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    São Paulo - 27/07/2021    06:18hs

 Árbitro que deu nove minutos de acréscimos pega gancho de seis meses, fica revoltado e promete acionar Federação do Amapá na justiça

Documento com a punição teria sido imposição de Neto Góes, vice da FAF que sequer forneceu água aos árbitros

Ylleno Freitas durante Ypiranga e Santos — Foto: Rodrigo Juarez/GE-AP
 
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Na última terça-feira (20), Ypiranga e Santos jogaram no Estádio Zerão, pela abertura do Campeonato Amapaense de Futebol Profissional deste ano. O campeonato que é realizado pela Federação Amapaense de Futebol (FAF), reúne sete clubes profissionais (Ypiranga Clube, E.C Macapá, Independente e Santana) e será disputado em seis rodadas classificatórias com 27 confrontos no total. A final, após as 26 partidas entre os concorrentes, está prevista para o dia 23 de setembro.

Como não poderia ser diferente, na partida de abertura o que mais chamou a atenção foi a polemica com a arbitragem e o descaso com os profissionais que sequer tiveram água para beber e a moto do árbitro sendo danificada no estacionamento do estádio.

Devido a tumulto com banco de reserva e outras paralisações no segundo tempo, o arbitro do confronto, Ylleno Freitas da Silva, deu 8 minutos de acréscimos e acrescentou mais um totalizando nove. O Ypiranga vencia por 2 a 1 e o gol de empate foi anotado aos 54:24, motivo principal do gancho dado ao árbitro.

Veja os lances da partida abaixo.

 

Após reclamações, a comissão de arbitragem da Federação Amapaense de Futebol (FAF) afastou por seis meses o árbitro Ylleno Freitas da Silva, que durante esse tempo passara por reciclagem. O árbitro disse que não aceita a punição e que levara a FAF aos tribunais.

A decisão aconteceu após avaliação do desempenho na partida da última terça pela comissão de arbitragem. No documento assinado pela presidente da CEAF, Marilene Matta, o afastamento foi em virtude dos inúmeros equívocos ocorridos no jogo e os 9 minutos de acréscimos dado no segundo tempo, considerado um absurdo pela presidente. (veja documento abaixo).

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Procurado pelo Apitonacional, Ylleno Freitas enviou áudio falando do jogo e de todos os acontecimentos da partida. Segundo o árbitro os acréscimos foi decorrente de duas paralisações por tumulto entre jogadores nos bancos de reservas, câimbras e cai cai por parte de jogadores do Ypiranga e entende que os acréscimos poderia ser maior e que teria que acrescentar pelo menos 10 minutos.

Disse ainda que teve que beber água do chuveiro, pois a Federação sequer forneceu água para a equipe de arbitragem, que não recebeu a taxa do jogo e que sua moto foi danificada no estacionamento do estádio, o que gerou um prejuízo acima da taxa do jogo, ou seja, mais de R$ 500 reais.

Ouça o áudio do árbitro no vídeo abaixo.

O Apitonacional entrou em contato com Marilene Tavares, presidente da comissão de arbitragem do Amapá que falou sobre o ocorrido.

 

“Se a decisão dependesse somente da comissão, o árbitro passaria por aperfeiçoamento por equívocos cometidos durante a partida e não somente por conta dos acréscimos, que é passível, é claro, do entendimento do árbitro conforme as paralisações e substituições durante o jogo, mas ele não seria afastado por tanto tempo. Passaria por aperfeiçoamento e quando a comissão entendesse que deveria escalar novamente em jogos, assim seria feito” – disse Marilene.

Marilene Tavares da Matta

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Nota do Apitonacional

O Apitonacional não opina sobre os acréscimos dados pelo árbitro, pois entende que somente o profissional tem a noção dos fatos ocorridos na partida e, especialmente no segundo tempo, tem todo direito de tomar a decisão de acrescentar o tempo que julgar necessário. Mas se foi exagerado os acréscimos como diz o documento com a punição da FAF, mais exagerado foi a atitude da Federação Amapaense de Futebol com a punição esdrúxula, absurda e inaceitável que não deve se sustentar. Se faz necessário a intervenção da entidade de classe ou até mesmo da associação nacional para preservar o direito e a imagem do árbitro que agiu dentro das regras do jogo e conforme suas convicções.

 

Não custa lembrar que esta mesma FAF, paga taxa de 500 reais por partida para o árbitro, sendo a metade no jogo e o restante só Deus sabe quando, devia até o ano passado, cerca de 100 mil reais aos profissionais do apito, acumulados ao longo dos últimos anos, como amplamente denunciado neste e em outros meios de comunicação.

O Apitonacional apurou com uma fonte em Macapá, que o documento com a punição ao árbitro, teria sido redigido possivelmente sob as ordens de ‘Neto Góes’, vice-presidente e mandatário de fato na Federação Amapaense de Futebol e assinado pela dirigente da arbitragem supostamente sob ameaças de demissão.

Questionada sobre a origem do documento e se tinha sido forçada a assinar a punição, Marilene não quis entrar em detalhes e nem confirmar a informação.

Após a partida, árbitro encontra moto danificada no estacionamento do estádio Zerão - Crédito: Arquivo pessoal

O Apitonacional teve acesso aos números do segundo tempo da partida cronometrados pelo Eleven Sports, aplicativo parceiro da Federação Amapaense de Futebol. Os números foram disponibilizado pelo administrador ao árbitro, segundo ele, mediante pagamento de um valor estipulado para ter acesso aos dados que servirão futuramente como material de defesa.

2º tempo: 45 minutos = 21:30 bola rolando e 23:30 bola parada.

Acréscimos: 8 + 1 = 9 - 4:10 bola rolando e 5:50 bola parada.

 

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