A escala para apitar um jogo do futebol feminino tem
uma enorme diferença no bolso do árbitro que está acostumado a atuar
em partidas masculinas de torneios de elite. O Blog do Allan Simon
teve acesso a um ofício assinado pelo presidente da Comissão de
Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, e enviado aos clubes
participantes do Brasileirão Feminino Série A1 no começo de
fevereiro.
Vale lembrar que árbitros de futebol não são
profissionais, ou seja, não possuem contrato de trabalho com as
entidades que organizam as competições. Ganham apenas taxas pelos
jogos que apitam. E, no caso do Brasileirão Feminino, esse valor
fica em um terço, em média, do que recebem os árbitros nas primeiras
fases da Copa do Brasil.
A diferença para o masculino certamente é muito
maior, mas a CBF ainda não definiu os valores das taxas para 2020.
Enquanto um árbitro FIFA ou Máster da CBF ganha R$
2,6 mil para apitar um duelo da primeira fase da Copa do Brasil,
essa mesma pessoa recebe R$ 820 para comandar uma partida do
Brasileirão Feminino. Se for do quadro básico o valor de um jogo na
competição nacional masculina é de R$ 2,2 mil, caindo para R$ 760 no
torneio mais importante do calendário da CBF para as mulheres (veja
abaixo).
Para quem atua como assistente, os populares
“bandeirinhas”, também existe queda semelhante. Quem é dos quadros
FIFA e Máster recebe R$ 1.560 em um jogo da Copa do Brasil, enquanto
a taxa no Brasileirão Feminino é de R$ 490. Árbitros do quadro
básico recebem R$ 1.320 e R$ 450, respectivamente.
No caso de quem faz o papel de quarto árbitro os
valores são bem mais baixos mantendo a diferença proporcional.
Quem é do quadro básico, recebe R$ 550 para ser
reserva na Copa do Brasil e R$ 190 no Brasileirão Feminino. Se for
FIFA ou Máster, ganha R$ 650 (R$ 100 a mais) na competição
masculina, mas nenhum centavo a mais no campeonato feminino, levando
os mesmos R$ 190.
O valor que a equipe de arbitragem recebe como
diárias para hospedagem e deslocamentos, no entanto, é igual no caso
de transportes terrestres dentro do próprio estado. Não há
modalidade aérea no Brasileirão Feminino. Para transportes
terrestres entre estados diferentes, só há valores maiores na Copa
do Brasil para distâncias acima dos 600 km entre o local de
residência do árbitro e o da realização do jogo.
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A forte equipe de arbitragem catarinense
em ação no brasileiro feminino de 2019 |
Importante também recordar que os valores na Copa do
Brasil aumentam a partir das oitavas de final, recebendo nova
valorização na semifinal e outra na grande decisão.
Embora não seja ainda possível estabelecer uma
comparação com o Campeonato Brasileiro masculino em 2020, já que a
CBF precisa definir os valores das taxas, é fato que o Brasileirão
Feminino paga muito menos que a Série D, a quarta divisão nacional
dos homens. Mas só para quem é do quadro da FIFA ou Máster.
O Blog do Allan Simon também teve acesso ao ofício de
2018, na gestão do Coronel Marcos Marinho à frente da Comissão de
Arbitragem. Um árbitro das categorias de elite recebia R$ 2.020 por
um jogo na primeira fase da Série D. Imaginando que esse valor possa
ter sido reajustado nestes dois anos, a taxa ficará próxima ao que é
pago na Copa do Brasil.
Mas quem é do quadro de arbitragem comum recebia R$
780 pelos jogos da primeira fase da quarta divisão nacional
masculina há duas temporadas. Ou seja, um valor mais parecido (mas
ainda mais alto) que o recebido por eles atualmente no Brasileirão
Feminino.
Na Série A, um árbitro Fifa já tirava mais de R$ 4
mil por jogo em 2018. Quem apitar a final da Copa do Brasil de 2020
vai levar R$ 10 mil se for dos quadros mais altos na hierarquia da
CBF.
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Futebol feminino considerado amador no
país - Crédito: Rubens Chiri/São Paulo FC |
Quem paga a taxa de arbitragem
Os clubes mandantes. O ofício é enviado aos times que
participam do campeonato justamente para que eles tenham tabelado os
valores que deverão pagar aos times de arbitragem ao longo da
competição.
Caso um time deixe de pagar a taxa, o árbitro deverá
colocar no relatório oficial do jogo essa informação. Também é
necessário que conste em súmula caso a equipe mandante pague em
cheque.
A CBF considera como responsabilidade dos árbitros a
contagem e conferência de cédulas de dinheiro recebidas como
pagamento das taxas.
Os clubes arcam com todo o valor
das taxas de arbitragem
A CBF dá uma ajuda de custo no caso do Brasileirão
Feminino de até R$ 10 mil para cobrir despesas de arbitragens,
gandulas e ambulâncias, tudo no mesmo pacote.
A entidade reembolsa os valores gastos com árbitros
no Brasileirão masculino nas séries C e D. No caso da Série B, o
reembolso também existe, mas fica condicionado à assinatura do
contrato coletivo de direitos de transmissão.