com a absolvição na justiça, mas sabe que carregará para o resto da
sua vida as marcas profunda que nem mesmo o tempo será capaz de
cicatrizar. A acusação veio de onde ele menos esperava, veio
praticamente de dentro de casa (segurança publica), casa que ele
sempre defendeu tendo colocado inclusive por diversas vezes sua vida
em risco. Mas sobre isso não reclama, pois pelas suas declarações é
um soldado sob as ordens do seu comando e a serviço da população.
Estamos falando do ex-árbitro FIFA e Tenente Coronel da Policia
Militar do Rio de Janeiro, Djalma José Beltrami Teixeira. Apesar de
ter feito carreira na arbitragem e na área militar carioca, Djalma
Beltrami como é conhecido, é paulistano da gema, pois nasceu em São Paulo no
dia 15/05/1966 (47 anos).
Se na área militar alcançou alta
graduação e posto de comando, no apito não foi diferente, foi árbitro FIFA de 2006 a
2008, fez bons jogos, protagonizou algumas arbitragens polêmicas
ao longo da carreira e esteve envolvido em um verdadeiro imbróglio
policial que se arrastava desde 2011.
Coronel
Beltrami foi detido por duas vezes há cerca de três anos
atrás, uma no final de 2011 e a outra no inicio de 2012
por policiais civis
(Leia).
A primeira prisão ocorreu no dia 19 de dezembro de 2011, quando
chegava ao batalhão que chefiava por suspeita de receber propina de
traficantes da cidade para não patrulhar em determinadas favelas na
Operação Dezembro Negro, que na ocasião cumpria 26 mandados de
prisão contra policiais acusados de receber propinas do tráfico de
drogas.
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Prisão ocorreu quando ele chegava ao batalhão que comandava |
A prisão dele juntamente com mais 12 PMS foi realizada por
policiais da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), tropa de
elite da Polícia Civil. Na epoca, o delegado Alan Luxardo, da
Delegacia de Homicídios de Niterói, apresentou publicamente, como
provas, apenas interceptações telefônicas em que é citado por um PM
e um traficante o “01” – na interpretação da Polícia Civil, o “01”
seria Beltrami, então comandante da unidade.
Escutas telefônicas
Ao longo da investigação, escutas telefônicas autorizadas pela
Justiça, captaram conversas entre policiais do 7º BPM e criminosos
do Morro da Coruja, no bairro Vila Lage. As escutas revelaram que os
PMs negociavam propinas com traficantes para não coibir o tráfico de
drogas. Para a acusação, diálogos faziam referência a Beltrami.
Sargentos, cabos e soldados, que integravam o Grupo de Ações Táticas
(GAT), combinavam com o denunciado Maico dos Santos "Gaguinho" o
pagamento de propina semanal no valor de R$ 20 mil, dos quais R$ 10
mil eram, de acordo com a denúncia, repassados ao então comandante
da unidade, Djalma Beltrami.
Solto na madrugada da quarta feira do dia 21 de dezembro de 2011
através de hábeas Corpus concedido pelo desembargador Paulo Rangel,
do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Beltrami voltou
a ser preso no dia 12 de janeiro de 2012, desta vez em casa e foi
levado para a 64ª DP (Vilar dos Teles) pela Corregedoria Geral
Unificada.
As investigações que levaram Beltrami de volta à prisão foram
conduzidas pela Delegacia de Homicídios de Niterói com o apoio do
Gaeco. Elas identificaram um esquema de distribuição de drogas na
Região dos Lagos do Rio que tem origem no Complexo da Maré, no Rio,
passando por entrepostos nos municípios de São Gonçalo e de Niterói.
De acordo com a denúncia, os homicídios relacionados ao tráfico em
São Pedro da Aldeia se intensificaram após a tomada do Complexo do
Alemão pelo Estado.
Coronel Beltrami voltou a ser solto na
madrugada do sábado, dia 14 de janeiro de 2012 por ordem do
desembargador Antonio Carlos dos Santos Bitencourt, que concedeu
hábeas corpus ao militar. Na decisão, Bitencourt afirmou que as
referências que comprometeriam Beltrami "continuavam no perigoso
terreno das suspeitas".
Absolvição
Após as prisões e os
hábeas corpus, o
Ministério Público ofereceu denúncia,
o processo seguiu seu tramites nas esferas da justiça
e Beltrami foi a julgamento
quase três anos após a primeira prisão. No julgamento ocorrido no
ultimo dia 11 de março, a Justiça do Rio de Janeiro absolveu
Beltrami da acusação de receber propina de bandidos do Morro da
Coruja, em São Gonçalo-RJ. Para o juiz do caso, não foram colhidas
provas suficientes para condenar o coronel.
