Abaixo a entrevista de Tavares ao
Jornal Lancenet e no final, o
apitonacional ira abordar os assuntos da entrevista.
Vi uma entrevista sua criticando o sorteio de arbitragem. Por quê?
Quando você precisa se submeter a uma cirurgia, você aceitaria um
médico escolhido por sorteio? Não, escolheria o melhor para você.
Mas ao longo do tempo, os sorteios envolvem cada vez menos árbitros.
No seu primeiro sorteio, pôs 13 árbitros para dez partidas da Série A.
Ou seja, sete árbitros já estavam escalados porque apareciam nas duas
colunas. Como isso pode ser tão pior que a escala?
O sorteio não envolve só isso. Muitas vezes, os melhores árbitros não
podem atuar, porque estão apitando Libertadores, Eliminatórias, ou
estão machucados. No fim de semana deste feriado, a Conmebol
requisitou quatro árbitros FIFA e quatro assistentes. E o Evandro
Roman está afastado por cauda do teste físico. Assim, a metade dos
melhores está fora.
Como pretende administrar o quadro?
É preciso fazer uma renovação. Hoje temos árbitros experientes, com
dificuldade de manter a forma física. E árbitros com muito vigor e
pouca experiência. Vamos apostar em jovens árbitros promissores, para
que daqui a alguns anos já tenham experiência e ainda tenham bastante
vigor.
O quadro será remoçado?
Isso já está sendo feito. Em 2007, havia 18% de árbitros no quadro da
CBF com menos de 30 anos. Hoje já quase 50% abaixo desse limite.
Como isso será feito?
O quadro atual tem 415 árbitros e assistentes. Vou criar um subgrupo
de 45, que serão os que apitarão a Série A e alguns jogos da B. Mais
tarde farei mais dois subgrupos, um para a Série B e um pouco da C e o
último para a Séries C e D.
E as categorias atuais, FIFA, aspirante, especial, CBF1 e CBF2?
Elas são categorias formais. Os subgrupo os têm um caráter diferente,
mais flexível
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A comissão antiga já estava fazendo um
processo de renovação. O quanto desse trabalho será aproveitado?
Basicamente, nada. Vamos fazer de acordo com nossa observação. Você
deve se lembrar que toda a nova comissão é formada de instrutores.
(Nota da Redação: Neste ponto, Dionísio Roberto Domingos, membro da
comissão, que assistia à entrevista, disse: "Nós conhecemos um por de
todos os árbitros do Brasil em situação de treinamento")
Você pretende anunciar para o público quais árbitros estarão
em cada subgrupo?
Não vejo nenhuma necessidade de fazer isso.
Você pretende anunciar isso pelo menos aos árbitros?
Também não. Cada árbitro saberá em que subgrupo estará, receberá todo
o retorno sobre os pontos a se desenvolver e terá a certeza de que se
ele fizer por onde irá progredir na carreira.
Uma das questões mais polêmicas é a transparência para o
público. Pretende mostrar aos torcedores quais lances os árbitros
acertou e quais não?
O regulamento prevê que em casos excepcionais o chefe da
comissão |
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pode se manifestar publicamente. Fora
disso, dependo da autorização da área de comunicação da CBF. Eu não me
nego a falar, mas quero deixar claro que não procurarei a mídia para
dar a posição. |
Mas como se saberá posição da comissão?
Pela escala é possível ver quem ia sempre para sorteio e ficou duas,
três semanas fora do sorteio.
Mas, por causa das ausências por lesão e jogos internacionais, é
impossível saber olhando só as escalas, mesmo para os poucos com
paciência de tabular os dados.
Quem conhece arbitragem vai ser capaz de entender.
Qual é o nível da arbitragem brasileira para você?
Não só o Brasil, como toda a América do Sul, vive um período de
entressafra. Em poucos anos três grandes árbitros, Carlos Eugênio
Simon, Sálvio Spínola e Leonardo Gaciba, se aposentaram. Apesar disso,
acho que não estamos muito mal. Basta ver que num levantamento de 770
partidas, o número de reclamações enviadas à ouvidoria não chega nem a
5%.
É justa a crítica de que antigamente a arbitragem era melhor?
Não vejo assim. Agora há muito mais câmeras olhando os lances. Assim,
aparecem mais erros. E os lances são muito mais rápidos. Os árbitros
têm que estar mais bem preparados. E estão. O programa de instrutores,
do qual nós três fazemos parte, dá treinamento e capacitação em todo o
Brasil.
