local contou com Aldeilma Luzia, que iniciou a carreira como árbitra assistente em 1995 e que atualmente faz parte da Comissão de Arbitragem do Rio Grande do Norte. Antes dela, em 1979, o Estado teve Maria das Graças.

“A arbitragem feminina vem crescendo de uma forma maravilhosa” - relata Aldeilma.

Ela conta que ano passado Edilene Freire, que pertence à Federação Paulista foi muito bem.

“Ela fez um excelente Campeonato Brasileiro nas séries A e B. No Rio Grande do Norte temos ainda Mariana Regina, que ainda é muito nova, mas que apita bem e estamos lapidando. Temos Lúcia e Débora também. Mas tudo isso só está ocorrendo graças ao apoio da comissão, que teve peito de lançar as meninas no Estadual do ano passado” - explica.

A Comissão local é comandada pelo Coronel Ricardo Albuquerque.

“As árbitras mais antigas passaram por todo aquele processo de não trabalhar. Quando eu assumi a Comissão comecei a dar várias oportunidades ao quadro feminino. O mesmo trabalho que faço com o masculino, faço com o feminino, isso não tenho discriminação de gênero. A gente dá apoio” - revela Albuquerque.

Ele afirma que esse crescimento entre as mulheres representa novos horizontes e as comissões passaram a ver de outra maneira.

“Em campo você vê muita diferença, inclusive do próprio respeito do atleta e da torcida com a árbitra. Elas são mais moderadas, de bom diálogo. Claro que no masculino também existem grandes árbitros. Mas a gente tem que abrir esse espaço para elas. Fui eu quem primeiro lançou um trio exclusivamente feminino e depois o quarteto” - relembra o presidente da CEAF/RN.

Entre as assistentes mais experientes do Estado está Edilene Freire. Ela conta que a formação oficial dela se deu em 2012 com a conclusão do curso de formação. Em 2013 veio a estréia no profissional pelo Campeonato Estadual e em 2015 ela ingressou no quadro nacional da CBF.

“Evoluiu no quesito teste físico e hoje faço índice masculino e estou habilitada a trabalhar nas competições nacionais nos dois quadros (masculino e feminino). Os testes teóricos e físicos são feitos anualmente e já fizemos este ano, em março.” - conta.

Edilene afirma que o crescimento das árbitras brasileiras valoriza o espaço para todas.

“Tenho uma certa proximidade com a Edina, com a Neuza e a gente sempre conversa nos grupos de whatsapp e elas nos incentivam muito. Já tem três anos consecutivos que estamos despontando e temos nomes como a Thayslane aqui do Nordeste, a Débora Cecília de Recife e outras. Não são internacionais no sentido de ter estrear fora, mas são do quadro FIFA e estão trabalhando nos Brasileiros. Como assistentes temos a Brígida, uma grande amiga e por quem tenho um carinho imenso e com quem troco conhecimentos” - diz.

Edilene foi convidada em 2016 pela Comissão Nacional de Arbitragem para fazer o primeiro curso dela, que é para Jovens Árbitras promissoras. Em 2019 ela foi chamada pela segunda vez e entrou na equipe como árbitras de elite.

“Isso tem enriquecido meu conhecimento. Isso me ajudou muito, melhorou meu conhecimento e me motivou a treinar ainda mais, porque nós que somos árbitras não podemos descansar. Temos que treinar, ter disciplina, foco e estudar bastante” - conclui.

Edilene Freire está entre as melhores assistentes do País, hoje - Créditos: Luciano Foco e Arte

JUVENTUDE

A arbitragem local ganha também com a presença de jovens talentos como Mariana Regina. Ela recebeu elogios de todos ouvidos pela reportagem que a destacam como uma árbitra muito boa que está sendo lapidada e que tem um futuro promissor.

Ela se formou no ano de 2018.

“Entrei na Arbitragem pelo desafio, minha vida sempre foi movida a desafio, Arbitragem é o meu maior! Hoje temos quatro árbitras no RN, três assistentes e eu, a única árbitra central do Estado” - explica.

