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 16/06/2020    06:12hs

Árbitro fez cirurgia de redução de estômago para realizar sonho

Formado em administração, Pedro Costa chegou a pesar 130 kg, mas mudou para realizar seus sonhos. Ele fala sobre trajetória e relembra episódio marcante antes se tornar árbitro nacional

O fato de ter precisado cruzar o Brasil na metade do ano passado, não impediu o árbitro Pedro Henrique Melo Costa, de 41 anos, de continuar escrevendo história dentro do handebol. Formado em administração e especialista em eficiência energética, ele deixou Fortaleza (CE) e se mudou para Rio Branco (AC) por causa de uma oportunidade de trabalho em uma empresa de distribuição de energia.

Pedro Costa em um de suas atuações como árbitro da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) — Foto: Arquivo pessoal
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Pedro Costa integrava o quatro de árbitros da Federação de Handebol do Estado do Ceará (FHEC), mas com a mudança de estado precisou deixar a entidade na qual era árbitro desde o início dos anos 2000. Foi então que, mesmo longe de 'casa', ele encontrou na Federação Acreana de Handebol (Fach) a oportunidade de seguir fazendo o que ama.

- Eu vim só, nunca tinha saído de perto da minha família e vim pra cá só para trabalhar. Não conhecia ninguém, a minha esposa não veio logo comigo, então eu queria ocupar meu tempo. Assim que cheguei só tinha o trabalho, terminava o expediente ia pra casa e não tinha muita coisa pra fazer - relembra ele, que entrou em contato com a presidente da Fach, Maria Rosaídes, a Bolha, após conversa com um diretor da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb).

Desde então, Pedro Costa passou a integrar o quatro de árbitros da Fach e apitar competições do calendário local. Ele é o único árbitro da entidade do Acre que também faz parte do quadro nacional da CBHb.

Início da carreira

O gosto pelo esporte começou no ensino médio, em meados da década de 90. Pedro Costa gostava de praticar futebol e futsal, mas não se destacava em nenhuma dessas modalidades. Foi no handebol que se encontrou e passou a integrar o time dos melhores da escola onde estudava.

Pedro Costa (e pé 2° E/D) foi campeão do Intermunicipal pelo Fortaleza/CEFET. — Foto: Arquivo pessoal

- Eu quando jovem participava de quase tudo, jogava futsal, futebol, mas não me destacava em nenhum. Quando fui para o segundo grau, houve essa possibilidade de ingressar no time de handebol e comecei a ter conquistas. O handebol foi que me abriu as portas. Eu sempre quis fazer parte da seleção da escola e antes jogava em tudo, mas não conseguia me destacar em nada - lembra.

Pedro Costa passou a disputar competições estaduais. Foi campeão cearense juvenil em 1996 e tri campeão cearense universitário em anos seguintes. Com currículo vitorioso, em 2001 buscou novos desafios no esporte. Tendo o pai que foi árbitro de futebol como referência, viu na arbitragem uma alternativa de alcançar novos ares.

- Meu pai sempre foi um espelho pra mim. Acompanhava ele desde criança, quando ia apitar os jogos, quando ele ia para as reuniões de arbitragem. Queria seguir os passos dele. Fiz esse curso de arbitragem só para fazer mesmo e para entender um pouco mais as regras, até para me beneficiar como atleta. Mas como atleta já tinha ganho tudo, eu não tinha mais motivação e na arbitragem tinha mais desafios, coisas que não tinha conquistado ainda. Eu percebi uma possibilidade grande e coloquei como meta essa história de ser árbitro nacional - afirma.

Até se tornar árbitro nacional, Pedro Costa teve uma longa trajetória no esporte local e regional — Foto: Arquivo pessoal

Até alcançar o objetivo de ser árbitro nacional, percorreu um longo caminho, mas sempre se destacando pelo profissionalismo e amor ao esporte. Na bagagem, coleciona atuação na final do Mundial de Handebol de Areia, em 2006, no Rio de Janeiro (RJ), e na decisão do Campeonato Brasileiro de Handebol, em 2009, em São Luís (MA). Durante 2009 e 2011, foi presidente da Liga Cearense de Handebol, entidade que geria o esporte antes da FHEC.

