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A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), cortou em aproximadamente 50% as taxas de arbitragens da segunda divisão e das divisões de base em relação aos valores praticados em 2019.

Um árbitro do quadro estadual, que atua nas divisões citadas, que não quis se identificar com medo de represálias, confirmou a informação e acrescentou que os descontos também atingem as diárias nas mesmas proporções.

O profissional ainda informou que todos, mesmo os que não utilizam, estão sendo descontados em 90 reais como taxa de transporte – no RJ, fretados (Vans) transportam os árbitros até os estádios onde se realizam as partidas -.

Os árbitros relatam descontos nas taxas para transporte da arbitragem, porém, borderô das partidas traz reembolso dos clubes para o transporte dos árbitros, o que pode indicar uma duplicidade de pagamento (veja abaixo).

A diminuição no valor das taxas pegou os árbitros de surpresa causando grande revolta, pois os mesmos não receberam nenhum comunicado por parte da entidade e nem do sindicato que deveria representa-los. Sem ter a quem recorrer, tendo em vista que a diretoria do sindicato da categoria é ligada a FERJ, muitos estariam propensos a encerrar a carreira.

O Apitonacional apurou que em 2019, a taxa bruta do árbitro na segunda divisão Carioca era cerca de mil reais, já com os descontos de praxe como INSS entre outros e a deste ano foi pago o valor de 495,00 reais líquidos com diária inclusa no valor.

Acima o borderô de uma partida desta temporada. Tentamos, inclusive com alguns árbitros, mas não conseguimos borderô da temporada passada.

O que eles disseram

Entramos em contato com José Calos Santiago, presidente da COAF e com Wagner Almeida, presidente do sindicato dos árbitros, para que falassem sobre o assunto, mas nenhum dos dois retornaram contato até o fechamento desta matéria.

Já que o presidente do SAPERJ, que deveria representar a categoria no Estado, não se pronunciou sobre o assunto, procuramos Marçal Mendes, presidente do Sintrace – Sindicato dos trabalhadores da Arbitragem Esportiva do Estado RJ - que informou que está convocando os árbitros prejudicados para se manifestarem, nem que seja de forma anônima, pois já que a entidade de classe não se manifesta em defesa do associado, o sindicato que preside vai propor ação visando garantir, não só o direito de 100% das taxas praticadas em 2019, mais reajustes previstos em lei.

“As taxas tem caráter salarial, não podem sofrer redução, pelo contrário, precisam ser reajustadas conforme determina a lei e as despesas tem que ser pagas pela Federação” – disse Marçal

O dirigente informou ainda que o Sintrace está propondo diversas ações junto ao Ministério Público do Trabalho contra a FERJ que buscam dar conforto e melhor qualidade de trabalho aos árbitros, principalmente quanto a vestiários e instalações sanitárias.

Veja documentos abaixo.

		O trabalho realizado por Marçal Mendes frente ao Sintrace em defesa da categoria dos árbitros tem incomodado muito a poderosa FERJ que tem sempre uma ação da justiça para responder. Mesmo assim, o dirigente e sua entidade não têm qualquer apoio sendo ignorado pelos árbitros, mas a entidade que preside é a única que vem brigando pelos direitos dos profissionais, mesmo sem qualquer condições financeiras e arcando com custas do próprio bolso.
Marçal Mendes quando árbitro, já defendia a categoria

Só lembrando, o Sindicato dos Árbitros do Rio de Janeiro tem longo histórico de subserviência a FERJ, pois os dois últimos presidentes, além de prestarem serviços a Federação, foram escolhidos com apoio desta e durante este tempo, não representaram os árbitros de forma isenta como se devia. Claro, tudo graças a subserviência e conivência dos próprios árbitros.