Crédito: Gazeta Press |
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Clovis Amaral durante partida pela
CBF |
Quando ele fez o curso de árbitro,
meio que por acaso, não tinha noção que a profissão lhe traria
tantas conquistas, viagens e amizades. Formado na turma de 2002
tendo como professores nomes renomados da arbitragem pernambucana e
nacional como o saudoso Valdomiro Mathias (falecido recentemente) e
a lenda Francisco Domingos, que dispensa comentários, Clovis Amaral
da Silva, 37 anos (06/04/81), se tornou um dos principais
assistentes da arbitragem brasileira sendo integrante do seleto
grupo de elite da Seleção Nacional dos Árbitros de Futebol (SENAF)
da CBF.
Nascido e criado em Recife-PE, onde
reside, o filho do Luiz Amaral e da dona Marlene, oriundos de Orobó,
município de pouco mais de 20 mil habitantes no agreste
pernambucano, que vieram para Recife a mais de 40 anos por conta do
trabalho – são empresários no ramo farmacêutico -, já percorreu
praticamente todas as regiões do país atuando como árbitro
assistente, mas ele quer mais, ele quer atuar em terras estrangeiras
representando a arbitragem brasileira, mas para isso terá que
realizar seu maior sonho, conquistar o escudo da FIFA.
O bom desempenho nas partidas, a
regularidade, as qualificações técnicas e físicas aliadas ao pilar
social o qualifica para tamanho honraria de ser do quadro
internacional, mas as tentativas vem batendo no poste. No ano
passado fez todo processo seletivo e os rumores davam como certa,
mas a promoção não veio. Mas nada de desanimo, pelo contrario,
aumentou a carga de treinamentos, de dedicação e concentração em
busca do objetivo. Este ano ele continua firme na busca pelo escudo
internacional, pois fez o RAP-FIFA, testes físicos realizados no
final de agosto em Campinas para árbitros FIFA e alguns convidados
que estão sendo observado para um ingresso futuro no quadro
internacional. O trabalho foi feito como sempre da melhor maneira
possível, mas a lista do quadro FIFA 2019 será divulgada até o final
do ano e Clovis Amaral tem todos os pré-requisitos para fazer parte
dela.
Com intuito de conhecê-lo um pouco
melhor, o Apitonacional procurou
Clovis Amaral, um rapaz simples, educado, querido pelos amigos e por
todos da arbitragem que abriu seu coração falando sobre sua vida
pessoal e sobre a arbitragem que surgiu por acaso, mas que
rapidamente virou paixão. Leia abaixo o resumo.
Família
Somos três irmãos, o Luiz que é técnico em eletrotécnica é o mais
velho, eu sou o do meio e tem o Flávio, o caçula que é taxista.
Gosto muito da minha família, meus
pais são muito trabalhadores, sempre buscaram o melhor para seus
filhos e conseguiram. Tenho muito orgulho dos dois e apesar de
sermos um pouco fechados para conversas posso dizer que nunca faltou
apoio para o que precisasse fazer. O mesmo digo dos meus irmãos que
sempre me ajudam e apóiam em tudo. Dei muita sorte em nascer nessa
familia!
Sou casado há oito anos com a Camila e
temos dois filhos, Beatriz de cinco anos e o caçulinha Pedro de dois
meses. Minha esposa é professora de educação física. Ela e meus
filhos são outras dádivas que Deus me deu. Os amo muito, recebo
total apoio e carinho deles apesar do tempo que fico longe de casa.
Tempo para conciliar família, trabalho
e arbitragem é uma das coisas mais difíceis dentro deste processo.
Tento sempre fazer o máximo para ficar com a família quando não
estou trabalhando, seja na farmácia ou na arbitragem. Procuro ficar
em casa ou sair junto com eles, indo à praia, parques e outros
lugares que eles gostam, já que fico bastante tempo fora devido o
trabalho e as viagens para os jogos.
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Foto de 2013 mostra Clovis com a Mãe
Marlene Amaral, a esposa Camila e a filhinha recém
nascida Camila |
Curso de árbitro
Fiz o curso de árbitro por indicação de Aldir Pereira, ex assistente
do quadro Pernambuco. Na época, eu estudava Educação Física e fazia
estagio em uma academia onde Aldir era professor. Até então não
tinha tido nenhum contato e nunca tinha imaginado me tornar um
árbitro de futebol, mas como o curso ajudaria no currículo escolar,
resolvi fazer. Depois passei a atuar para ajudar nas mensalidades da
faculdade, fui pegando gosto, continuo até hoje e além de ser uma
profissão, faço com muito amor.
Arbitragem
Estreei na Série A do Campeonato Brasileiro em 2011, na partida
Cruzeiro x Ceará, com Nielson Nogueira Dias no apito. Neste jogo,
Jossemar Diniz foi o outro assistente. Desde então já foram mais 78
atuações, mas se contar todas as divisões, a conta chega a 170 jogos
no currículo incluindo Série B, C, D, Copa do Brasil e Copa do
Nordeste.
