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 08/10/2018    07:14hs

Assistente CBF diz que foi assediada por membro da Comissão de Arbitragem da Bahia

Em áudio bombástico, Patrícia Reis relata com detalhes o assédio e perseguição que afirma ter sofrido de Belmiro Silva que nega as acusações

Patrícia Reis - Crédito: FBF
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Denúncia de assédio na arbitragem não é novidade para ninguém, na ultima sexta-feira (5) surgiu mais uma. Desta vez o fato teria ocorrido no estado da Bahia, onde a assistente Patrícia dos Reis, do quadro da FBF (Federação Bahiana de Futebol) e CBF (Confederação Brasileira de Futebol), denunciou ter sido assediada por Belmiro da Silva, ex-árbitro, atual membro da CEAF baiana e instrutor de arbitragem da CBF.

Em contato com o Portal baiano Galáticos Online, Patrícia disse que o assedio ocorreu no fim de 2012 e inicio do ano seguinte e que depois, com sua recusa, virou perseguição. Para piorar a situação, Patrícia relatou que chegou a levar o caso para Vidal Cordeiro, presidente da comissão de arbitragem, no entanto, não recebeu apoio e chegou a ser orientada a esquecer o assunto para não prejudicar a carreira dela e a do seu noivo, Emerson Ricardo, que também é árbitro da FBF e CBF.

"Tudo começou em 2012 e 2013, onde ele (Belmiro) me fazia ligações quase todas as noites pedindo para ter reuniões privadas comigo, que me levaria em casa independe da hora, pois ele tinha coisas muito importantes para tratar sobre minha carreira profissional" - disse Patrícia ao Galáticos e acrescentou:

“Nos treinamentos que participava ele fazia piadas baixas e trocadilhos comigo na frente dos árbitros”.

A Árbitra relatou que na ocasião assumiu o namoro, hoje são noivos,  que mantinha com um colega da arbitragem (Emerson Ricardo) para ver se terminava o assédio que se transformou em raiva.

“Com tanta perturbação dele eu e o Emerson decidimos assumir o namoro para ver se aquilo parava. Dali em diante eu passei a ser uma árbitra ineficiente, sem preparo e ele fez questão de falar mal de mim na comissão e também do meu parceiro”.

A árbitra disse que sentiu aliviada quando Belmiro saiu da FBF, mas que tudo mudou, para pior, com a volta dele no inicio deste ano. Patrícia faz questão de frisar que todos os árbitros do quadro nacional sabiam do assédio.

“Todos os árbitros do quadro nacional sabem desse fato, pois eu mesma fiz questão de deixar sempre bem claro, pra que ninguém falasse que não sabia posteriormente”.

Belmiro Silva (óculos) durante curso da CBF ao lado do instrutor Conmebol Jorge Larrionda - Crédito: FBF

Patrícia relata também que informou o presidente da Comissão de Arbitragem e que este em vez de tomar providencias pediu para ela se acalmar e ficar quieta.

“Ao saber do que estava acontecendo, vi no presidente da comissão uma forma do assédio parar. Mas, para minha surpresa, ele pediu para que meu noivo mandasse eu me acalmar e ficar quieta, pois isso era algo muito sério e era melhor deixar quieto” – disse a arbitra que previu o fim da sua carreira.

“Ali eu vi que ele iria acabar com minha carreira, pois nem o presidente da comissão me apoiou” - frisou a assistente.

Patrícia estava convocada para o curso RAP-FIFA (Abreviação da expressão em inglês Referees Assistance Programme ou Programa de Assistência para Árbitros), mas na ultima quarta-feira (3) foi surpreendida com a exclusão do seu nome sendo informada através do WhatsApp. Após ficar sabendo que não iria participar do curso, procurou a FBF e foi informada que o motivo seria não ter participado de todos os treinos no mês anterior. No entanto, ele revela que o real motivo para exclusão do curso foi pessoal e motivado por Belmiro Silva.

“Todas as ligações podem ser verificadas com uma simples quebra de sigilo telefônico, e tudo ficará as claras, para que homens como esse entendam que não somos mercadorias, ou propriedade deles. Basta! Eu não queria me expor, nunca quis assim, mas agora eu terei a certeza que Ednaldo e Ricardo sabem”.

