A nova formação do Pleno do
Superior Tribunal de Justiça Desportiva, a instância máxima do
futebol brasileiro, está quase completa. Mas não sem que tivesse uma
junção de movimentos de xadrez e algumas quedas de braço nos
bastidores. Desde a última semana, as entidades representativas
então respondendo ao ofício do tribunal com as indicações para os
mandatos de quatro anos que começam a partir de 15 de julho. Os
cargos não são remunerados.
Três membros atuais precisarão
sair porque o limite de dois mandatos expirou: Paulo César Salomão,
atual presidente do STJD, indicado pela CBF, Décio Neuhaus, indicado
pela Fenapaf (atletas), e Ronaldo Piacente, via Associação Nacional
dos Árbitros de Futebol (ANAF).
Da parte dos clubes, José Perdiz e
Luiz Felipe Bulus são os indicados. O primeiro já faz parte do
Pleno, enquanto o segundo é presidente da 4ª Comissão Disciplinar do
STJD. Com isso, João Bosco Luz, ex-presidente do Goiás, deixa de ser
auditor da corte.
Perdiz foi indicado com folga
pelos clubes. Mas houve um acirramento na disputa entre Bosco e
Bulus. O segundo foi trazido como novidade, apesar do desejo da CBF
de recondução de Bosco à cadeira. Mas a soberania dos clubes
prevaleceu. O voto derradeiro foi do Bahia, que reforçou a maioria.
Como cada clube da Série A faz duas indicações, o placar ficou em 18
para Perdiz, 12 para Bulus e 10 para Bosco. O presidente Guilherme
Bellintani optou por valorizar a posição da maioria, até pela
condição de membro da Comissão Nacional de Clubes, cargo que
significa representatividade nas discussões. O recente contrato de
direitos internacionais é exemplo.
Por parte dos atletas, a Fenapaf
indicou Ivo Amaral e Paulo Sérgio Feuz. Isso significa que a
auditora Arlete Mesquita perde assento no STJD. Ela era a única
mulher na instância máxima da corte. Feuz tem auxiliado sindicatos
estaduais em algumas pautas.
Alguns filiados opositores à atual
gestão da Fenapaf torceram o nariz para a escolha por causa da
atuação recente de Feuz no Sindicato das Associações de Futebol do
Estado de São Paulo (Sindbol). A Fenapaf alega que a escolha é
técnica e considera o currículo do indicado, não importando se já
defendeu atletas ou clubes. Feuz é próximo de Marco Polo Del Nero,
ex-presidente da CBF, e já atuou no escritório do ex-dirigente.
Marco Polo disse ao Globo que o futuro membro do STJD não chegou a
ser seu sócio, mas durante a gestão Del Nero na Federação Paulista,
Feuz exerceu o cargo de diretor jurídico.
A CBF também tem direito a duas
indicações. A entidade reenviou o nome de Mauro Marcelo de Lima,
atual membro do Pleno, e acrescentou Maurício Neves Fonseca, atual
membro do Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP).
A indicação da Anaf vai ecoar na procuradoria-geral do STJD. É o que
atual procurador Felipe Bevilacqua foi indicado pelos árbitros,
deixando vaga outra cadeira de prestígio no tribunal. O substituto
será tirado de uma lista tríplice enviada pela CBF ao novo Pleno do
STJD. Ronaldo Piacente, um dos que deixam de ser auditor por causa
do estouro do tempo na função, é o favorito.
A OAB ainda não enviou seus
indicados ao STJD, mas renovação do mandato de Otávio Noronha é
certa. Há uma segunda vaga em aberto, hoje ocupada por Antonio
Vanderler.
Há um racha no Pleno atual
ampliado pela decisão tomada no ano passado de anular o jogo
Aparecidense x Ponte Preta, pela Copa do Brasil, sob alegação de
interferência externa na arbitragem. A decisão desagradou a CBF, que
não queria o surgimento de um precedente para ser usado em
julgamentos futuros.