da FPF e de presidente do sindicato dos árbitros -
não são as únicas, pois ele também é tesoureiro da Cooperativa dos
árbitros de São Paulo e secretário geral da ANAF -, nos bastidores e
em off, os árbitros paulistas relatam uma possível pressão
silenciosa em cima deles para que trabalhem nos campeonatos amadores
do Sindicato, principal fonte de recursos da entidade dos
apitadores.
Reza uma lenda no meio da arbitragem paulista que
para o árbitro assistente ter êxito na função, ele tem que ser da
“FIFA” que traduzido significa: “Federação Internacional dos Filhos
do Arthur”.
Outras acusações
Esta não é a primeira vez que há uma
insinuação que Arthur Alves estaria usando de sua influencia
como dirigente da CEAF Paulista para pressionar os árbitros
para que estes trabalhem nas partidas amadoras pelo
sindicato. No dia 12 de janeiro deste ano, o Jornal "Marca
Brasil" publicou matéria onde
os ex-árbitros Davi Balsas e Jeimes Willie
Catini, denunciaram que foram desligados do quadro de
árbitros da FPF justamente por esse motivo. Clique no ícone
PDF ao lado e leia a matéria - "Silencio
em troca da ascensão na arbitragem"
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“Os responsáveis pela arbitragem ganham as licitações
de campeonatos amadores e a gente tem que se virar para trabalhar.
Mas aí você nega e eles te desligam do sistema. Te colocam na parede
para servir de exemplo aos colegas. É assim que funciona”, disse
Davi Balsas na reportagem.
“Os
responsáveis pela arbitragem ganham as licitações de
campeonatos amadores e a gente tem que se virar para
trabalhar. Mas aí você nega e eles te desligam do sistema.
Te colocam na parede para servir de exemplo aos colegas. É
assim que funciona”.
Davi Balsas |
Em posse do e-mail, o Apitonacional entrou em contato
com o ex-assistente que confirmou tudo e afirmou que seria
facilmente comprovado pelo vasto material e documentos em seu poder.
Esses material foi enviado posteriormente para o site e estaremos
publicando ao longo desta matéria os vários documentos recebidos.
Vale frisar que mesmo com a pouca idade, o ex-assistente é advogado
Sênior e tem grande facilidade em trabalhar com documentos.
Também entramos em contato com o Presidente do
Sindicato dos Árbitros de São Paulo, Arthur Alves Junior que disse
que as declarações do ex-árbitro assistente não procedem:
“As
declarações do ex-árbitro assistente não procedem. Desde abril de
2011 estou Presidente do SAFESP, e parece que o ano anterior estava
tudo bem para o referido, que também naquele ano não trabalhou no
Sindicato.
Devemos sim antes de transferir a outras pessoas e/ou entidades
nossas deficiências, (que na maioria das vezes são momentâneas na
arbitragem, claro sempre analisando a capacidade técnica de cada
um), fazermos uma analise do nosso trabalho, procurando sempre
reverter o quadro.
Trabalhar nos campeonatos amadores do nosso Estado é um privilégio
de poucos que possuem o dom de ARBITRAR UMA PARTIDA, disse o
dirigente.
Baseado nas informações e nos documentos enviados pelo
ex-assistente, relataremos abaixo e em tópicos, as acusações e as
explicações por ele ter encerrado a sua carreira.
Relação com Arthur Alves
Segundo Rafael, ele teve um bom relacionamento com o Arthur desde
que o conheceu no final de 2004, quando trabalharam juntos em uma
partida da série C do Campeonato Brasileiro. O ex-assistente também
disse que trabalhou com Arthur na partida Ituano 1x1 Santos no dia
13/11/2004, a última partida do agora dirigente como árbitro
Federado. Ele lembra que nesse dia, enquanto viajavam para Itu,
Arthur recebeu pelo telefone a notícia de sua esposa que estava
grávida.
