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Aron Dresch com os representantes da
arbitragem - Crédito: FMF/Divulgação |
Os árbitros do Mato Grosso
estão revoltados com os dirigentes da federação, pois é o único
estado no país que, além de já pagar taxas miseráveis para arbitrar
uma partida de futebol, diminuiu os valores para esta temporada.
Em reunião ocorrida antes do
inicio do estadual, o atual presidente do Sindicato dos árbitros
(Sindamat), Adilson Ramos da Mata, esteve reunido com Aron Dresch,
Presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF), que
alegando dificuldades financeiras não aceitou dar aumento nas taxas
para este ano, mas prometeu manter os valores de 2019 acrescido da
inflação anual. Não era bem o que a categoria queria, pois pretendia
um ganho real tendo em vista os baixos valores, mas entenderam a
situação e aceitaram o acordo.
Ocorre que a federação
divulgou no último dia 20 a portaria 004/2020 onde estabelece as
taxas de arbitragem para a atual temporada que, além de não manter
os valores anterior com a reposição anual como prometido, ainda
diminui os valores em relação aos praticados no ano passado.
Em 2019 o quadro era dividido
em duas categorias: CBF e FMF. O árbitro da relação nacional ganhou
R$ 800,00 por partida e o local R$ 750,00. Com a mudança na
nomenclatura e a inclusão de mais uma, agora os árbitros são
divididos em categorias A, B e C. O árbitro da categoria A, que
antes era categoria CBF, teve estipulado taxas de C$ 730,00 reais
por partida, ou seja, uma diminuição de 70 reais ou 8.7% no valor da
taxa em relação ao ano passado. Pior foi para os árbitros da
categoria B, antigo quadro FMF, que tiveram os valores reduzidos em
26.7% passando de R$ 750,00 que era pago anteriormente para R$ 550
reais nesta temporada (veja).
Veja abaixo todos os valores
para temporada 2020.
O fato gerou grande revolta
com sindicato e alguns árbitros tentando reverter a situação junto a
FMF, mas a única resposta que obtiveram foi que os valores eram
aqueles, aceitassem ou não e não seriam alterados. Os árbitros
reclamam também dos baixos valores das diárias, pois muitos deles
que forem escalados em Sinop, a 500 km da capital, terão que viajar
no mesmo dia, chegando praticamente quase que no mesmo horário do
jogo e comer coxinha na rodoviária se não quiserem gastar a taxa
para ajudar a cobrir as despesas com hotel e alimentação.
Sem alternativas e
acovardados, os árbitros aceitaram passivamente e estão atuando
normalmente nas partidas que são designados.
O sindicato da categoria se
manifestou publicamente nas redes sociais (abaixo) e alguns árbitros
também se manifestaram em off, mas não foram além disso e era
justamente com esta atitude covarde da categoria que a FMF contava
para impor os valores que bem entendeu.
Além de pagar taxa irrisória,
não dar reajustes como prometido, a FMF usa os árbitros como garoto
propaganda usando uniformes com logomarca de uma concessionária de
veículos de Várzea Grande-MT, sem nenhum repasse aos mesmos, o que
vem sendo questionado na justiça em grau de recurso no STJ como
amplamente noticiado neste espaço.
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Nota de descontentamento do Sindicato -
Crédito: reprodução Instagam |
Obs.
Só a titulo de informação, a
FMF recebeu 975 mil reais de repasses da CBF em 2018 (veja no final
da materia). Valores que deve ter ocorrido também em 2019 e tem a
coragem de pagar uma taxa miserável para os árbitros atuarem no
campeonato mais importante da entidade. Mas tudo isso só ocorre
porque eles mesmos não se dão valor.
Quem é Aron
Dresch
Eleito em 2017 Presidente da
Federação Mato-grossense de futebol, o multimilionário atua em
negócios ligado ao ramo de pneus e borrachas.
A FMF foi comandada por cerca
de 40 anos pelo falecido Carlos Orione. Nos últimos anos do seu
mandato, muito debilitado, ele deixou o cargo, que foi assumido por
Helmute Lawisch por um ano e depois por João Carlos de Oliveira,
ambos seus vice-presidentes.
Em março deste ano houve o pleito com o agora ex-presidente João
Carlos de Oliveira e Araon Dresch como candidatos. Pela maioria dos
votos - 22 a 15 - a chapa presidida por Aron e os vice-presidentes
Agnaldo Turra, Marcio Carreto Pardal, Marcio Lacerda e Sandro
Roberto da Silva, foi eleita e desde então Aron vem mandando e
desmandando na FMF, nos agregados e quem não segue sua cartilha vem
sentindo a mão pesada do sistema.
Aron vem enfrentando
resistência dos clubes por sua ligação forte com Cuiabá, clube que
presidiu e costuma torcer publicamente inclusive em comemorações em
campo e em churrascarias pós conquistas como mostra alguns videos
publicados na internet.
Também enfrentou crise com a
justiça desportiva local que pediu seu afastamento, mas contou com
apoio do STJD/CBF que ao intervir no órgão local teria dado a chance
para o dirigente trocar os auditores.
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FMF recebeu 750 mil reais de repasse da
CBF em 2018 |