O árbitro Feliphe da Cunha
Oliveira Cabral da Silva, de 30 anos, morreu na manhã desta
quinta-feira (9) após passar mal durante test físicicos realizados
no ultimo sabado (4), pela Federação de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro (Ferj).
A FERJ escondeu o incidente
ocorrido no sábado e só confirmou, às 20:41 desta quinta, cerca de
10 horas após a morte do árbitro.
Segundo relato de um dos árbitros
que também participou dos testes e presenciou o momento em que
Feliphe passou mal, houve negligencia por parte dos organizadores
das atividades. Veja o que ele disse:
“Aquecemos juntos, ele estava
bem. Começamos a correr e faltando cinco tiros de corrida para
acabar o vi caído. Ele ficou ali e não podíamos parar. Veio a
ambulância, mas ele só foi retirado após o fim do teste, cerca de
quatro minutos depois de cair. Ninguém chegou nele com o teste
rolando. Depois que finalizou, o colocaram em uma cadeira de rodas e
foi o momento que ele desmaiou e foi retirado da pista” - disse
árbitro.
O árbitro ainda explicou que todos
que estavam no evento sabiam que Feliphe estava mal dentro da
ambulância. No entanto, ela não foi conduzida ao hospital, pois caso
a ambulância deixasse o local, os testes teriam que ser paralisado.
“Somente vinte minutos depois
que o diretor de arbitragem apareceu, nervoso. Sem a ambulância, o
teste teria que ser paralisado. Acredito que eles queriam que a
situação do Feliphe fosse resolvida ali para que continuasse (o
teste). Mas as funcionárias da Vila Olímpica (onde foi realizado o
exame) chegaram gritando com ele, dizendo “ele tem que sair daqui”.
Foi a hora que ele se tocou” - relatou o árbitro testemunha.
Ainda segundo a testemunha, o
diretor nem sequer sabia quem havia passado mal.
“Imagina um diretor não saber
quem está dentro da ambulância. Quando ele soube quem era, que tem
oito anos de casa, ele começou a perguntar se ele estava com alguém.
Como não estava, o diretor entrou na ambulância e então saíram”.
Feliphe foi levado ao hospital quase 30 minutos depois de começar a
passar mal.
O árbitro testemunha disse ainda
que em fevereiro ambos já tinham feito o exame, mas foram
reprovados, já que não conseguiram completar as provas por causa do
calor.
“São 40 tiros de corrida de 75
metros em 15 segundos. Temos um descanso de 20 segundos entre cara
tiro, ou seja, 23 minutos no total” - explicou ele sobre a
dinâmica do teste.
Procurado, o Departamento de
Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro (DEAF-RJ), emitiu uma nota
oficial (leia abaixo) informando não saber a respeito da demora da
saída da ambulância. Questionado sobre uma mudança de horário de
treinamento por causa do calor, uma vez que o aquecimento começa às
8h, o DEAF não se posicionou.
Feliphe era casado, formado em
Educação Física e foi nadador profissional. Ele nadou pelo Vasco e
pelo Botafogo, além de integrar a seleção carioca. Ingressou no
curso da Eaferj em 2014 e fazia parte do quadro da FERJ desde 2015.
Foi promovido aos profissionais em janeiro de 2018 e participou de
diversos jogos, semifinais e finais tanto nas categorias de base,
quanto nos profissionais.
Procurada, a família de Feliphe
não teve condições emocionais para falar sobre o caso. O árbitro
será velado e enterrado nesta sexta-feira (10), no Cemitério São
Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro onde
será sepultado às 16h.
O que disse a
FERJ
De acordo com a nota da Ferj, o
árbitro de 30 anos foi prontamente atendido por uma UTI móvel e
chegou ao Hospital Estadual Dr. Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, "em
condição clínica estável e lúcido".
Confira na íntegra a nota do
Departamento de Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro (Deaf-RJ):
O
Apitonacional lamenta o ocorrido, presta seus pêsames a
esposa, amigos e demais familiares e roga a Deus pai todo poderoso
que o receba de braços abertos no reino do céu.