Fase marcante da vida

As boas atuações como árbitro local e regional renderam a Pedro Costa uma oportunidade de integrar o quatro nacional de árbitros da CBHb. Mas o porte físico era um empecilho para aprovação na entidade nacional.

Em 2008, ele chegou a pesar 130kg e acabou passando por um episódio difícil na vida e na carreira. Pedro recebeu uma oportunidade de apitar uma competição importante fora do país, no entanto acabou não indo por causa do peso.

Árbitro passou por cirurgia de redução de estômago para entrar para o quadro nacional da CBHb — Foto: Arquivo pessoal

- Para ter idéia do quanto o handebol foi importante pra mim, quando jogava eu era goleiro, mas sempre fui gordinho. Eu não era completamente obeso porque jogava ainda, mas quando larguei, chegou uma época que cheguei a pesar 130 kg. Eu tinha destaque no quadro regional na arbitragem, mas não passava para o quadro nacional porque não passava no teste físico. Em 2008, era para ter ido apitar uma competição no Uruguai e fui tirado porque disseram que eu ia fazer vergonha à arbitragem brasileira se um árbitro tão gordo fosse apitar um campeonato fora - conta.

A situação motivou Pedro a fazer uma cirurgia de redução de estômago no ano seguinte. Para ele, o episódio resume sua paixão pelo handebol.


A partir da mudança física, e sobretudo de qualidade de vida, o árbitro passou a integrar o quadro nacional de árbitros da CBHb e recebeu oportunidades de atuar em diversas competições do calendário brasileiro. No entanto, ele diz que um objetivo ainda não foi alcançado.

Atuação na final do Brasileiro de Handebol foi um dos momento mais marcantes de sua carreira — Foto: Arquivo pessoal


- Meu último sonho é participar de uma fase final de liga nacional. As principais competições do Brasil são Campeonato Brasileiro de Handebol e Liga Nacional de Handebol. A Liga Nacional já apitei uma vez a final da fase regional, quando morava no Ceará ainda. Os melhores qualificados em cada região disputam a final da Liga Nacional e tem toda uma cobertura (da imprensa), os melhores atletas do Brasil estão lá, essa é minha meta. Pelo fato de estar no Norte, como aqui têm menos competições, as possibilidades de ser visto pelo diretor são menores e fica mais difícil de conquistar o objetivo - explica.

Veja mais declarações de Pedro Costa

Atual relação com handebol

- Por conta do handebol, era convocado para jogar em outros estados, aí tinha que negociar com chefe pra faltar uma semana de trabalho e tal. Hoje continuo amando handebol, mas corre em paralelo. Minha prioridade é meu trabalho, minha família e hoje o handebol é um hobby que levo muito a sério, que faço aos finais de semana. Hoje é mais com responsabilidade, antes era uma paixão mesmo que colocava qualquer coisa.

Virtudes e carências do esporte no Acre

- O nível técnico dos atletas não fica nada a desejar como nem um outro que eu tenha visto. São muito bons mesmo porque são dedicados. Mas falta a questão do incentivo, do patrocínio, para que eles possam se desenvolver ainda mais. Uma carência grande que tem acho é a falta de intercâmbio. Acho que os atletas conseguem se desenvolver mais se conseguirem disputar competições com atletas de outros estados, porque vão entender o que estão sendo feito em outros estados.

Relação com outros árbitros da Fach

- A gente têm um grupo de árbitros que sempre passo dicas de arbitragem. Tudo que recebo do diretor (da CBHb), tenho espalhado para os árbitros locais. Não adianta só eu ter um destaque. Para uma dupla de arbitragem crescer, precisa todos os árbitros estarem bem. Eu acredito que tenho contribuído com isso, no desenvolvimento dos outros árbitros, da arbitragem como um todo.

As informações são do Globo.com - Por Kelton Pinho — Rio Branco, AC
 

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