Tratamento mudou
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Embora Rafael nunca tenha se colocado à
disposição para trabalhar para o SAFESP em partidas
amadoras, recebeu uma mensagem da Srta. Viviane
(secretaria), comunicando que ele estava escalado na Copa
Kaiser no dia 29/05/2011 - Clique no ícone PDF ao lado e
veja documento com a designação da escala. |
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Detalhe: Apesar de estar escalado um dia antes (sábado) pela
FPF, Rafael cumpriu a escala no domingo para não deixar o Arthur e
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o Campeonato do Safesp na mão. Porém, segundo
o ex-assistente, na semana seguinte ele voltou a ser
escalado, o que o levou a ter uma conversa pessoal com
Arthur para ratificar as razões enviadas anteriormente via
mensagem eletrônica (leia documento ao lado em arquivo em
PDF). Para o ex-assistente, por ter sido “leal” em 2011,
nada mudou na sua carreira na temporada de 2012.
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Porém,
coincidentemente após a conversa, Arthur passou a tratar o
assistente com frieza e distância, a ponto de na prova teórica
realizada em meados de 2012, um assistente que estava ao seu lado,
percebeu a diferença de como o dirigente o cumprimentou em relação
como era cumprimentado no passado.
Incentivo ou pressão?
Segundo o relato do ex-assistente, a partir da eleição de Arthur
Alves Júnior, o SAFESP teria passado a pressionar seus associados
Federados para trabalharem nas competições amadoras de clubes e
associações para as quais a entidade oferece serviços de arbitragem.
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Segundo a visão defendida pelo SAFESP (clique
ícone PDF ao lado e veja matéria), a várzea oferece uma
oportunidade de treinamento para os árbitros Federados para
que os mesmos cheguem nas competições da FPF e CBF “nas
pontas dos cascos”, tanto que o próprio Arthur Alves
Júnior fez questão de usar sua imagem nesse sentido
(Leia). |
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Porém,
ao que parece, a real motivação do SAFESP para que os árbitros
Federados atuem em jogos do futebol amador decorre do aumento da
demanda no número de competições que a entidade passou a prestar
serviços de arbitragem, o que, conseqüentemente, implica no
crescimento da necessidade de mão de obra (Leia),
e diferencial na competitividade com seus concorrentes (Leia).
A grande maioria dos clubes dão preferência para o sindicato por
este contar com os serviços de vários árbitros Federados com renome
na arbitragem nacional e até mesmo na internacional.
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A Comissão de Arbitragem da Federação
Paulista de Futebol, passou a promover os SAFESP confiando
escalas de competições organizadas pela FPF (documento a
esquerda) e por meio de espaço aberto nas reuniões ocorridas
dentro da entidade ou entrevistas como a proferida pelo
Coronel Marinho divulgada no site do SAFESP. (documento
direita). |
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Com o apoio aberto da Comissão de Arbitragem
ao SAFESP ficou claro para a maioria dos árbitros que o
crescimento da carreira dependia do atendimento de escalas
no futebol amador, em que pese as disposições do regulamento
de arbitragem, razão pela qual o número de
árbitros/assistentes Federados e bem graduados trabalhando
para o SAFESP cresceu significativamente.
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A confusão entre os interesses da Comissão de
Arbitragem e o SAFESP ficou nítida com a publicação da
relação dos árbitros assistentes pré-selecionados no site do
SAFESP (clique no icone ao lado e veja a lista dos
assistentes), sendo que essa informação até momento não foi
mencionada no site da FPF. |
Selecionados para a pré-temporada 2013
Dos
assistentes selecionados para a pré-temporada do Campeonato Paulista
de 2013 e os que trabalharam em 2012 e foram preteridos, após um
estudo da lista, dos 48 nomes, observa-se que:
1-
Oito assistentes não trabalharam no Campeonato da Série A1 de
2012, e somente um deles não prestou serviços pelo menos uma vez
para o SAFESP em 2012. Para comprovar, basta acessar o site do
SAFESP na opção Campeonato - Tabela e Clicar na bandeirinha.
2 -
Desses, apenas dois têm menos de 33 anos e terão alguma chance
de futuramente serem indicados ao quadro de árbitros da CBF, não
representando um processo de renovação;
Tabela relação 2013
Clique
aqui e veja tabela completa
Os
números indicam um manifesto favorecimento aos árbitros assistentes
que trabalharam para o Sindicato.
