Aparentemente, nem o VAR
conseguirá uniformizar a arbitragem: no Campeonato Brasileiro é
mostrado um cartão amarelo ou vermelho a cada 5,5 faltas ou o dobro
disso, 11 faltas, dependendo do árbitro que está apitando a partida.
Se é verdade que o tipo de falta varia a cada lance, também é
verdade que a média de faltas marcadas pelos árbitros varia "apenas"
28% enquanto o número de faltas necessárias para que um cartão seja
mostrado varie 100% .
- Cada árbitro tem uma maneira de
conduzir o jogo. Uns optam por marcar mais faltas e outros por
aplicar mais cartões. O ideal é o árbitro estar sempre próximo das
jogadas, agir preventivamente, dialogar e chamar a atenção dos
jogadores. A aplicação do cartão, sempre que possível, deve ser o
último recurso para estabelecer o limite e deixar claro qual tipo de
“entrada” não será aceito - disse um dos comentarista de arbitragem
da Globo.
O FIFA Wagner Magalhães é o maior
picotador da arbitragem brasileira na atualidade, o carioca apita
quase 30 faltas em media por jogo, não deixa a partida fluir
normalmente, o que irrita jogadores, imprensa e torcedores. Fora a
paralisação constante do jogo, não existe nenhum critério na
aplicação de cartões.
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Mínimo de seis jogos apitados -
Crédito: Reprodução Espião Estatístico |
- A tabela mostra que no Brasil os
árbitros ainda utilizam muito a tática de controlar o jogo marcando
faltas e aplicando cartões. Alguns árbitros mais do que outros,
porém a comparação entre eles demanda cautela. Isso porque o numero
de cartões em uma partida não está exclusivamente relacionado à
condução do árbitro, mas também ao comportamento dos jogadores, à
rivalidade entre as equipes e ao ambiente da partida - afirmou um
comentarista de arbitragem da Globo.
Sem dúvida, cada árbitro tem um
estilo de arbitragem, e cada jogo tem sua própria história. Mas
chama a atenção a diferença porque, ao longo da competição, os
árbitros trabalham em jogos de várias equipes, mas a variação no
número de faltas é bem menor do que a variação do número de faltas
para cada cartão mostrado.
- A arbitragem brasileira tem
critérios diferentes para a aplicação de cartões. É normal uma
pequena diferença no critério, mas os números mostram que a
diferença é muito grande. Tem árbitro com média de um cartão a cada
5,5 faltas e outro com média de um cartão a cada 11 faltas. Esses
números mostram que cada árbitro apita como quer e não como são
instruídos. É necessário a Comissão Arbitragem aproximar os
critérios, instruindo e corrigindo os árbitros dos extremos - disse
outro.
Segundo dados do GE., no
levantamento realizado a partir de dados estruturados pelo Espião
Estatístico, foram considerados apenas os cartões mostrados em razão
de faltas cometidas e os árbitros que trabalharam em pelo menos seis
jogos, 40% do total de quem apitou mais, Anderson Daronco, com 13
jogos. Não fazem parte do levantamento os cartões aplicados devido a
cera, comemoração de gol, reclamação, simulação ou atitudes
antidesportivas praticadas com o jogo já parado, como brigas e
discussões, por exemplo.
- A prevenção, por meio da
presença física do árbitro e da advertência verbal aos jogadores,
que muitas vezes é criticada pela imprensa, é fundamental para
reduzir esse número de faltas e de cartões. São em média 28 faltas e
5,6 cartões por partida quando considerados todos os cartões.
Arbitrar é muito mais que simplesmente apitar. É melhor agir e
prevenir problemas, do que reagir a eles. Mas prevenir isso exige do
árbitro muito mais esforço e desgaste do que simplesmente reagir. E
se o ser humano não é cobrado, é comum que ele opte por fazer o mais
fácil. É a lei do mínimo esforço agindo na arbitragem também -.
O quadro abaixo mostra a relação
de faltas marcadas por cartão apresentado por essas faltas para os
árbitros que apitaram menos de cinco jogos do Brasileirão. Embora um
número menor de jogos abra a possibilidade para discrepâncias que
distorcem uma análise, também mostra que um árbitro pode ser muito
tolerante com um alto número de faltas cometidas antes de mostrar ao
menos um cartão amarelo.
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Quanto menos jogos apitados, maior a
chance de haver um extremo - Crédito: Reprodução Espião
Estatístico |
Um ex-FIFA afirma que o controle
disciplinar de uma partida depende de algumas variáveis e considera
estas as mais importantes:
> o perfil do árbitro;
> a dificuldade da partida;
> o comportamento dos
jogadores e das comissões técnicas;
> o ambiente do estádio, a
pressão da torcida.
A matéria diz que as reclamações,
discussões e brigas com o jogo parado não foram consideradas nesta
pesquisa, mas influenciam no aumento do número de cartões, porque
após o reinício da partida, os jogadores normalmente disputam a bola
de maneira mais ríspida e com temeridade. Vale destacar ainda que,
apesar de a lista apresentar nove árbitros da FIFA, o grupo
apresenta um perfil heterogêneo em virtude dos diferentes tipos de
formação nas federações estaduais. Falta um trabalho mais efetivo de
aproximação de critérios por parte da Escola Nacional de Arbitragem
-.
*A equipe do Espião Estatístico é
formada por: Felipe Tavares, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal,
João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson e Valmir Storti.
A falta de critérios é sem duvidas
o maior problema da arbitragem brasileira. Cada árbitro apita como
quer adotando seus próprios critérios. Se tem alguma orientação da
comissão nacional, ela entra por um ouvido e sai pelo outro. Não
existe critério sequer entre o que pede a comissão nacional e as
estaduais. Nessa torre de babel, o árbitro não escuta nem uma, nem
outra e sobrevive apitando como lobo solitário e sem regras.
Para piorar, o lobo solitário muda
os critérios conforme pede a partida, conforme o resultado e pior
ainda, conforme até mesmo o local do confronto, pois de uma forma
correta ou não, resolve os problemas e por isso sabe que estará
escalado na próxima rodada.
Com informações de Valmir Storti - GE / RJ