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 14/05/2019    05:54hs

Profissão: mãe de árbitro

"Ser mãe de árbitro não é nada fácil. Minha mãe, Vera Lucia, que o diga" - diz a ex-assistente Fernanda Colombo

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A mãe mais maltratada de todas, com certeza, é a mãe do árbitro. A torcida não perdoa. Na hora de xingar o filho dela, acaba sobrando também para a pobre coitada. E é covardia, pois ela não pode nem se defender. Ouve em silêncio e torce sozinha para aquela pessoa que está com o apito na boca ou com a bandeira na mão.

Ser mãe de árbitro não é nada fácil. Minha mãe, Vera Lucia, que o diga.

Ela é apaixonada por futebol. Assiste aos jogos pela TV e vai ao estádio até para acompanhar jogo sub-15. Quando decidi virar árbitra, ela superapoiou. Mal sabia o que vinha pela frente.

Eu morava em outra cidade e só poderia visitá-la nos finais de semana, justamente quando os jogos acontecem. Ou seja, eu quase nunca ia para casa. Datas comemorativas, como o Dia das Mães? Nem pensar. Tinha de trabalhar. Deixava de ver minha minha mãe para ouvir a torcida xingando ela. Triste realidade.

No começo da arbitragem, os jogos são amadores. Mal tem torcida. Transmissão de TV, então, nem pensar. Ela era xingada, mas nem precisava saber. Quando comecei a trabalhar em partidas maiores, televisionadas, aí sim deu para ouvir a voz do torcedor. E mais do que isso, ver o trabalho da filha exposto para o país inteiro. Quando as coisas vão bem, ótimo. Mas, quando acontece um erro, é o inferno para uma mãe. Ela sofreu junto, ficou com raiva junto e, como toda boa mãe, me deu colo.

Fernanda ao lado da mãe Vera Lúcia e com o cachorrinho Bonner - Credito: Lucas Colombo

O engraçado é que, por ela acompanhar futebol, passou a torcer também pela arbitragem. E fica solidária com os outros profissionais e as mães deles. Afinal, ela sabe bem o que é passar por isso.

Uma vez, ela se sentou em meio aos torcedores para ver um jogo meu. Claro, a torcida não se conteve. Assim que começaram a me xingar, ela chamava torcedor por torcedor e falava: “Sabia que ela é minha filha? Não fala assim com ela!”. Eles ficavam envergonhados e paravam com as ofensas. Imagina, arrumar briga com centenas de torcedores? Só sendo mãe mesmo, uma leoa.

Quando decidi parar com a arbitragem, minha mãe ficou preocupada se era mesmo essa decisão que eu queria tomar. Ao mesmo tempo, senti que ela ficou aliviada. Tirou todo aquele peso das costas. Agora é mãe de uma ex-árbitra, com ex-xingamentos. Só tenho de agradecer a essa mãezona que eu tenho e amo tanto.

Por Fernanda Colombo - Metropoles.com

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