Desesperada, sem saber a quem recorrer e temendo pelo fim da carreira, a assistente, aos prantos, gravou áudio relatando todo ocorrido e denunciando o assedio (Ouça abaixo).

 

O que eles disseram

O Apitonacional procurou as pessoas citadas na matéria para que falassem sobre as denuncias.

Belmiro Silva

“Não existe nada disso e posso garantir que é mentira, declarações tendenciosas com o intuito de atacar a FBF (Federação Bahiana de Futebol). Eu nunca a perseguir ninguém nessa Federação, muito pelo contrário, sempre orientei a todos que comparecer aos encontros semanais e aos treinos e dessa forma mostrando o quanto era importante a capacitação profissional só e mais nada. Deixo claro também que não foi eu que tirei ela (Patrícia Reis) do curso não. De maneira alguma” – disse Belmiro.

 Vidal Cordeiro

"Eu juntamente com minha comissão só tomamos conhecimento desses fatos narrados pela assistente  no dia 03/10/2018, as 20 hs , onde estava havendo uma reunião da comissão para tratar de assuntos relacionados a detalhes técnicos da arbitragem bahiana, foi quando a mesma chegou na FBF chorando muito e adentrou a sala da comissão, foi quando a assistente trouxe a tona a situação" – disse Vidal que acrescentou:

"Iremos nos pronunciar assim que apurarmos os fato" – encerrou o dirigente.

Vidal Cordeiro - Crédito: FBF

Jucimar Dias

"Liguei para Emerson assim como ligo para vários árbitros para falar dos assuntos da arbitragem. Jamais falei em nome de Belmiro ou disse que ele seria presidente da comissão, pois assim como sou amigo de Belmiro, também sou de Vidal e não é minha índole agir dessa maneira e nem minha função que procuro desempenhar da melhor maneira possível independente de quem seja o presidente da comissão. Não entendo o porque a Patrícia envolveu meu nome nesta denuncia"  – disse o assistente por telefone.

"Não entendo o porque a Patrícia envolveu meu nome nesta denuncia"
 

SINBAF - Sindicato Baiano dos Árbitros de Futebol

O sindicato dos árbitros, que publicou nota de apoio à árbitra em sua pagina oficial, disse que, apesar da assistente não estar em dia com suas contribuições financeiras com a entidade, prestara todo apoio tanto jurídico como psicológico, assim como cobrará uma posição da FBF.

Nota do Apitonacional

Se verdadeira a denuncia, o fato é algo inadmissível, que precisa de apuração rigorosa e uma pronta resposta dos órgãos competentes da FBF, com acompanhamento dos representantes da arbitragem tanto estadual como nacional, no caso a Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) por se tratar de uma assistente do quadro nacional.

Lamentável que fatos como relatado ainda ocorra em situações como essa onde pessoas em cargo de chefia usam o poder para perseguir, intimidar e cometerem assedio, não só sexual, mas como moral.

Constantemente recebemos relatos e denuncias de situações como essa sendo praticadas em vários estados, mas sem provas não podemos publicar e acabam caindo no esquecimento. Por vez, caso como esse ocorrido na Bahia, onde um dos envolvidos, acuado, sem saída e nada a perder, toma coragem e faz a denuncia mesmo sabendo que com isso esta decretando o fim da carreira, pois o meio é corporativista e os dirigentes um protege o outro sabendo que o próximo denunciado pode ser ele.

Isso lamentavelmente ocorre até mesmo nas entidades de classe que tem obrigação de defender o árbitro, mas se calam preferindo jogar a sujeira cometida por seus dirigentes para debaixo do tapete.

Obs. Na checagem das informações, fomos informados que Belmiro Silva teria um comportamento não recomendado com a função que exerce, que a denuncia não teria sido a primeira, que o mesmo estaria tentando nos bastidores uma forma de assumir a comissão de arbitragem e que teria sido dispensado desta mesma função em 2015 justamente por supostamente dizer a quem quisesse ouvir, nos bastidores, que seria o futuro presidente da comissão.

Já as informações sobre Patrícia Reis dão conta que ele tem temperamento explosivo, questiona tudo com regularidade e não respeita hierarquia.  

Procurada para esclarecer essas informações, a assistente não respondeu até a publicação desta matéria.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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