Na decisão, o juiz Márcio da Costa Dantas, titular da 2ª Vara de São
Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, disse que o depoimento do
coronel Erir Ribeiro, ex-comandante geral da PM, sobre Beltrami foi
fundamental para a absolvição do oficial. Erir destacou que "os
órgãos de inteligência nunca captaram qualquer notícia de
envolvimento de Beltrami com a criminalidade".
“Até antes da prova de defesa e do interrogatório do coronel
Djalma Beltrami, estava este julgador convencido da existência de
fortes indícios acerca da culpabilidade do mesmo, no entanto, devo
admitir que agora, em muitos pontos da imputação, a dúvida me tomou
de assalto”, afirmou o magistrado em sua decisão.
Na mesma sentença, foram condenados outros quatro acusados - Fábio
Guilherme Macedo, Everton Barreto Guimarães, Leonardo da Costa e
Felipe dos Santos - por tráfico e associação para o tráfico. Em
junho do ano passado, o juiz Marcio da Costa Dantas já havia
condenado, no mesmo processo, 11 PMs e outras treze pessoas ligadas
ao tráfico. Beltrami foi o único absolvido na ação.
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Beltrami ficou muito abatido
após saber que seria preso |
Ainda de acordo com a sentença, testemunhas de defesa do
tenente-coronel, entre elas o ex-comandante geral da PM, Erir
Ribeiro, disseram, em depoimento, que o oficial sempre foi severo
com seus comandados, nunca tendo notícias sobre a desonestidade do
mesmo.
“Todas as testemunhas de defesa demonstraram um perfil pessoal do
acusado Djalma totalmente diferente daquele exteriorizado pela prova
dos autos, não sendo razoável que os órgãos de inteligência, o
Ministério Público e a Magistratura não tenham captado alguma menção
sobre o envolvimento de um coronel da PM com atividades ilícitas nos
anos anteriores a 2011”, afirmou o juiz.
“O ordenamento jurídico positivo e minha consciência me levam a
reconhecer a incidência do primado ‘in dubio pro reo’ (que, em
latim, significa ‘na dúvida a favor do réu), para absolver o acusado
Djalma José Beltrami de todas as imputações que lhe foram
formuladas”, acrescentou o juiz Márcio da Costa.
Ainda de acordo com a sentença, não há proporcionalidade nos valores
dos depósitos em dinheiro feito nas contas de Beltrami em 2011 com a
acusação de que ele recebia 30 ou 40 mil reais de propina por mês
quando estava no comando do batalhão.
O Ministério Público informou que ainda não recebeu os autos do
processo para analisar se recorre ou não da sentença. Já o delegado
Alan Luxardo, responsável pelas investigações que levaram Beltrami à
cadeia, não comentou a decisão da Justiça.
O golpe
O coronel ainda não conseguiu se esquecer do tempo que passou na
cadeia junto com outros 12 PMs. Em entrevista à Rede Globo, Beltrami
afirmou que, três anos após ser acusado do crime, ainda não
conseguiu esquecer aquele momento:
“Sempre tive a missão de ajudar as pessoas. Só que naquele
momento eu não conseguia sequer me ajudar”, frisou o ex-árbitro.
No comando
Coronel Djalma Beltrami assumiu o comando do 7º BPM (São Gonçalo)
após a saída do tenente-coronel Cláudio Oliveira, acusado de ser o
mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta com 21 tiros
quando chegava em casa no dia 11 de agosto daquele ano. O oficial
estava no cargo há 4 meses e, anteriormente, estava no batalhão de
Bangu (14°BPM) - época em que se destacou no comando da unidade
quando o atirador Wellington Menezes de Oliveira matou a tiros 12
crianças da escola Municipal Tasso da Silveira. Beltrami também
comandou o 18º BPM (Jacarepaguá) e o 14º BPM (Bangu).
Apito
Djalma Beltrami teve uma carreira de mais de duas décadas na
arbitragem, ele estreou no apito pela Federação de futebol do Rio de
Janeiro em 1989. Fez parte do quadro de árbitros da Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) de 1995 a 2011 e esteve no quadro da
FIFA entre os anos de 2006 e 2008. Apitou a primeira partida da
final do Carioca de 2005, entre Fluminense e Madureira, e foi
eleito árbitro revelação do Brasileiro em 2005 e melhor árbitro do
Campeonato Carioca em 2005 e 2006, em pesquisa feita pelo Jornal dos
Sports.
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Por dois anos ostentou o escudo
da FIFA |
Apitou mais de 600 jogos na carreira nas diversas divisões do
futebol carioca e brasileiro e alguns deles com muita, mas muita
polêmica!
Relembre as polêmicas:
Batalha dos Aflitos
Em 2005, Djalma Beltrami foi, por assim dizer, o mentor da "Batalha
dos Aflitos". É dessa maneira que a torcida do Grêmio se refere ao
jogo contra o Náutico, no estádio dos Aflitos, pela última rodada da
Série B do Brasileirão daquele ano.