A propósito, ao obter informações sobre o número de escalas no site
da FPF, constata-se que os assistentes que trabalham para o SAFESP
tiveram uma média de escalas durante a temporada de quase 40 jogos,
enquanto os que não trabalham, tiveram uma média de escalas de 31
jogos.
Outra curiosidade pode ser observada quando se verifica que o
assistente Alberto Polleto Masseira, sabidamente conhecido por
trabalhar para o SAFESP, foi escalado em três finais de competições
da FPF (Copa São Paulo, Segunda Divisão e Copa Paulista). Seria
muita competência ou apenas mera coincidência?
Fosse o processo de classificação dos árbitros assistentes
transparentes e na prática fundado em critérios objetivos, não
haveria questionamento quanto ao critério de seleção. Afinal, a
princípio, os melhores devem ser premiados pelo seu bom desempenho.
Os torcedores, a imprensa, os dirigentes e todos os demais
envolvidos no futebol querem que os principais jogos de uma
competição sejam arbitrados por pessoas que provaram serem os mais
capacitados.
Qualidade questionada
Quando
tomou conhecimento do que disse Arthur sobre sua aposentadoria
(acima), Rafael Ferreira ficou chateado e mostrou números para
provar que o dirigente estava equivocado. O ex-assistente disse que
durante toda sua carreira, jamais tirou menos do que nota 8,0 em uma
prova teórica sendo que no ano de 2012 tirou 9,5 na CBF e 9,0 na
FPF. Disse que foi aprovado em todos os testes, que seu
condicionamento físico e o seu biótipo sempre estiveram dentro do
padrão exigido e que sempre teve boas avaliações do seu desempenho
técnico.
Segundo Rafael Ferreira da Silva, ao contrário do que afirmou Arthur
Alves, não transferiu para outras pessoas e/ou entidades as suas
deficiências. Pelo contrário, fez antes uma análise do seu trabalho,
comparando com a dos outros assistentes. Mesmo assim, não conseguiu
entender as razões de ter sido preterido para 2013, exceto pelo fato
de não ter trabalhado em partidas amadoras do Sindicato (Safesp).
Rafael disse ainda que entrou em contato com
a CEAF/SP após tomar conhecimento que não faria parte da
primeira divisão em 2013, tendo esperado em vão por uma
explicação da Comissão de Arbitragem que jamais veio (veja
e-mail no documento PDF ao lado). |
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Outros interesses
Na sua resposta enviada sobre o assunto, Arthur Alves Junior
argumentou que depois da análise do trabalho todos devem procurar
reverter o quadro. Segundo Rafael, ele já passou por isso, mas a sua
experiência no universo da arbitragem já provou que quando não há
apoio político de quem está no comando, por maior que seja sua
competência, o alcance dos objetivos fica praticamente inviável. Ele
cita como exemplo o ano de 2008, que foi segundo ele, o melhor ano
da sua carreira e que a tendência era que em 2009 seria um ano de
consolidação do seu nome no cenário nacional. Entretanto, sua
classificação no ranking da FPF caiu inexplicavelmente para a 29ª
posição e que até hoje não sabe a razão.
Pela
posição no ranking, foi obrigado a fazer o teste físico da CBF na
condição de primeiro suplente. Como três assistentes infelizmente
não foram aprovados, sua vaga estava praticamente assegurada.
Contudo, no ranking da FPF o árbitro Guilherme Ceretta de Lima, que
apontava como aposta da CBF na ocasião, foi classificado na 21ª
posição ficando como 3º suplente. Como não houve reprovação de
árbitros no teste físico, Ceretta ficaria fora do quadro da CBF
naquele ano. Porém, no apagar das luzes da definição da RENAF
daquele ano, foram cortadas 3 vagas para os assistentes e aumentaram
no mesmo numero as vagas dos árbitros. Conseqüentemente, Guilherme
Ceretta entrou e Rafael ficou de fora só retornando em 2011, mas
não teve mais oportunidades significativas na CBF.