Entre a violência, a simulação e a indisciplina, qual ponto você
pretende priorizar na orientação aos árbitros?
Os três são prioridade. Não vejo um acima dos outros. Vamos fazer um
trabalho equilibrado.
Por que os árbitros brasileiros parecem
tão mais gordos do que os de fora do país?
(NR: Resposta dada por Dionísio Roberto Domingos, a pedido de Tavares)
Nos últimos anos, a FIFA passou a controlar o índice corporal dos
árbitros. Há três anos a taxa de gordura estava em 23% no quadro
nacional, um número muito alto. Os testes deste ano indicam que o
índice caiu para 16%. Estimamos que daqui a três anos, os valores
estejam dentro da expectativa da FIFA.
Árbitros com alta taxa de gordura podem
ser rebaixados dentro do quadro?
(NR: Domingos continua) O índice não reprova, o que reprova é o teste
físico e o teórica. Mas árbitros com índice corporal maior têm mais
dificuldade de fazer o teste. Além disso, o índice é um dos
componentes que levam ao ranking. |
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Foto: Tavares
orienta árbitros em pré-temporada com supervisão de Dionísio
Domingos |
Tavares foi coronel da PM e foi à Copa-2006
O coronel Aristeu Leonardo Tavares foi
um dos nomes mais respeitados da arbitragem brasileira enquanto atuou
como árbitro assistente. Chegou ao máximo da carreira, atuando na Copa
do Mundo de 2006.
Vários antigos colegas da Ferj o definem como uma pessoa correta e
discretamente desafeto do diretor de árbitros da entidade, Jorge
Rabello. Prevêem que a renovação do quadro carioca da CBF deve ser
maior que a média.
Na PM do Rio, foi tenente-coronel até julho, quando se aposentou e
virou coronel. Seu perfil era considerado como um misto de ação e
político – tendo muitas relações dentro e fora da corporação. Por
todos os motivos, ocupou cargos muito importantes, como
relações-públicas da corporação, um cargo que dá muita visibilidade e
muitas vezes é uma ponte para o posto de comandante-geral.
Segundo um alto oficial da PM, o coronel Leonardo, como era conhecido
lá, foi um dos líderes de um grupo de oficiais que é rival daquele que
ocupa o topo do comando atualmente. Por isso, ficou sem espaço para
crescer e esse teria sido um dos motivos de sua aposentadoria precoce.
Na CBF, o salário de Tavares é de pelo menos R$ 35 mil, mas pode ser
de o dobro disso, o que seria mais de o triplo do que recebia na PM,
incluindo gratificações.
Chefe da Conaf caiu por falta de apoio
Se a nomeação de Aristeu Tavares para presidir a comissão de
arbitragem não suscitou controvérsia entre os árbitros, o mesmo não se
pode dizer da saída do antecessor, Sérgio Corrêa.
Essa foi a primeira vez que um chefe da
arbitragem caiu por um erro técnico, nos últimos 20 anos.
Corrêa era chefe da arbitragem paulista quando em 2005 foi convidado
por Edson Resende a integrar a comissão nacional. Quando este pediu
para deixar o cargo - alegando nebulosas razões de saúde nunca
explicadas - Correa assumiu, mas em quatro anos jamais foi efetivado
no cargo. Por sua forte atuação sindical, Corrêa sempre foi visto com
alguma desconfiança pelos cartolas.
Sua cabeça foi oferecida pelo então vice-presidente da CBF José Maria
Marin para acalmar as federações rebeldes que o boicotavam alegando
que haveria uma "paulistização" da CBF.
Para pacificar a entidade, Marin prometeu pôr um diretor de árbitros
de outro estado quando surgisse uma chance. Os problemas de saúde de
Corrêa já eram uma boa razão, mas Marin precisava de um momento
político oportuno. E ele ocorreu com a polêmica do gol do Santos
contra o Corinthians.
