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 26/09/2018    06:11hs

 Conheça o farmacêutico que virou árbitro assistente por acaso

Clovis Amaral se tornou um dos assistente da elite do quadro da CBF

Crédito: Gazeta Press

Clovis Amaral durante partida pela CBF
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Quando ele fez o curso de árbitro, meio que por acaso, não tinha noção que a profissão lhe traria tantas conquistas, viagens e amizades. Formado na turma de 2002 tendo como professores nomes renomados da arbitragem pernambucana e nacional como o saudoso Valdomiro Mathias (falecido recentemente) e a lenda Francisco Domingos, que dispensa comentários, Clovis Amaral da Silva, 37 anos (06/04/81), se tornou um dos principais assistentes da arbitragem brasileira sendo integrante do seleto grupo de elite da Seleção Nacional dos Árbitros de Futebol (SENAF) da CBF.

Nascido e criado em Recife-PE, onde reside, o filho do Luiz Amaral e da dona Marlene, oriundos de Orobó, município de pouco mais de 20 mil habitantes no agreste pernambucano, que vieram para Recife a mais de 40 anos por conta do trabalho – são empresários no ramo farmacêutico -, já percorreu praticamente todas as regiões do país atuando como árbitro assistente, mas ele quer mais, ele quer atuar em terras estrangeiras representando a arbitragem brasileira, mas para isso terá que realizar seu maior sonho, conquistar o escudo da FIFA.

O bom desempenho nas partidas, a regularidade, as qualificações técnicas e físicas aliadas ao pilar social o qualifica para tamanho honraria de ser do quadro internacional, mas as tentativas vem batendo no poste. No ano passado fez todo processo seletivo e os rumores davam como certa, mas a promoção não veio. Mas nada de desanimo, pelo contrario, aumentou a carga de treinamentos, de dedicação e concentração em busca do objetivo. Este ano ele continua firme na busca pelo escudo internacional, pois fez o RAP-FIFA, testes físicos realizados no final de agosto em Campinas para árbitros FIFA e alguns convidados que estão sendo observado para um ingresso futuro no quadro internacional. O trabalho foi feito como sempre da melhor maneira possível, mas a lista do quadro FIFA 2019 será divulgada até o final do ano e Clovis Amaral tem todos os pré-requisitos para fazer parte dela.

Com intuito de conhecê-lo um pouco melhor, o Apitonacional procurou Clovis Amaral, um rapaz simples, educado, querido pelos amigos e por todos da arbitragem que abriu seu coração falando sobre sua vida pessoal e sobre a arbitragem que surgiu por acaso, mas que rapidamente virou paixão. Leia abaixo o resumo.

Família
Somos três irmãos, o Luiz que é técnico em eletrotécnica é o mais velho, eu sou o do meio e tem o Flávio, o caçula que é taxista.

Gosto muito da minha família, meus pais são muito trabalhadores, sempre buscaram o melhor para seus filhos e conseguiram. Tenho muito orgulho dos dois e apesar de sermos um pouco fechados para conversas posso dizer que nunca faltou apoio para o que precisasse fazer. O mesmo digo dos meus irmãos que sempre me ajudam e apóiam em tudo. Dei muita sorte em nascer nessa familia!

Sou casado há oito anos com a Camila e temos dois filhos, Beatriz de cinco anos e o caçulinha Pedro de dois meses. Minha esposa é professora de educação física. Ela e meus filhos são outras dádivas que Deus me deu. Os amo muito, recebo total apoio e carinho deles apesar do tempo que fico longe de casa.

Tempo para conciliar família, trabalho e arbitragem é uma das coisas mais difíceis dentro deste processo. Tento sempre fazer o máximo para ficar com a família quando não estou trabalhando, seja na farmácia ou na arbitragem. Procuro ficar em casa ou sair junto com eles, indo à praia, parques e outros lugares que eles gostam, já que fico bastante tempo fora devido o trabalho e as viagens para os jogos.

Foto de 2013 mostra Clovis com a Mãe Marlene Amaral, a esposa Camila e a filhinha  recém nascida Camila

Curso de árbitro
Fiz o curso de árbitro por indicação de Aldir Pereira, ex assistente do quadro Pernambuco. Na época, eu estudava Educação Física e fazia estagio em uma academia onde Aldir era professor. Até então não tinha tido nenhum contato e nunca tinha imaginado me tornar um árbitro de futebol, mas como o curso ajudaria no currículo escolar, resolvi fazer. Depois passei a atuar para ajudar nas mensalidades da faculdade, fui pegando gosto, continuo até hoje e além de ser uma profissão, faço com muito amor.

Arbitragem
Estreei na Série A do Campeonato Brasileiro em 2011, na partida Cruzeiro x Ceará, com Nielson Nogueira Dias no apito. Neste jogo, Jossemar Diniz foi o outro assistente. Desde então já foram mais 78 atuações, mas se contar todas as divisões, a conta chega a 170 jogos no currículo incluindo Série B, C, D, Copa do Brasil e Copa do Nordeste.