Mariana conta que recebeu o incentivo da família e de um amigo árbitro.

“Nildo, lá de Arez me incentivou muito” - conta.

Para ela, cada jogo é uma grande emoção.

“É uma sensação única inexplicável. Nesses três anos de arbitragem a cada jogo que eu tenho a oportunidade de apitar é uma emoção que sinto. Graças à Deus tive muito jogos importantes na minha vida, mas o primeiro jogo profissional sempre vai ser o inesquecível, pois ter a primeira oportunidade de trabalhar em um grande jogo, é uma coisa maravilhosa que eu senti. Meu primeiro jogo profissional foi no ano de 2020 no estado Edgarzão Jogo Assum X AC potiguar, no dia 09/O1/2020” - relembra.

A árbitra afirma que tem muitos sonhos na carreira e diz que o sucesso de outras árbitras é comemorado por todas.

“Meu maior sonho é ter uma oportunidade de ir para fora do Estado do RN e mostrar que posso e tenho capacidade de apitar grandes jogos. A maior dificuldade no momento é essa pandemia que nos tirou a liberdade de viver mais intensamente e desacelerou nosso crescimento” - lamenta.

Mariana Regina também faz parte do SINDAFERN - “Eles valorizam muito o nosso trabalho” - diz.

Ela ainda pede para que o trabalho de outras mulheres locais como Edilene Freire, Débora Rayane e Lucinana Silva seja sempre valorizado.

História

Na semana passada, segunda-feira (5) a inglesa Rebecca Welch comemorou. Aos 37 anos, ela foi a primeira mulher a apitar uma partida do Campeonato Inglês. Pela quarta divisão, a árbitra estará no comando do encontro entre Harrogate Town e Port Vale. Para Rebecca, significa um prêmio para quem há dez anos largou do trabalho em cargo administrativo no serviço de saúde britânico para se tornar árbitra profissional de futebol.

"Até anos atrás, nós, mulheres, não tínhamos muitos exemplos femininos de arbitragem para seguir. Agora, temos visto vários nomes de qualidade na arbitragem e até em torneios internacionais", disse Rebecca em entrevista divulgada pela organização da liga inglesa. "Acho que é importante que as pessoas que têm a felicidade de estar na minha posição possam mostrar às outras que isso pode ser feito" - comentou.

Quem se orgulha da presença cada vez mais das mulheres no apito é a própria FIFA, entidade máxima do futebol.

"A Fifa continuará a defender o desenvolvimento da arbitragem feminina e estou confiante de que a nomeação de árbitras para os jogos masculinos será absolutamente comum no futuro" - disse o diretor do Comitê de Arbitragem, o italiano Pierluigi Collina.

O próximo passo será ter árbitras mulheres na Copa do Mundo de 2022, no Catar. Na última semana as rodadas de Eliminatórias na Europa registraram dois feitos inéditos. Pela primeira vez a Uefa nomeou mulheres para dirigirem jogos. O encontro entre Holanda e Letônia foi apitado pela francesa Stéphanie Frappart. No dia seguinte, foi vez da ucraniana Kateryna Monzul comandar a partida entre Áustria e Ilhas Faroé. Não por acaso, as duas foram também as responsáveis por comandarem as duas últimas finais do Mundial Feminino.

A francesa Stéphanie acumula também outros feitos na carreira. Foi ela a primeira mulher a apitar jogos da Liga dos Campeões e da Supercopa Europeia. Membro do quadro da Fifa desde 2009, Stéphanie acumula também uma longa experiência em jogos do futebol francês.

A brasileira Edina Batista afirma que a arbitragem vive uma transição importante. A aposta dela é que em um futuro próximo não haverá divisão entre homens e mulheres nessa função.

"Está chegando a hora de nós, os árbitros, não sermos mais tratados por gênero, mas sim por capacidade. Tudo está indo por esse caminho agora", disse. "A divisão por gênero tem de acabar. Tudo tem de ser pela competência" - afirmou.

As informações são do Tribuna do Norte

 

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