Primeira
árbitra de futebol profissional do mundo vive momentos
difíceis
nos EUA e pede ajuda aos árbitros
Léa
Campos superou 3 infartos, mas idosa, sem ter onde morar e marido com câncer
na próstata não tem recursos para se manter em meio à Covid19
Léa Campos nos seus tempos de árbitra
- Crédito: Hysteria
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A pandemia do coronavírus interferiu na vida e mudou
rapidamente a situação de milhões de pessoas em todo mundo. Na
arbitragem não foi diferente como mostrado nas várias matérias
publicadas em nossos canais desde que a crise começou, tanto a nível
Estadual como Federal.
Se ficou difícil para quem é jovem, tem saúde e vinha
atuando nas partidas, ficou pior ainda para quem tem idade e sequer
tem saúde para batalhar recursos para sobrevivência e isso,
lamentavelmente, está ocorrendo com Léa Campos, a primeira árbitra
profissional do futebol brasileiro.
Asalea de Campos Fornero Medina, tem 75 anos e vive em
Nova York, nos Estados Unidos, desde 1992, com seu esposo Luís
Eduardo Medina. O Apitonacional entrou
em contato com a ex-árbitra que relatou o drama pessoal que ela e,
consequentemente, seu marido vem passando nos últimos anos. Segundo
a ex-árbitra, ela
trabalhava servindo comida, doces e salgados em festas nos Estados Unidos,
mas
entre 2007 e 2009, sofreu três infartos e não conseguiu continuar.
Agora, convive com pressão alta e um marca-passo colocado no
coração.
"Nos dias bons, minha pressão fica em 18"
- disse ela.
Mas o que já era ruim, piorou ainda mais no ano
passado quando descobriram que seu marido também estava doente. Ele
foi diagnosticado com hérnia e câncer de próstata. A cirurgia de
Luís Medina estava marcada para
ocorrer no dia 19 de março, mas três dias antes foi cancelada pelo
hospital devido a pandemia do coronavírus.
“Aqui (EUA) o boi vira vaca, então eu tive que buscar
uma alternativa e a alternativa que encontrei foi essa, essa de
fazer comida” – frisou a ex-árbitra.
Vídeo com a ex-árbitra relatando suas
dificuldades e pedindo ajuda dos árbitros
Léa disse que todas as despesas passaram a cair nas
costas do seu marido e que as condições nos Estados Unidos vêm
deteriorando, que um dia tem trabalha, outro dia não tem.
Apuramos que o marido de Léa presta serviços a uma
empresa Filipina que é contratada da ONU (Organizações da Nações
Unidas) para servir refeições e Coffee Break durante as reuniões. Luís
Medina, trabalhava ainda para uma outra empresa do ramo de refeições,
mas assim como a ONU, está fechada por conta da quarentena do
coronavírus.
Por conta disso tudo, a reserva do casal se esgotou e
as coisas só pioraram desde então. Despejada do antigo apartamento
onde morava em Nova York por não pagar o aluguel de $ 1.700,00
dólares mensal, sem recursos e sem ter onde morar, hoje ela ocupa
com o marido enfermo um quarto cedido por um amigo.
"Perdemos o apartamento que a gente estava
morando. Fomos despejados por falta de pagamento do aluguel. Estamos
morando em um quarto na casa de um amigo do meu marido. Isso é
provisório porque o filho dele vai voltar da faculdade e vai
precisar do quarto, então a gente vai precisar achar um novo lugar
para morar" - explica ela que acrescentou:
“Eu não tenho nenhuma vergonha nenhuma de falar que estou
morando num quarto de favores” – disse Léa que revelou ter
vontade de voltar ao Brasil, mas os problemas financeiros e a saúde
debilitada deixam essa opção difícil.
"Enfrentaríamos os mesmos problemas que nos
Estados Unidos. Eu e o meio marido, que é colombo-americano.
Gostamos muito do Brasil, mas só podemos fazer o que dá para fazer".
Ela não põe a culpa em ninguém, mas revela a dor por
ter que revelar a situação difícil por que passa.
“Me dói muito ter que falar a situação estúpida
que a gente está passando aqui neste país. A culpa não é do governo,
a culpa não é de nada. A culpa é do vírus que tomou conta do mundo”
– encerrou a ex-árbitra que suplica por sua ajuda.
Léa Campos com o marido Luis Medina -
Crédito: Arquivo pessoal
Seja solidário e ajude a
ex-árbitra
Quem quiser pode ajudar Léa Campos para que possa
superar este momento difícil doando qualquer valor diretamente na
sua conta bancaria (abaixo).
Banco: Bradesco
Agencia: 0465
CC: 237239 - Dig. 8
Em nome de: Asalea de Campos F.
Medina
Saiba quem foi Léa Campos
Asaléa de Campos Fornero Medina, nasceu no dia 22 de outubro
de 1944, em Abaeté, Minas Gerais, mas foi criada em Belo Horizonte, capital mineira, para onde
se mudou quando tinha 3 anos de idade. É diplomada em educação
física, jornalismo e lutou Boxe.
É mais conhecida como Léa Campos, “a primeira mulher
árbitra de futebol profissional do mundo”, fato ocorrido no final
dos anos 60.
Na época, o esporte era considerado proibido para
mulher e ela chegou a ser proibida de apitar em alguns Estados.
Durante o período da ditadura foi presa diversas vezes por ser pega
treinando jogadoras mulheres, mas não desistia.
Para realizar o sonho de trabalhar com futebol, Léa
teve que enfrentar muitas leis e regras. A primeira era do então
Presidente da CBD, e futuro Presidente da FIFA, João Havelange, que
havia declarado que nenhuma mulher nunca se tornaria árbitra de
futebol.
Mesmo com imposição do mandatário máximo do futebol
nacional na época, Léa tornou-se árbitra de futebol em 1967, após
oito meses de curso na Escola de Árbitros do Departamento de Futebol
Amador da Federação Mineira de Futebol.
Léa Campos encontrou muitas dificuldades para apitar
no Brasil, sendo proibida de atuar em alguns estados, como São Paulo
e Rio de Janeiro, mas, encontrou apoio em outros lugares, como Rio
Grande do Sul, além de seu próprio estado de origem, Minas Gerais.
Mas, a redenção veio em 1971, quando foi convidada
pela FIFA para apitar um torneio mundial de futebol feminino
amistoso, realizado pela entidade no México. Daí em diante não
pararam de surgir jogos e oportunidades, e Léa ganhou muito destaque
nos continentes americano e europeu.
Ela
encerrou a carreira em 1974, depois de sofrer um acidente de ônibus,
que a obrigou a colocar uma prótese no joelho. O acidente a deixou
numa cadeiras de rodas por dois anos a a obrigou a abandonar o
futebol.
Depois, continuou o tratamento e exames nos Estados
Unidos e entre idas e vindas, conheceu seu atual marido, o
jornalista colombiano Luis Eduardo Medina, com quem se casou e mora
no país norte-americano.