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Cercado pelos jogadores do
Grêmio durante a "Batalha dos Aflitos" |
O Grêmio precisava da vitória para confirmar o título da competição.
Mas não podia mesmo era perder, sob risco de não conseguir subir
para a Série A. Beltrami marcou dois pênaltis para o Náutico, fato
que tirou os gremistas do sério. Quatro jogadores do time gaúcho
foram expulsos, mas o Náutico perdeu as duas penalidades e ainda viu
o garoto Anderson (depois vendido ao Manchester United) fazer o gol
da vitória e confirmar o título e a volta dos gaúchos para a
Primeira divisão do futebol brasileiro.
Expulsão de Dodô
Na final do Campeonato Carioca de 2007, entre Botafogo e Flamengo,
foi acusado de prejudicar o time alvinegro ao anular, por
impedimento, gol legítimo do atacante Dodô, que ainda foi expulso de
campo por ter ignorado o apito e concluído o lance. A decisão foi
para os pênaltis, e o Flamengo ficou com a taça.
Corinthians rebaixado
Também em 2007, mas agora na última rodada do Brasileirão, Djalma
Beltrami voltou a entrar no olho do furacão. Com a corda no pescoço,
o Corinthians jogava contra o Grêmio, no Sul, e também torcia para o
Goiás não vencer o Internacional, em Goiânia.
Durante o jogo no Serra Dourada, Beltrami marcou pênalti para o
Goiás. O meia Paulo Baier perdeu duas vezes, mas o juiz mandou
voltar ambas, apontando que o goleiro Clemer se adiantara nos
lances. Na terceira cobrança, agora sob os cuidados de Elson, o
Goiás converteu e comemorou vitória por 2 a 1. Com um empate por 1 a
1 com o Grêmio, o Corinthians foi rebaixado.
Jogo com dois finais
Pela sexta rodada do Brasileirão de 2009, Djalma Beltrami conduzia o
jogo entre Santos e Atlético-MG, na Vila Belmiro. Na reta final do
jogo, sinalizou que daria quatro minutos de acréscimo, mas encerrou
o jogo aos 48. Os jogadores do Santos reclamaram bastante, já que o
time perdia por 3 a 2 para os mineiros. Beltrami então deu novo
início à partida, e se complicou. Os santistas marcaram o gol de
empate, aparentemente legal, aos 50 minutos, mas o árbitro anulou.
Grave acusação
Desligado dos quadros da Fifa no final de 2008, Djalma Beltrami se
revoltou contra seu superior, Sérgio Corrêa da Silva, presidente da
Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem). Em janeiro de 2009, foram
divulgadas denúncias do árbitro contra Corrêa.
De acordo com Beltrami, o presidente da Conaf chegou a lhe oferecer
vantagens financeiras e arbitragens em bons jogos do Brasileirão em
troca de ceder lugar no quadro da Fifa. À época, Corrêa afirmou que
ofereceu a Djalma Beltrami e outros árbitros que perderiam o escudo
da Fifa a mesma remuneração de árbitros internacionais, superior à
de árbitros que apitam apenas jogos da CBF.
Pendurou o apito
O apito final da partida que deu ao Madureira o título do Troféu
Carlos Alberto Torres de 2011 foi o último da carreira do árbitro
Djalma Beltrami. A partida que foi preliminar da decisão da Taça
Rio, foi disputada no
Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão)
no dia 01/05/2011.
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Recebendo homenagens da FERJ
após encerrar a carreira |
Após o jogo, a Federação de Futebol do Estado do
Rio de Janeiro lhe entregou uma placa em homenagem pelos 22 anos
como árbitro da instituição.
A partida
Boavista 1 x 3 Madureira – Taça Carlos Alberto Torres, final
– 01/05/2011
Estádio Olímpico João Havelange (Rio de Janeiro-RJ)
Árbitro: Djalma José Beltrami
Assistentes: Silbert Faria Sisquim e Francisco Pereira de
Souza
Boavista: Thiago, Everton Silva, Santiago, Bruno Costa e
Paulo Rodrigues; Julio César, Tony, Erick Flores e Edu Pina
(Douglas); Frontini e Max (Leandrinho). Técnico: Alfredo Sampaio
Madureira: Cléber; Valdir, Luiz Otávio, Douglas Assis e Nill;
Vinícius, Abedi (Caio César), Rodrigo e Michel; Baiano e Maciel.
Técnico: Roy
Cartões amarelos: Thiago (Boavista); Nill (Madureira)
Gols:
Rodrigo 8’/1º T (1-0); Rodrigo 39’/1º T (2-0); Frontini 8’/2º T
(2-1); Adriano Magrão 11’/2º T (3-1)