A Associação Nacional dos Árbitros
de Futebol (ANAF) se posicionou após as acusações de John Textor,
dono da SAF do Botafogo, sobre manipulação de resultados no futebol
brasileiro. A entidade defende a paralisação do Campeonato
Brasileiro.
A nota, assinada por Salmo
Valentim, presidente da ANAF, diz ainda que a arbitragem brasileira
chegou ao fundo do poço, sendo exposta no Senado Federal por um
dirigente inconsequente que, mesmo sem provas, insiste em dizer que
o Brasil possui árbitros que manipulam resultados.
Além disso, a entidade afirmou que
há árbitros insatisfeitos e dispostos a protestar nas próximas
rodadas do Brasileirão. A nota também criticou o presidente da CBF,
Ednaldo Rodrigues, e o presidente da comissão de arbitragem, Wilson
Seneme.
O posicionamento da ANAF acontece no dia seguinte ao depoimento de
John Textor na CPI da Manipulação de Jogos.
O que diz John Textor
O americano foi o primeiro
convidado a depor por causa das declarações recentes, onde afirmou
que "tem provas de que o Palmeiras vem sendo beneficiado por dois
anos" e acusou cinco jogadores do São Paulo de terem manipulado a
goleada sofrida para o Alviverde no Brasileirão do ano passado.
Depois de falar por mais de uma
hora no Senado na segunda-feira (22), Textor participou de uma
reunião secreta onde mostrou todas as evidências que possui,
revelando nomes que supostamente estão envolvidos em manipulação de
resultados. Além disso, também mostrou jogos, baseados em mais de
180 páginas de relatórios da empresa francesa "Good Game!", que
poderiam ter passado por influência.
Textor também mostrou vídeos,
alegando possíveis movimentações estranhas de lances suspeitos. Isto
já havia sido mostrado em reunião com Felipe Bevilacqua,
vice-presidente do STJD, em reunião com a instituição na última
sexta-feira (19).
A novidade passou por análises de
lances do VAR. Textor alegou que nem tudo que é mostrado para o
telespectador e aos árbitros no monitor é 100% fiel em relação ao
que aconteceu em campo. Ele mostrou comparações e deu exemplos. Este
foi considerado o fator mais impressionante pelos presentes na
reunião para prosseguir com as análises.
Veja a nota da ANAF
"OS ÁRBITROS PRECISAM SE UNIR E
PARALISAR O CAMPEONATO BRASILEIRO; COMPETIÇÃO ESTÁ EM XEQUE APÓS
ACUSAÇÕES DE TEXTOR QUE COLOCAM O VAR SOB SUSPEIÇÃO
Não há outro caminho: É PRECISO
PARAR O BRASILEIRÃO 2024 antes que façam o VAR virar caso de
polícia. Tenho recebido inúmeros telefonemas de árbitros
insatisfeitos e já há um volumoso grupo que deseja, em protesto ao
que está ocorrendo, interromper o campeonato brasileiro já nas
próximas rodadas.
Tudo isso ocorre graças a um
show de horrores onde o protagonista principal é o ex-afastado
presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que anda mais preocupado com o
seu volumoso salário na entidade, do que, por exemplo, em pagar as
ÁRBITRAS que estão trabalhando de graça para a CBF. Desde o ano
passado, a arbitragem feminina atua sem receber em diversos torneios
femininos nacionais. Isso mostra bem o retrocesso que sua gestão
causa ao futebol e à arbitragem brasileira.
Eu já disse algumas vezes que
Wilson Seneme é despreparado para estar no cargo que assumiu sem
nenhum projeto. Aliás, qual a formação acadêmica dele?
Não precisa ser especialista no
assunto para atestar que o ex-diretor de árbitros da Conmebol,
demitido após pressão de alguns países, por bom senso, diante de
tudo o que estamos vendo e vivendo, no mínimo deveria ser afastado.
Ele não tem comando e fez a arbitragem brasileira chegar ao fundo do
poço, sendo exposta no Senado Federal por um dirigente inconsequente
que mesmo sem provas, insiste em dizer que o Brasil possui árbitros
que manipulam resultados. Isso pōe não só o VAR sob suspeição, como
pode gerar sérios prejuízos à imagem da arbitragem.
Pelo bem do futebol, o
BRASILEIRÃO precisa ser paralisado! E uma boa parcela de árbitros
está disposta a dar esse grito de liberdade por não aguentarem mais
tamanha indiferença e pouco caso por parte do presidente da CBF que
em respeito ao futebol deveria ter vergonha na cara e renunciar!
Salmo Valentim - Presidente da
ANAF."
O que diz os árbitros
A orientação para a paralisação do
Campeonato Brasileiro, não foi bem recebida por alguns árbitros,
principalmente os do quadro da CBF – Confederação Brasileira de
Futebol - que são ligados a ABRAFUT, entidade criada recentemente
com fortes ligações com a entidade nacional. Alguns dizem que a
própria CBF estaria por trás da fundação desta associação criadas
por árbitros do quadro nacional e que, desde sua criação, defendeu
abertamente varias vezes os interesses da CBF.
Enquanto a Abrafut tem boa relação
com a confederação brasileira de futebol, inclusive participando de
reuniões com o chefe da comissão de arbitragem, Wilson Luiz Seneme.
Portanto, a chance de a Abrafut, onde está a elite dos árbitros,
liderar uma paralisação dos profissionais é nula, pelo menos no
contexto atual.
Já a Anaf, que foi fundada em 1997
e agrega árbitros de todas as divisões do futebol brasileiro, faz
oposição ferrenha e aberta a Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.
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Gustavo Ramos Melo - Foto crédito:
Matheus Vieira/CEC |
Um deles é Gustavo Ramos Melo, do quadro da Federação Paraense de
Futebol (FPF. Segundo reportagem do Portal ‘O liberal`. Segundo
Melo, o comunicado da ANAF deve ser entendido mais como uma
manifestação política do que uma orientação ao quadro de arbitragem
brasileiro. Ele acredita que o futebol do país seria prejudicado com
uma possível paralisação do campeonato.
"Embora a ANAF seja uma associação nacional, existe outra entidade
que dialoga com a CBF, que é a Abrafut [Associação de Árbitros de
Futebol do Brasil]. A ANAF, que publicou a nota, se posiciona
contrária à atual direção da CBF [Confederação Brasileira de
Futebol]. A gente entende, de forma geral, que essa paralisação não
é oportuna. Existem, no momento, apenas indícios de manipulação, mas
não provas" - explicou.
Sobre a investigação da CPI, Gustavo defende que, caso sejam
confirmados os indícios de manipulação, os culpados devem ser
punidos. No entanto, nem neste caso, ele concorda que o Brasileirão
seja paralisado.
"Defendo a punição de envolvidos, caso sejam comprovados
envolvimentos de árbitros, dirigentes ou jogadores em manipulação.
Mas não há necessidade de paralisação do torneio neste caso. Aqueles
que tiverem participação confirmada, devem ser punidos, mas não
podemos punir um grupo em detrimento de poucas pessoas. O futebol é
uma engrenagem que impacta muita gente, desde o pequeno comerciante
até o jogador. Todos fazem parte do processo" - ponderou.
Segundo o Portal, outros árbitros foram contatados, mas não quiseram
se posicionar.