Há 38
anos, árbitro entrava para a história ao fazer o gol do
Palmeiras contra o Santos
José de
Assis Aragão estava ao lado da trave, quando a bola
bateu na sua perna, entrou nas redes santistas e ele
mesmo validou o gol
Gol do juiz - Crédito: Thiago Lucas/
Artes JC
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Na história do futebol, o árbitro
é visto por vilão de todos os lados. É criticado sempre pelas duas
torcidas e imprensa. O cenário não mudou mesmo nos dias de hoje,
quando o VAR entrou em cena. No anos 80, um consagrado árbitro
brasileiro fez algo inimaginável. Roubou a cena e entrou para
história como artilheiro. José de Assis Aragão, no dia 9 de outubro
de 1983, 30 anos atrás, fez o gol do Palmeiras, decretando o empate
da partida contra o Santos. Aragão não se fez de rogado: ao ver a
bola estufar as redes, correu para o centro do campo com a
convicção. Para desespero dos jogadores do Peixe. E alegria dos
Alviverdes.
A partida era válida pelo
Campeonato Paulista. O Palmeiras não vencia o Santos há quatro anos.
Era um amargo jejum que os palmeirenses queriam acabar a todo custo.
Mais de 35 mil torcedores estavam no Morumbi quando viram Paulo
Isidoro abrir o placar para o Santos. O Palmeiras, do experiente
técnico Rubens Minelli, empatou com Capitão. O Santos mostrou sua
força e desempatou com o atacante Lino. E assim parecia que o jejum
permaneceria.
Só que aos 47 minutos, escanteio
para o Palmeiras. José de Assis Aragão se posicionou na linha de
fundo, encostado a trave. Para ele, um bom ângulo de visão para ver
os jogadores na área. A bola foi mandada para área, a zaga santista
rebateu. Jorginho, craque do alviverde chutou. A bola ia para fora,
só que desviou no árbitro e... entrou. Alegria palmeirense.
Desespero santista.
Quem estava na partida e
participou do lance pelo lado do Santos foi um velho conhecido do
torcedor do Sport. O lateral-direito Betão havia sido contratado
recentemente pelo Peixe. Era titular absoluto do técnico Formiga.
Ele estava justamente posicionado na trave onde José de Assis Aragão
estava e mandou para as redes. Betão, assim com os demais
companheiros, ficaram espantados com a validação do gol.
"Nosso goleiro (Marola) sempre
pedia, nas cobranças de escanteios, para que os laterais ficassem
nas traves. Paulo Róbson ficou em uma, e eu na outra. Quando
Jorginho chutou, a gente viu que sairia. Mas bateu no árbitro e ela
passou ao meu lado e foi para o gol. Não deveria ter validado" -
conta Betão.
"Tinha que acontecer comigo.
Meu Deus do céu, que culpa tive se a bola bateu em mim e entrou?"
- lamentava Aragão na época.
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O argumento dado por José Assis
Aragão para validar o lance foi que o árbitro, independente das
circunstâncias, é figura neutra da partida. E lamentou a falta de
sorte após o clássico.
Os jornais e os jogadores do
Santos criticavam o seu posicionamento no lance. Mas não teve jeito.
Empate no placar. E um gol na carreira de José de Assis Aragão que
ficou conhecido como 'juiz artilheiro' e 'Aragol'.
Veja abaixo vídeo do gol
imortalizado na voz do narrador Osmar Santos.