Ex-árbitro é preso em megaoperação contra manipulação de
resultados
A
fraude movimentou mais de R$ 11 milhões por meio de
plataformas de apostas
São Paulo - 10/04/2025
06:04hs
Polícia prende ex-árbitro em
megaoperação contra manipulação de resultados que
movimentou mais de R$ 11 milhões - Foto:
Divulgação/Secretaria de Segurança de Goiás
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• Victoria Leite / ESPN
O combate da Justiça à manipulação
de resultados no futebol ganhou mais um capítulo na ultima
quarta-feira (9). A Polícia Civil de Goiás cumpriu 16 medidas
judiciais como parte da Operação Jogada Marcada, deflagrada em seis
Estados: Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba e
Pernambuco.
Segundo o órgão, as fraudes já
movimentaram ao menos R$ 11 milhões ilicitamente, inclusive por meio
de plataformas de apostas, e tinham como principal alvo a Série D
nacional. Há suspeitas de ações do grupo criminoso em outras séries
do futebol nacional, além de campeonatos estaduais e internacionais.
A ação, conduzida pelo Grupo
Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de Investigações
Criminais (DEIC), cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão
contra organização criminosa especializada na manipulação de
resultados em partidas. Entre os nomes citados na Operação Jogada
Marcada há treinadores, jogadores e árbitros de futebol.
Um dos investigados é o ex-juiz
D'Guerro Batista Xavier, de 46 anos, que estava afastado da
arbitragem paraibana desde 2018 quando foi alvo da Operação Cartola.
D’Guerro foi preso nesta manhã de quarta-feira, em João Pessoa-PB.
Além dele ainda foram detidos um ex-presidente, dois ex-jogadores e
dois aliciadores envolvidos no esquema.
Polícia prende ex-árbitro em megaoperação
contra manipulação de resultados que movimentou mais de R$
11 milhões - Foto: Divulgação/Secretaria de Segurança de
Goiás
Segundo apurou a reportagem, a
investigação nasceu após denúncia do presidente do Goianésia, Marco
Antônio Maia. Delegado da Polícia Civil, o dirigente foi um dos
nomes procurados em 2021 por um grupo que operava a manipulação de
resultados através de odds em casas de apostas. A oferta ao clube do
interior do estado de Goiás era de R$ 500 mil por três resultados de
jogos.
Após recusar a proposta para a
fraude, Marco Antônio Maia pediu autorização à Justiça para atuar
como “agente infiltrado” em relação ao grupo, monitorando de perto
as ações. A segunda oferta ao clube aconteceu em 2022 para a venda
de resultados no Campeonato Goiano, novamente recusada.
Uma nova investida foi feita ao
Goianésia em 2023, desta vez com a oferta de porcentagem para ajuda
em fraudes nos jogos e para a cooptação de outros times no esquema.
Ainda segundo apurou a reportagem,
a Operação Jogada Marcada é mais um caso monitorado de perto pelo
Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que se movimenta para
representações por suspensão ou banimento de agentes envolvidos no
âmbito esportivo a cada denúncia apresentada pela Justiça.
Veja abaixo matéria sobre as
investigações e prisões veiculada no Jornal da Noite da Band/TV.
Afastado desde 2018
Essa não é a primeira vez que
D’Guerro envolve-se em uma investigação de fraudes no futebol. O
ex-árbitro já havia sido alvo da Operação Cartola, desencadeada em
abril de 2018, pela DDF de João Pessoa, junto ao Ministério Público
da Paraíba (MPPB).
A iniciativa apurou a articulação
de um grupo criminoso composto por membros da Federação Paraibana de
Futebol (FPF), da Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (Ceaf),
do Tribunal de Justiça Desportiva do estado (TJD-PB) e de dirigentes
de clubes paraibanos. Desde então, D’Guerro permaneceu afastado das
atividades de arbitragem profissional na Paraíba.
Paraibano foi capturado pela Polícia
Civil | Foto: Divulgação/PCPB
Veja abaixo o comunicado divulgado
pela Polícia Civil de Goiás.
“A Polícia Civil de Goiás, por
meio do Grupo Antirroubo a Banco (GAB) da Delegacia Estadual de
Investigações Criminais (Deic), deflagra neste momento, em seis
Estados brasileiros, a Operação Jogada Marcada para cumprir 16
medidas judiciais, entre mandados de prisão e de busca e apreensão,
contra organização criminosa especializada na manipulação de
resultados em partidas de futebol. As fraudes já movimentaram ao
menos R$ 11 milhões ilicitamente obtidos, inclusive por meio de
plataformas de apostas. A investigação delineou a estrutura
hierárquica do grupo, que possui financiadores, intermediários e
executores - neste ramo, envolvendo jogadores, treinadores e
dirigentes de clubes alvos da operação de hoje”.