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Anderson Daronco é o único árbitro
gaúcho que faz parte do quadro da Fifa - Crédito: Marco
Favero / Agência RBS |
A paralisação do futebol no Rio Grande do Sul e no
Mundo devido a pandemia de coronavírus não prejudica somente clubes,
jogadores e torcedores, mas também interfere diretamente na vida
daqueles que precisam do futebol para sobreviver. É o caso dos
árbitros. No Brasil, a profissionalização da arbitragem ainda não é
regulamentada. Portanto, a categoria não tem um salário fixo e
direitos trabalhistas garantidos. Todos recebem por partida apitada.
Ou seja, sem jogos, sem salário.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, três árbitros gaúchos
foram ouvidos para trazer a realidade do problema vivido pelos dos
dono apito. Entre eles, o santa-mariense Anderson Daronco — único
árbitro do Estado no quadro da FIFA, patamar mais elevado do apito.
Segundo ele, é complicado para um árbitro de alto
nível conciliar outro emprego, devido as viagens, jogos e
treinamentos. E fala sobre a difícil situação que a categoria vive
em meio à pandemia.
— Minha dedicação é exclusiva para o futebol e
esse é um assunto muito pertinente para o momento. Que não soe como
uma choradeira, mas que se faça uma reflexão sobre o assunto.
Primeiro, que é muito difícil de um árbitro de alto nível ter
qualquer outro tipo emprego, devido as demandas de viagens e
treinamentos. Então, ele vive exclusivamente do jogo. Sem jogo, não
tem de onde tirar renda. Por isso se luta tanto pela
profissionalização, para que o árbitro tenha segurança nessas
situações. Seja um árbitro do quadro da FIFA ou do quadro básico da
Federação — comentou.
Daronco é um caso à parte. Por ser árbitro FIFA tem
uma demanda de jogos mais elevada e um calendário cheio ao longo do
ano. O mesmo não ocorre com todos os juízes gaúchos. O natural de
Novo Hamburgo, Jonathan Pinheiro, por exemplo. Além de fazer parte
da CBF e da FGF, é personal trainer e se sente duplamente
prejudicado pela doença:
— Sou educador físico, tenho alguns alunos de
personal e estou sendo lesado por essa situação que o mundo está
passando. Além de não ter jogos, têm academias fechando.
Sobre sua renda durante a paralisação, Jonathan
ressalta que o trabalho autônomo torna o profissional mais cauteloso.
— Eu sempre falo que a gente nunca deve viver o
hoje como se não houvesse o amanhã. A gente se prepara durante um
tempo. Já são sete anos de formação, sabemos da dificuldade do
professor no Brasil e já trabalhamos pensando que temos que separar
um pouquinho para alguma emergência. A mesma coisa na arbitragem,
pelo fato de sermos autônomos a gente sempre tem que estar vivendo
com menos do que ganha para em uma situação como essa não passar
aperto — finalizou.
Daronco e Pinheiro afirmaram que estão treinando
durante a quarentena. O objetivo é estar prontos para quando o
futebol retornar.
— Não podemos ficar parados. Não sabemos quando
tudo vai normalizar, quando as partidas vão voltar. Quando isso
acontecer, não se admite que a gente esteja fora de forma. Devemos
estar prontos — declarou Daronco.