Quinze anos depois, ex-árbitro fala sobre lendária ‘Batalha
dos Aflitos’
Djalma Beltrami diz ter tido grande desempenho na
partida, se dá nota 9, revela que quase expulsou 5°
gremista e lembra gol de Anderson: “Salvou vidas”
Jogadores do Grêmio reclamando com
árbitro na Batalha dos Aflitos (Crédito: Grêmio)
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No dia 26 de novembro de 2005, o Grêmio venceu o Náutico por 1 a 0 e
não só garantiu o time na primeira divisão do ano seguinte como
ajudou a superar uma série de dificuldades que o time viveu naquela
tarde – e que terá detalhes revelados com riqueza de detalhes na
matéria abaixo pela pessoa mais polêmica da partida, o ex-árbitro
carioca Djalma Beltrami.
A Batalha dos Aflitos, exatos 15 anos depois do seu
acontecimento, torna ainda mais inacreditável o feito do Grêmio na
abafada tarde de sol em Recife. Em um cenário hostil, com pênalti
contra e quatro expulsos, o tricolor deu a volta por cima, fez um
gol com Anderson e garantiu a volta da equipe à Série A do
Campeonato Brasileiro em 2006.
Escalona, Patrício, Nunes e Domingos foram os
jogadores gremistas expulsos por Beltrami. Em entrevista ao
jornalista Duda Garbi, do Grupo RBS, o árbitro da partida lendária,
admitiu que esteve próximo de expulsar outros jogadores do Grêmio em
meio à confusão do segundo pênalti. Se um 5° gremista levasse
vermelho, o tricolor perderia o jogo pelas regras de disciplina e se
manteria na Série B.
“Não era indiferente pra mim. Eu sabia bem da
confusão em si. A vitória do Grêmio amenizava as possíveis críticas.
O resultado fala muito pelo jogo e pelas críticas. Quando o Galatto
faz a defesa, eu sinto Deus colocar o dedo na minha cabeça. Fico
arrepiado mesmo depois de 15 anos. Quando o Anderson faz o gol, eu
sinto Deus colocar a mão na minha cabeça. Eu corro pro meio e até
brinco com amigos. Se o Anderson rola pra mim, eu mesmo ia fazer o
gol. Estava eu e ele no lance bem em cima. Desde a confusão eu
estava sempre em cima” - disse, antes de concluir:
“No lance, acontece algo que eu gostaria de ter
mudado. Porque o zagueiro do Náutico que vai com o Anderson dentro
da área tira o corpo e não toca nele. Eu queria que tivesse tocado.
Eu daria o pênalti com mais convicção de toda a minha carreira. Mas
quando sai o gol o sentimento é…. porque, com vitória do Grêmio,
ficaria tudo mais fácil. Não que eu tivesse a sensação de ter feito
alguma coisa errada, mas nunca imaginei que teríamos uma história
pra 15 anos depois estarmos conversando. Até hoje eu falo daquele
jogo. Nunca acabou pra mim”.
Veja abaixo a entrevista.
Nota 9
Beltrami garante ter tido muito pulso firme para
conseguir concluir a partida dentro de campo e que, por isso, merece
ser lembrado com uma nota alta pela atuação.
“Se eu tivesse que dar nota, eu tenho a garantia
que fiz uma arbitragem de qualidade, boa. Pela dificuldade que foi,
com todos os problemas, da maneira que foi, eu diria que menos de 9
seria injusto. Sem tranqüilidade, oração, meditação, eu não
terminaria o jogo. Precisamos de muita paciência para que o jogo
terminasse” - contou.
Gol de Anderson salvou vidas
Pelo clima que se criou no estádio, com interesses
enormes de ambos os lados, o ex-árbitro entende que o gol de
Anderson serviu como uma “anestesia geral” em toda a arquibancada. E
ele é grato pelo gol feito pelo Grêmio naquele momento:
“Aquele gol do Anderson salvou vidas. Porque havia
um clima muito tenso no estádio. O gol foi uma maneira de anestesiar
os torcedores. Não tinha mais briga, mais cântico, mais confusão,
mais nada depois do gol” - concluiu Beltrami.
Veja abaixo os melhores e piores momentos da partida.