Nota do apito:
Desde que Aristeu assumiu o cargo, o
apitonacional tem questionado a postura do novo chefe do apito
brasileiro a quem tínhamos até então como uma pessoa competente,
voltada para a transparência e o respeito as leis. Sobre a sua
competência poderemos falar e debater durante o tempo que permanecer
na chefia do apito brasileiro, mas o respeito as leis e a
transparência nos atos como presidente da Conaf, tem sido um ponto
fraco e altamente nocivo a arbitragem brasileira. Leis foram criadas e
regulamentos alterados na calada da noite sem respeitar o principio da
anualidade (alterações só valem para o próximo ano), com as alterações
passando a ter validade imediata e até mesmo de forma retroativa,
fazendo lembrar os tempos da ditadura de triste lembrança para todos
os brasileiros.
Sorteio dos árbitros
Na sua primeira fala, Aristeu atacou o
sorteio dizendo que não se sorteia médicos para cirurgias. Eu,
particularmente não vejo problemas algum em caso de necessidade,
passar por uma cirurgia com o medico saindo de um sorteio, pois
presumo que se é medico e esta capacitado, poderá tranquilamente fazer
a cirurgia, assim também é com o árbitro, se ele faz parte da elite
não ha problema algum em haver o sorteio. O sorteio não é motivo para
impedir que algum árbitro seja escalado como alguns tentam afirmar,
com a indicação do nome nas duas colunas, espertamente sorteia-se
apenas qual partida este árbitro apitará, Aristeu Tavares vem adotando
esse critério de forma mais escancarada do que o seu antecessor, pois
em todos sorteios até agora desde que assumiu, usou no máximo 14
árbitros para dez jogos. Isso significa que na maioria dos jogos, ele
escala o árbitro que ele quer e nos outros fica a possibilidade de
50%. Reclamar dos sorteios não vai tirar o peso da responsabilidade,
pois não houve assim uma mudança tão radical desde que o sorteio foi
implantado. Em São Paulo, este ano foram usados trinta árbitros por
sorteio, tendo sido um dos campeonatos com menos erros de arbitragem
dos últimos anos.
Obs. Nesta ultima rodada (24ª)
não foi disponibilizado no site da CBF, os termos e a relação dos
árbitros por coluna do sorteio, o que causou estranheza e a
especulação que houve apenas dez árbitros repetidos nas duas colunas,
o que seria uma forma de macular o sorteio, sorteando apenas os jogos
e não os árbitros das partidas como manda o estatuto do torcedor.
Quadro
será remoçado
A nova comissão vê como saída para a
crise, a diminuição da idade dos árbitros, tem que renovar, é preciso,
mas só isso não resolverá os problemas. Na Europa, os árbitros mais
experientes apitam os principais campeonatos, é comum, nos domingos,
ao zapear pela TV, vermos senhores carequinhas apitando os principais
jogos das principais ligas européias. O que precisa é exigir que um
critério seja seguido, de preferência, critérios da comissão e não de
árbitro A ou de arbitro B. É comum os comentaristas de arbitragens
informar que determinado árbitro é mais rigoroso e apita tudo enquanto
o outro árbitro não marca qualquer falta, isso tem que ser combatido e
exigir que todos adotem um critério único, ou pelo menos que seja
próximo do desejável.
Aproveitamento do trabalho da
comissão anterior
Absurda a resposta de Aristeu Tavares
sobre o assunto, só para lembrar, ele mais Dionísio Domingos fizeram
parte como instrutores e assessores de arbitragem da comissão anterior
por vários anos, inclusive foi através de seus relatórios que novos
árbitros foram usados para a renovação. Chegar agora e dizer que esse
trabalho não será usado, soa estranho e sinaliza que tem algo errado.
O que se espera no mínimo é que não seja picuinha ou ciúmes da
comissão anterior.
Transparência
A transparência foi um pilar elogiável
da comissão anterior capitaneada por Sérgio Corrêa, na sua
administração, tudo era as claras e publicado no site da CBF e até
mesmo informações pós teste físico eram repassados a imprensa com o
preparador físico Paulo Camello de forma elogiável dizendo que tudo
era as claras e que a comissão não tinha nada para esconder.
Pela jeito, essa palavra passará longe
da atual comissão, muitos questionamentos não estão sendo respondidos
ou dificultados ao máximo, nada se publicou sobre os trabalhos
realizados na Granja Comary e para completar, não foi publicado no
site da entidade, a ata do sorteio onde consta os árbitros com as
colunas em que cada um foi inserido e a informação que ninguém saberá
os subgrupos dos árbitros que serão criados. Prevejo tempos tenebrosos
e ditatoriais em relação as informações no presente-futuro da
arbitragem brasileira.
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