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Alessandro Barcellos - Crédito:
Ricardo Duarte / Inter |
A cena se tornou corriqueira nos corredores da
Confederação Brasileira de Futebol: toda semana, rodada a rodada,
presidentes de clubes largam seus afazeres para reclamar, em vão, da
performance de árbitros no torneio mais importante do calendário
nacional.
Para além do clubismo, o Sport Club Internacional
entende que é hora de discutir profunda e seriamente como mudar este
quadro que afasta torcedores e patrocinadores do futebol. Que coloca
em xeque permanente a credibilidade de nossa maior paixão. Que dá
asas a teorias conspiratórias. Que serve como cortina de fumaça para
justificar erros técnicos e táticos de atletas e treinadores. E que
pune, aleatoriamente, clubes que fazem um trabalho sério - e premia
o jogo sujo dos bastidores.
Não, não se trata de choradeira após o dolorido
desfecho que deixou a torcida colorada e, nós, dirigentes, com a
sensação de que nos tiraram algo que nos pertencia. Trata-se de
discutir até quando um esporte que, segundo a EY, movimenta R$ 52,9
bilhões por ano será decidido por árbitros que não têm dedicação
exclusiva ao futebol.
Trata-se de levar a sério a paixão dos nossos
consumidores. Ou fazemos isso ou o futebol irá por um caminho sem
volta de esvaziamento, o que já se nota entre os mais jovens.
"Não enxerga quem não quer.
Nada menos que 16 dos 20 participantes da Série A de 2020 reclamaram
formalmente do departamento comandado por Leonardo Gaciba".
É incompreensível que a CBF, as federações e as
agremiações não se movimentem fortemente no sentido de cuidar com
zelo das equipes de arbitragem e tenhamos um quadro de profissionais
que estude, treine e respire futebol 24 horas por dia.
Hoje, temos fuzileiros navais, dentistas, médicos
legistas, vendedores, personal trainers e assistentes
administrativos trabalhando em suas profissões em horário comercial
e decidindo o destino e a alegria de milhões de torcedores como
juízes.
Os dados estão à mesa. Não enxerga quem não
quer. Nada menos que 16 dos 20 participantes da Série A de 2020
reclamaram formalmente do departamento comandado por Leonardo
Gaciba. São incontáveis lances com falta de padronização de
critérios, com falhas de interpretação, com intervenção clara e
comprovadamente erradas nas decisões de campo.
Crédito: Reprodução GloboEsporte |
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Pênalti anulado contra Corinthians!
Arbitragem marca penalidade em toque no braço de Ramiro, mas
após VAR, decisão é revertida |
O VAR, que foi vendido como panaceia para a
arbitragem, virou instrumento para colocar ainda mais sombra sobre a
credibilidade do nosso futebol.
Aqui não está em discussão apenas o pênalti claro
contra o Corinthians, que tirou nosso tetracampeonato nacional, a
falha grotesca na marcação de um pênalti fantasma para o Vasco - que
nos rendeu a absurda suspensão de Cuesta - ou da intervenção externa
que praticamente obrigou o juiz de campo a expulsar Rodinei contra o
Flamengo.
Sem a camisa vermelha, meu propósito trabalhar
incessantemente ao lado de outros presidentes de clubes e agir para
garantir um espetáculo mais limpo.
A era do amadorismo acabou entre os jogadores há
quase cem anos. Se a CBF não se mexer espontaneamente para mudar
este cenário, os times precisam atuar em bloco no sentido de
proteger a integridade do esporte. A mudança, está cada vez mais
claro, terá de ser feita de fora para dentro, sem casuísmo.
Chega de cafezinho, coletivas irascíveis, desculpas
esfarrapadas e notas oficiais. Chega de só reclamar quando há um
erro contra seu time e de falar que faz parte do jogo quando se é
beneficiado. É hora de os clubes arregaçarem as mangas, estudarem o
que se faz lá fora, padronizarem critérios e trabalharem, juntos,
para que o VAR nunca mais seja o craque do Brasileirão.
Fonte: Campo Livre / Uol