|
Arbitragem da final com as camisas
com logo nas mangas (Tupi) e nas costas (Zaeli) -
Crédito: Úrsula Nery/Agência FERJ |
Durante a partida final do campeonato carioca de
2020, onde a equipe do Flamengo venceu a do Fluminense por 1 a 0 e
faturou o seu 36º titulo carioca, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ),
fechou dois patrocínios pontuais para os uniformes da arbitragem. Os
acordos foram assinados especificamente para a finalíssima com a
empresa paranaense do ramo de alimentação Zaeli e com a Rádio Tupi.
As marcas foram estampadas nas costas e nas mangas das camisas dos
árbitros.
A Medida Provisória 984, assinada pelo Presidente
Jair Bolsonaro, permite que empresas de comunicação, estampem sua
logo em uniformes de clubes, arbitragens e instituições esportivas.
A partida, que foi disputada no dia 15 de julho, no
Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, teve comando do árbitro Grazianni Maciel
Rocha com Rodrigo Figueiredo Henrique Corrêa e Thiago Henrique Neto
Corrêa como assistentes e Philip Georg Bennett como quarto árbitro.
No VAR, atuaram João Batista de Arruda, Rodrigo Carvalhaes de
Miranda, Daniel do Espírito Santo Parro e Cláudio José de Oliveira
Soares. O quinto árbitro foi Silbert Faria Sisquim, enquanto Sergio
de Oliveira Santos atuou como analista.
Os valores dos patrocínios não foram revelados, mas
apuramos com uma pessoa do marketing da FERJ que o total teria
girado na casa dos 180 mil reais.
|
Camisa usada pela arbitragem durante
final do carioca 2020 - Crédito: Divulgação / Ferj |
Aporte de 2019 sumiu
O mesmo procedimento foi adotado na finalíssima de
2019 com o Grupo Assurê Corretagem de Seguros e a marca de moda
feminina Enjoy. A informação do aporte foi repassada pelo então
presidente da comissão de arbitragem, Jorge Rabello, que disse que o
valor de 35 mil reais apurados naquele ano seria para pagar
concentração dos árbitros, cerca de 10 o restante, cerca de 15 mil
seriam repassados aos árbitros da final. Rodrigo Carvalhaes de
Miranda apitou a final daquele ano e segundo consta, até hoje, ele e
nenhum dos outros membros da equipe de arbitragem daquela partida
receberam qualquer valor referente ao patrocínio conforme informado
por Rabello (leia).
O que eles disseram
O Apitonacional
procurou as pessoas responsáveis pela arbitragem carioca para saber
o destino da verba arrecada com o aporte e quanto foi o repasse para
os árbitros da partida final e para a entidade de classe
representativa, mas não obtivemos sucesso.
Contatado, Wagner de Almeida Santos, presidente do
sindicato dos árbitros do Estado do Rio de Janeiro e assistente
atuante do quadro FERJ, disse que ‘os contratos de patrocínios para
a partida final não foram realizados pelo sindicato e sim pela
FERJ’.
O Apitonacional conversou com
uma pessoa próxima ao presidente do SAPERJ que informou em off que o
sindicato sequer foi avisado previamente sobre as negociações do
aporte e só ficou sabendo ao ver as imagens pela televisão.
O Apitonacional
contatou também José Carlos Santiago, presidente da comissão de
arbitragem da FERJ, que não quis falar sobre o assunto e apontou o
assessor de imprensa da Federação como fonte provável das
informações. Por sua Vez, Guto Seabra, o assessor de imprensa, disse
que ia ver e retornava, o que não ocorreu até o fechamento desta
matéria.
Veja abaixo os prints das conversas.