Situação engraçada
Em 2017 passei por uma situação inusitada, fui escalado em dois jogos seguidos no mesmo dia, Náutico x Central e Belo Jardim x Santa Cruz, pelo campeonato pernambucano. A rodada dupla foi um grande desafio, tanto no aspecto físico quanto no mental. Foi bem cansativo, pois sempre temos uma grande responsabilidade nos jogos, mais ainda nesse caso especifico. Mas no final deu tudo certo graças a Deus e deixamos os jogos sem problemas.

Crédito: Superesportes

 Clovis Amaral durante jornada dupla em 2017

Exemplos
Pernambuco teve e tem excelentes árbitros e assistentes. Procuro aprender sempre com todos que trabalho. Seria injusto citar um único, mas Erich Bandeira, Ubirajara Ferraz e Alcides Lira foram os profissionais nos quais me espelhei e sem sombra de dúvida me ajudaram muito a nível nacional.

Escudo FIFA
Fiquei um pouco triste o ano passado por não ter sido promovido, pois trabalhei em prol de um objetivo, mas entendo todo o processo e imagino o quanto é difícil para todos os envolvidos. Então é seguir trabalhando para justificar uma possível indicação se vier a acontecer.

Para este ano o processo já foi realizado com os treinamentos em Águas de Lindóia e os testes físicos em Campinas e como no ano passado, eu estou inserido no processo, mas procuro não criar expectativas, busco apenas dar o melhor de mim nos jogos e treinamentos, pois acredito que isso influencia na escolha de quem comanda a arbitragem.

Caso venha a promoção ficarei muito feliz, pois será uma somatória de muito trabalho dentro e fora de campo, como os treinamentos, cursos, testes físicos e teóricos, apoio da Federação e da comissão local e principalmente da confiança da comissão nacional. Enfim, todos imbuídos em prol do trabalho, mas com certeza será fruto de muito empenho pessoal e das instituições que faço parte como árbitro que são as comissões de arbitragem da Federação Pernambucana e Confederação Brasileira de Futebol.

Apoio
Sempre tive e agradeço apoio de todos, da família, dos amigos, dos dirigentes, mas especificamente a nível estadual não posso deixar de citar duas pessoas, Murilo Falcão, Diretor de Competições da Federação Pernambucana de Futebol, por sempre apoiar os projetos apresentados pelas comissões de arbitragem e pela luta em prol da arbitragem do estado a nível nacional.

A outra pessoa é Salmo Valentim, ex-presidente da Comissão Estadual de Arbitragem (CEAF-PE). Sou suspeito para falar de Salmo, pois ele é um dos principais responsáveis pelas oportunidades que tive dentro da arbitragem e sempre lutou pela valorização da categoria como um todo, da forma dele, às vezes brigando e esbravejando, mas sempre em busca do nosso direito de ter oportunidade. Agora que estará frente da ANAF (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) como presidente, espero que possa solidificar a luta da arbitragem por melhores condições.

Crédito: CBF

Clovis durante  14º Curso RAP-FIFA para Árbitros de Elite em 2017

Ser arbitro
Entendo que se existisse um herói no futebol, este deveria ser um arbitro, pois não é fácil manter um nível de preparação e condicionamento tão alto em um ambiente semi-profissional, já que não podemos deixar nossos empregos para nos dedicar de forma exclusiva à arbitragem e conciliar as duas atividades e a vida pessoal é algo bem desgastante.

Precisamos conviver com a renúncia de varias coisas de uma pessoa comum como finais de semana, eventos com familiares, amigos, aniversários dentre outros, e ao mesmo tempo manter um nível de preparação muito alto já que a exigência do futebol é cada vez mais elevada.

Pode ser desgastante, desafiador, mas é prazeroso, gratificante e só quem é sabe o que é ser um árbitro de futebol.

Ficha técnica
Nome: Clovis Amaral da Silva
Nascimento: 06/04/1981 - Recife-PE
Altura: 1,74 MT
Peso: 69 Kg
Estado Civil: Casado com Camila desde 2010
Filhos: Beatriz (5 anos) e Pedro (2 meses)
Formação: Educação Física (Universidade de Pernambuco/2005) e Farmácia (Uninassau/2016)
Profissão: Empresário no ramo farmacêutico
Curso árbitro: Federação Pernambucana de Futebol/2002
Jogos pela FPF:
Ingresso CBF: 2010
Função: Assistente categoria AB
Estréia na primeira divisão Pernambuco:
Estréia primeira divisão CBF: 2011 (Cruzeiro x Ceará)
Jogos pela CBF: 170 (79 Série A)
Finais PE: 2012 (Sport x Santa Cruz), 2013 (Sport x Santa Cruz), 2014 (Náutico x Sport), 2015 (Salgueiro x Santa Cruz), 2016 (Santa Cruz x Sport) e 2018 (Náutico x Central)

Obs. Não obtivemos informações sobre o assistente a nível estadual. A fonte, site da FPF, está desatualizado ou com informações imprecisas. A CEAF-PE só forneceu números com atuações do assistente nas competições nacional.

Apitonacional, compromisso só com a verdade!

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