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Francisco Cássio Rodrigues virou
motoboy e está trabalhando com entrega de comidas para
dois restaurantes (Foto: Beto Morais / AT) |
Se eles pudessem, certamente expulsariam o
coronavírus da nossa vida, assim como punem os jogadores com um
cartão vermelho após uma falta violenta. Figuras importantes no
futebol, árbitros e assistentes de arbitragem do Estado estão tendo,
porém, que viver outra realidade fora dos gramados com a paralisação
do esporte em virtude da pandemia.
Muitos deles viviam exclusivamente da arbitragem,
profissão regulamentada no Brasil em 2013, mas que ainda não
proporciona vínculo empregatício com as federações. Sem receber as
taxas de arbitragem pagas por jogos, eles estão fazendo o que podem
para lidar com a crise, trabalhando em outras profissões como
motoboy, entregador e professor.
A situação é a mesma vivida por muitos jogadores no
Estado, como mostrou a reportagem de A Tribuna publicada no último
dia 31.
O árbitro de campo Francisco Cássio Rodrigues, de 45
anos, por exemplo, virou motoboy e está trabalhando com entrega de
comidas para dois restaurantes, nos períodos da tarde e da noite.
Apitando jogos profissionais e amadores, ele tirava em média R$
2.500 mil por mês e agora prevê um faturamento de R$ 1.200 mil com
as entregas.
“Não está sendo fácil. Para eu poder trabalhar,
meus cunhados (Jorge e Wildes) compraram uma moto para mim na semana
passada. Estou entregando refeição na hora do almoço e franguinho de
noite até 1 hora da manhã. Vários amigos árbitros também me
ajudaram, inclusive com ajuda financeira. Mas apesar dos bicos que
estou fazendo, ainda estou precisando de um emprego fixo” -
explica.
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Neste ano, Francisco Cássio atuou, como juiz ou
quarto árbitro, em sete jogos do Capixabão, parado desde o dia 17 de
março, assim como a Segundinha Capixaba.
Outro árbitro do futebol capixaba que está entregando
comida é Luciano Andrade, de 30 anos, que é aspirante ao quadro da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e também juiz de futebol de
areia.
“Eu ia conciliar duas profissões. Me formei em
pedagogia e a formatura foi neste ano, mas não consegui trabalho por
causa da pandemia. Consegui o auxílio emergencial do governo e estou
entregando marmitas para minha mãe (Maria Nilza). Ela tem uma
miniempresa de marmitex e isso está me ajudando um pouco” -
conta.
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Luciano Andrade e a mãe Maria Nilza (Foto:
Acervo pessoal) |
Trabalhos informais para complementar auxílio da
CBF
A crise com a paralisação do futebol atinge não
apenas os árbitros que atuam no quadro da Federação de Futebol do
Espírito Santo (FES), mas também aqueles que também compõem o quadro
nacional da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e que estariam,
neste período do ano, ganhando ainda mais com as competições
nacionais que estariam em andamento.
Nos últimos dois meses, a CBF está pagando para aos
profissionais de arbitragem do quadro nacional um auxílio financeiro
que é uma antecipação de taxa de arbitragem, calculada a partir do
maior valor pago pela instituição nos jogos para cada categoria.
Davi de Oliveira Lacerda, de 24 anos, que em 2019
atuou como quarto árbitro no jogo entre Vitória e Portuguesa/RJ,
pela Série D, por exemplo, está ganhando cerca de R$ 700 mensais.
Ele, então, está precisando reforçar a renda como auxiliar
administrativo em uma loja de materiais de construções em Porto
Canoa, na Serra.
“Estou na correria. A gente tem que se readequar.
Trabalhei nessa loja até o meio do ano passado e eles me chamaram
para voltar” - explica. |
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Davi de Oliveira Lacerda está ganhando
cerca de R$ 700 e precisou reforçar a renda (Foto: Acervo
pessoal) |
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Bandeirinha do quadro da CBF, Ramires Cândido, de 34
anos, está dando aulas de reforço online de Geografia, onde tem
formação:
“Tirava R$ 4.5 mil por mês com a arbitragem.
Agora, estou dando até três aulas por semana, por R$ 50 por aula.
Mas não penso que seja a hora do futebol voltar”.
A FES também tem dado apoio aos profissionais do
quadro local. |
Bandeirinha do quadro da CBF, Ramires
Cândido está dando aulas de reforço online de Geografia
(Foto: Acervo pessoal) |
“Identificamos aqueles que estão mais necessitados
e estamos fazendo doação de cestas básicas. Eles continuam fazendo
trabalho de preparação física e técnica com treinos virtuais e
contam com acompanhamento psicológico” - explica o presidente da
federação capixaba, Gustavo Vieira.
Mulher garante o sustento
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A renda familiar do árbitro do futebol capixaba
Rogério Noia, de 43 anos, e da mulher Bianca, de 31, caiu 65% quando
o futebol parou. O casal tem uma filha de 9 anos, a Maria Luiza.
“Estamos dependendo mais da colaboração da minha
mulher, que é manicure e pedicure, e eu tinha algumas reservas, mas
nós também já vendemos produtos de limpeza e cortamos gastos” -
conta Rogério. |
Rogério Noia e a mulher Bianca, que trabalha
como manicure (Foto: Acervo pessoal) |
Ajuda do pai e saudade do campo
Bandeirinha da CBF e da Federação de Futebol do
Estado do Espírito Santo, o ex-jogador Paulo Peterson Casanova, de
34 anos, está sem trabalhar.
“Estou sofrendo bastante, mas estou tendo ajuda
financeira do meu pai (Paulo Renato). A federação também tem dado
cestas básicas e apoio psicológico. A gente está tendo provas
on-line e quando vê os lances dá uma saudade de estar dentro de
campo”. |
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Paulo Peterson Casanova está sem trabalhar
(Foto: Acervo pessoal) |