Assistente recebe pedido de desculpas por
ofensas machistas de torcedores
Chamada de ´piranha’ por torcedores no intervalo,
Katiuscia Mendonça recebeu pedido formal de desculpas do
presidente do Botafogo
Durcesio Mello e Katiuscia Mendonça -
Crédito: Botafogo
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Botafogo e Brusque, de Santa
Catarina, jogaram na ultima quarta-feira (20), pela 31ª rodada da
Série B do campeonato Brasileiro. O time da estrela solitária venceu
a partida, disputada no Estádio Nilton Santos (Engenhão), no Rio de
Janeiro, por 3 a 0. Mas o que chamou mais atenção na partida foram
cenas de machismo e intolerância contra a assistente Katiuscia Mayer
Berger Mendonça, do Espírito Santo, protagonizada por alguns
torcedores do Botafogo, que acompanhavam a partida ao xingar a
assistente de ´piranha’ na saída para o intervalo.
As ofensas da torcida foram parar
na súmula da partida. O árbitro Dyorgines José Padovani relatou o
caso.
“Ao sair do campo do jogo no
intervalo da partida, a torcida de equipe mandante gritou em direção
à assistente Katiuscia Mendonça repetidas vezes a palavra “piranha,
piranha, piranha “ - relatou Padovani.
As ofensas dirigidas a assistente
(veja vídeo abaixo)
foram supostamente “motivadas” por anular um gol legitimo do
Botafogo, sendo em seguida corrigida pelo VAR que considerou a
marcação feita pela assistente como equivocada. Já no segundo tempo
da partida Katiuscia anulou um gol do Brusque e ouviu gritos de
“princesa”.
No entanto após o fim da partida,
o Botafogo formalizou um pedido de desculpas a assistente, que foi
assinada e entregue pelo próprio presidente do clube, Durcesio
Mello. Na carta o clube busca a retratação com Katiuscia e afirma
que não compactua com a postura adotada pelos torcedores e que
confiam no trabalho realizado pela auxiliar.
O pedido de desculpas do Botafogo
também foi relatado na sumula da partida.
“Ao término da partida, o
presidente do Botafogo FR, senhor Durcesio Mello, se dirigiu até a
assistente com um pedido formal de desculpas através de uma carta,
relatando que o Botafogo FR não compactua das ofensas proferidas
pelos torcedores “ – disse o arbitro no relatório.
Apesar de contar com campo
especifico para relatório na sumula, a assistente não relatou o
ocorrido.
Confira abaixo a carta com pedido
de desculpas do Botafogo.
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Opinião
Apitonacional
Claro que o pedido de desculpas
por parte do Botafogo é louvável e bem-vinda, mas é claro também a
intenção de faturar prestigio defendendo uma causa politicamente
correta e de forma pensada para passar boa imagem do clube e isso
fica bem claro ao fazer a encenação do pedido formal de desculpas
ainda dentro de campo devidamente registrado nas mídias sociais do
clube antes mesmo do termino da partida.
Passa a ser obrigação do Botafogo agir da
mesma maneira quando qualquer outra pessoa for ofendida durante uma
partida do clube em seus domínios, independentemente do gênero, pois
é comum jogadores adversários, principalmente goleiros, árbitros e
assistentes de arbitragem, do sexo masculino, serem chamados de "bicha, viado" entre
outros adjetivos pejorativos e preconceituosos nos campos de
futebol.
O profissional da arbitragem,
desempenhando suas funções dentro de campo, seja em competições
masculina ou feminino, não deve ser visto e respeitado pelo sexo ou
gênero e sim como árbitro de futebol.
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O Clube também deve pedido formal
de desculpas a ex-assistente de arbitragem Ana Paula de Oliveira.
Ana teve a carreira marcada por ter anulado por impedimento,
equivocadamente, dois gols do Botafogo na semifinal da Copa do
Brasil de 2007, contra o Figueirense. Na ocasião, o vice-presidente
de futebol do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, xingou a
assistente.
“Se ela tivesse errado uma vez acreditaria que é porque é ruim.
Mas como foi duas vezes, digo que é mal-intencionada.
Talvez estivesse naqueles dias"
- disse o dirigente.
A pergunta que fica é: teria
ocorrido o pedido de desculpas do Botafogo caso tivesse perdido a
partida?