Presidente
de Sindicato denuncia atraso nas taxas das arbitragens;
Federação Goiana nega e diz ter acordo com árbitros
Em
entrevista, Clayton Pereira relata atraso nas taxas e
diz que árbitros são vetados de atuarem pelo sindicato;
Federarão admite orientação, mas nega veto e afirma
pagamento de todas taxas da primeira fase até fim de
semana
Clayton Pereira - Credito: Instagram
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Em entrevista ao repórter Charles Pereira do 'Sistema
Sagres de Comunicação', o presidente do sindicato dos árbitros
profissionais do Estado de Goiás (Safego), Clayton Pereira, eleito
em fevereiro deste ano para o biênio 2021-2023, fez denúncias contra
a Federação Goiana de Futebol e abordou vários outros assuntos que
publicamos abaixo.
1 - O sindicato foi despejado, sem qualquer aviso, no
dia da eleição, da sala comercial em que funcionava de propriedade
da Federação Goiana de Futebol (FGF) e que hoje mantém as atividades
da entidade na sua residência.
2 - Até a oitava rodada do campeonato goiano, nenhuma
taxa de arbitragem e taxa de deslocamento para os árbitros irem aos
estádios no interior, foram pagas. Os profissionais estariam arcando
com os custos e não estão sendo ressarcidos nos vestiários pelos
clubes mandantes como deveria ocorrer.
3 - A Federação tirou a permissão do sindicato
comercializar patrocínio nos uniformes dos árbitros, que era única
fonte de renda da entidade. A CEAF/GO entregou uniformes somente
para os árbitros que estão atuando no Estadual e os demais, além de
não receberem uniforme, são relegados a um segundo plano.
4 - Taxas de 2019, do campeonato goiano da 3ª
divisão, categoria Sub-20 e Sub-17, no valor aproximado de 10 mil
reais, ainda não foram pagas.
5 - A FGF estaria proibindo os árbitros federados de
atuarem em competições amadoras ou de várzea, o que tem dificultado
o sustento de várias famílias tendo em vista que muitos dependem das
taxas de arbitragens para sobreviverem.
Na entrevista, o presidente do sindicato revelou
quanto os árbitros ganham na primeira divisão do Campeonato Goiano
(veja abaixo).
Arbitro FGF - R$ 900
Arbitro CBF - R$ 1,200 mil
Arbitro FIFA + Máster - R$ 3 mil
Assistente FGF - R$ 450
Assistente CBF - R$ 600
Assistente FIFA - R$ 1.500 mil
Quarto Arbitro - R$ 220
Das taxas, ocorrem descontos nos borderôs de 11% de
INSS para quem não recolhe pelo teto e 5% de ISS em jogos na
capital.
Ouça abaixo a entrevista de Clayton Pereira.
O que eles disseram
A reportagem entrou em contato com Clayton Pereira
que não só confirmou todas as informações dadas na entrevista
concedida a 'Rádio Sagres' como acrescentou que as taxas da 2ª
divisão de 2019 ainda não foram pagas.
“O que falei na rádio é o que está acontecendo,
aqui é só critica em cima de árbitro, mas ninguém sabe qual a
situação do árbitro. Nós não temos sede, não temos mais treinador
físico e as taxas estão a cinco anos sem reajustes” - disse
Clayton.
A reportagem procurou também Cel. Julio César Motta
Fernandes, presidente da Comissão de Arbitragem, mas este disse que
somente o presidente da FGF poderia falar sobre assunto arbitragem.
Contatado, André Pitta, presidente da Federação Goiana de Futebol,
que não quis gravar entrevista, mas longamente e pacientemente por
telefone, esclareceu todos os pontos abordados na entrevista pelo
presidente do Safego.
Abaixo leia ponto a ponto o que disse o presidente da
FGF.
1 - A Federação tem algumas salas em uma galeria e
cedeu uma delas para o sindicato montar sua sede, mas a última
administração não vinha mais usando a sala que ficava fechada o
tempo inteiro, era usada como deposito e sequer condomínio estavam
pagando e antes mesmo do ex-presidente deixar o cargo, foi avisado
para devolver a sala e que era para o sindicato procurar outro local
para funcionar.