Situação engraçada
Em 2017 passei por uma situação inusitada, fui escalado em dois
jogos seguidos no mesmo dia, Náutico x Central e Belo Jardim x Santa
Cruz, pelo campeonato pernambucano. A rodada dupla foi um grande
desafio, tanto no aspecto físico quanto no mental. Foi bem
cansativo, pois sempre temos uma grande responsabilidade nos jogos,
mais ainda nesse caso especifico. Mas no final deu tudo certo graças
a Deus e deixamos os jogos sem problemas.
Crédito: Superesportes |
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Clovis Amaral durante
jornada dupla em 2017 |
Exemplos
Pernambuco teve e tem excelentes árbitros e assistentes. Procuro
aprender sempre com todos que trabalho. Seria injusto citar um
único, mas Erich Bandeira, Ubirajara Ferraz e Alcides Lira foram os
profissionais nos quais me espelhei e sem sombra de dúvida me
ajudaram muito a nível nacional.
Escudo FIFA
Fiquei um pouco triste o ano passado por não ter sido promovido,
pois trabalhei em prol de um objetivo, mas entendo todo o processo e
imagino o quanto é difícil para todos os envolvidos. Então é seguir
trabalhando para justificar uma possível indicação se vier a
acontecer.
Para este ano o processo já foi
realizado com os treinamentos em Águas de Lindóia e os testes
físicos em Campinas e como no ano passado, eu estou inserido no
processo, mas procuro não criar expectativas, busco apenas dar o
melhor de mim nos jogos e treinamentos, pois acredito que isso
influencia na escolha de quem comanda a arbitragem.
Caso venha a promoção ficarei muito
feliz, pois será uma somatória de muito trabalho dentro e fora de
campo, como os treinamentos, cursos, testes físicos e teóricos,
apoio da Federação e da comissão local e principalmente da confiança
da comissão nacional. Enfim, todos imbuídos em prol do trabalho, mas
com certeza será fruto de muito empenho pessoal e das instituições
que faço parte como árbitro que são as comissões de arbitragem da
Federação Pernambucana e Confederação Brasileira de Futebol.
Apoio
Sempre tive e agradeço apoio de todos, da família, dos amigos, dos
dirigentes, mas especificamente a nível estadual não posso deixar de
citar duas pessoas, Murilo Falcão, Diretor de Competições da
Federação Pernambucana de Futebol, por sempre apoiar os projetos
apresentados pelas comissões de arbitragem e pela luta em prol da
arbitragem do estado a nível nacional.
A outra pessoa é Salmo Valentim,
ex-presidente da Comissão Estadual de Arbitragem (CEAF-PE). Sou
suspeito para falar de Salmo, pois ele é um dos principais
responsáveis pelas oportunidades que tive dentro da arbitragem e
sempre lutou pela valorização da categoria como um todo, da forma
dele, às vezes brigando e esbravejando, mas sempre em busca do nosso
direito de ter oportunidade. Agora que estará frente da ANAF
(Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) como presidente,
espero que possa solidificar a luta da arbitragem por melhores
condições.
Crédito: CBF |
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Clovis durante 14º Curso
RAP-FIFA para Árbitros de Elite em 2017 |
Ser arbitro
Entendo que se existisse um herói no futebol, este deveria ser um
arbitro, pois não é fácil manter um nível de preparação e
condicionamento tão alto em um ambiente semi-profissional, já que
não podemos deixar nossos empregos para nos dedicar de forma
exclusiva à arbitragem e conciliar as duas atividades e a vida
pessoal é algo bem desgastante.
Precisamos conviver com a renúncia de
varias coisas de uma pessoa comum como finais de semana, eventos com
familiares, amigos, aniversários dentre outros, e ao mesmo tempo
manter um nível de preparação muito alto já que a exigência do
futebol é cada vez mais elevada.
Pode ser desgastante, desafiador, mas
é prazeroso, gratificante e só quem é sabe o que é ser um árbitro de
futebol.
Ficha técnica
Nome: Clovis Amaral da Silva
Nascimento: 06/04/1981 - Recife-PE
Altura: 1,74 MT
Peso: 69 Kg
Estado Civil: Casado com Camila desde 2010
Filhos: Beatriz (5 anos) e Pedro (2 meses)
Formação: Educação Física (Universidade de Pernambuco/2005) e
Farmácia (Uninassau/2016)
Profissão: Empresário no ramo farmacêutico
Curso árbitro: Federação Pernambucana de Futebol/2002
Jogos pela FPF:
Ingresso CBF: 2010
Função: Assistente categoria AB
Estréia na primeira divisão Pernambuco:
Estréia primeira divisão CBF: 2011 (Cruzeiro x Ceará)
Jogos pela CBF: 170 (79 Série A)
Finais PE: 2012 (Sport x Santa Cruz), 2013 (Sport x Santa
Cruz), 2014 (Náutico x Sport), 2015 (Salgueiro x Santa Cruz), 2016
(Santa Cruz x Sport) e 2018 (Náutico x Central)
Obs. Não obtivemos informações
sobre o assistente a nível estadual. A fonte, site da FPF, está
desatualizado ou com informações imprecisas. A CEAF-PE só forneceu
números com atuações do assistente nas competições nacional.