Conheça
o ex-assistente
Rafael
Ferreira da Silva
nasceu em São Paulo no dia 22 de dezembro 1976, cresceu no bairro de
Pinheiros e é Filho de Lendinaldo Ferreira da Silva e Alice Amélia
da Silva. É casado com Jaqueline Lima de Queiroz e tem uma filha,
Isabela de Oliveira Ferreira.
Em
1992 passou a trabalhar em um grande escritório de advocacia (Loeser
e Portela Advogados). Apaixonado por esporte, principalmente
futebol, seu sonho era fazer o curso de Esporte da USP, na época com
50 vagas preenchidas após o vestibular da FUVEST, mas nunca foi
aprovado.
Em 1995, o escritório em que trabalhava, reconhecendo seu esforço e
dedicação no trabalho e nos estudos, ofereceu pagar sua faculdade,
desde que cursasse Direito. Diante de tamanha oportunidade, aceitou
a oferta e ingressou na UNIP – Vergueiro - em agosto de 1995.
Estudar Direito abriu muitas portas, tanto que hoje continua
trabalhando no mesmo escritório, como advogado sênior. Contudo,
aquela vontade de trabalhar com esporte não passou e por sugestão de
um colega do escritório ingressou na Escola de Árbitros Flávio
Iazetti.
Seus professores foram Gustavo Caetano Rogério e Antonio Cláudio
Ventura e entre seus colegas de turma, alguns obtiveram destaque no
cenário nacional, entre eles Emerson Augusto de Carvalho, Rodrigo
Martins Cintra, Luiz Flávio de Oliveira e Flávio Rodrigues Guerra
(de quem é padrinho de casamento).
Atuou em 392 partidas sendo 56 de série A1 do Paulista, a primeira
final como árbitro federado ocorreu em 24/11/2002, em jogo partida
válida pelo Campeonato Paulista da Série B2 (Ecus 3 x 0
Capivariano), tendo trabalhado com Antonio Rogério Batista do Prado
e Maurício Machado Ferronato.
Estreou no Campeonato Paulista da Série A1 em um sábado de carnaval,
no dia 05/02/2005 (Rio Branco 3 x 2 São Caetano), com Paulo César de
Oliveira e Luis Quirino da Costa.
Considerações finais
Para terminar e assim tentar encerrar de vez essa bonita historia na
arbitragem, Rafael fez um breve relato resumindo tudo sobre a
carreira e os motivos pelos quais encerrou a carreira.
“Tudo o que expus para você não esgota os motivos que
me levaram a encerrar a carreira que tanto amava. Não fui o primeiro
e nem serei o último prejudicado no meio da arbitragem que, em
vários sentidos, reflete a cultura de administração de pessoas do
nosso país. A mensagem que originou tudo isso foi destinada a amigos
e também para a comissão de arbitragem e ao próprio Arthur. No
exercício do meu direito constitucional de livre expressão do
pensamento, assinando embaixo, manifestei que sou contra e expus a
minha indignação quanto ao fato dos árbitros serem "pressionados" a
trabalhar para o Sindicato como requisito implícito de sucesso na
carreira. Disse o que muitos gostariam de falar, mas porque a pessoa
do presidente do Sindicato se confunde com a do membro de comissão,
a maioria se cala com medo de retaliação.
Não
sou contra meus colegas trabalharem no futebol amador, embora
entenda que depois que se atinge um determinado nível, se tem mais a
perder do que ganhar. Pela responsabilidade que carrega e pelo tanto
que é cobrado, a função de árbitro de futebol deveria ser
profissionalizada, de modo que haja dedicação exclusiva, com
equilíbrio de outras necessidade de um ser humano, principalmente
convívio com a família. Até que me provem o contrário, nada me
tirará da cabeça que minha experiência de 13 anos e bom conceito que
conquistei entre os colegas que me conheceram, foram desconsiderados
porque não fiz política com o Sindicato seja trabalhando nas
competições para as quais presta serviço ou participando dos eventos
por ele promovidos. Jamais torcerei contra a arbitragem. Todos os
colegas escolhidos entram em campo para fazer o melhor e espero que
o Campeonato Paulista de 2013 seja lembrado por elevado grau de
excelência dos árbitros/assistentes”. Disse o ex-assistente. |