2 - Nós temos um acordo com os árbitros, somos uma
das poucas Federações que paga diretamente aos árbitros. Depois que
passamos a pagar, os árbitros não ficaram mais sem receber. As
diárias dos jogos eles recebem direto nos estádios. Quando não
recebem, a federação paga de imediato e debita dos clubes. As
diárias quem paga é o clube porque em um determinado local é um
preço, em outro é outro.
Nós normalmente pagamos a arbitragem por turno, com cheque
nominal a cada um. Nesse ano, com a paralisação por conta de um
decreto estadual, os patrocinadores assustados suspenderam os
pagamentos preocupados se o campeonato retornaria ou não. Por conta
disso, nós falamos aos árbitros e perguntamos como eles queriam
fazer e preferiram juntar as taxas e receberem a primeira fase tudo
junto. Com o campeonato retomando, retorna junto o dinheiro dos
patrocínios e com a última escala, que deve sair nesta terça (20),
teremos a lista e o valor de cada árbitro e o pagamento de todos
será realizado, conforme combinado com eles, no mais tardar neste
fim de semana.
O presidente do sindicato é desinformado, não faz
parte do grupo, não tem muito contato com os árbitros que estão
apitando, então ele fica falando o que ele acha. Ele ouviu falar que
ninguém recebeu, mas não sabe porque nem como, porque se tivesse um
mínimo de interesse de defender os árbitros, tinha ligado na
Federação para saber o porquê?
André Pitta, que entrou como Office Boy e
hoje preside a Federação Goiana de Futebol - Crédito: Sagres
3 - Clayton não nos procurou e a primeira
entrevista dele, no dia que em que ganhou a eleição no sindicato,
foi falar que iria ser oposição à federação, que ele não queria
saber da federação e que entraria na justiça para tomar o patrocínio
dos árbitros de volta para o sindicato.
Nós abrimos mão do patrocínio para o sindicato que
vinha explorando os uniformes comercialmente a alguns anos. No ano
passado foi meio que a gota d’água, eles pegaram o dinheiro do
patrocínio, a federação sempre consegue, através do patrocínio do
Arroz Cristal com a Super Bola que é o fabricante de produtos
esportivos, o material dos árbitros. No ano passado, por conta da
pandemia, o Cristal não quis por dinheiro pra fazer o material e aí
nós conversamos com o sindicato, falei gente, o material foi pouco
usado no ano passado, até porque tivemos poucos jogos por conta da
pandemia, vamos fazer o seguinte: Vamos manter o mesmo material,
vamos até manter a marca do Cristal que pagou cinco, seis anos pra
nós, agora que ele não quer entrar nós vamos virar as costas para
eles? Vamos manter os caras, vamos agir de boa fé e vamos manter o
mesmo material. O sindicato não quis, criaram uma marca própria,
tiraram o patrocínio do Cristal e pegaram o dinheiro dos outros
patrocínios e gastaram tudo com a confecção do material.
Resumindo: Não valorizou o patrocinador que ajudou
cinco, seis anos e também pegou o dinheiro que era de patrocínio que
podia reverter alguma coisa em arbitragem e acabaram com o dinheiro
comprando material.
Chegou esse ano o patrocínio veio para a
Federação, abrimos uma conta para a arbitragem, vamos reverter isso
para a arbitragem, chegar no fim do ano fazer uma confraternização
ou ajudar algum arbitro caso passe dificuldade.
4 - As arbitragens das categorias de base são pagas pelos clubes
e não pela Federação. Se algum clube não pagou, esta no Tribunal, ou
sem jogar, mas na hora que quiser voltar, vai ter que pagar.
5 - Não tem proibição nenhuma, o árbitro é
autônomo e apita onde ele quiser, a única coisa que nós pedimos, que
orientamos é que o árbitro evite ficar trabalhando em jogos, vamos
dizer, clandestinos, tendo em vista do momento que estamos vivendo
da Covid-19, e não pode a Federação ta tendo um custo alto de
investimento em relação a exames de todos os árbitros que estão
trabalhando nos campeonatos e levando essa questão com muita
seriedade e o cara ta apitando lá no terrão do setor não sei aonde.
Poucos árbitros estão trabalhando, até porque as
competições profissionais estão quase todas suspensas, são poucos
jogos e não está tendo jogo quase que em lugar nenhum porque ninguém
está fazendo campeonatos de pelada, até os campeonatos de peladas
estão tendo dificuldades - Encerrou Pitta.